85 minutos. Foi o tempo que o FC Porto precisou para dar verdadeiramente início às comemorações do 125.º aniversário da sua história. Bem pode agradecer ao regressado Tiquinho Soares. O brasileiro desfez o nulo e acabou com uma cerimónia que se estava a tornar inconveniente por culpa do convidado, o Tondela.
 
Soares marcou, deu início à festa. Enfim, abriu a champagne. E como os dragões têm motivos para celebrar. A vitória permite-lhes subir, provisoriamente, à liderança da Liga e ultrapassar o Benfica antes da visita à Luz.

A espera foi longa, embora não tenham faltado oportunidades para antecipar os festejos. Entre os jogadores da formação beirã convidados para a noite que prometia ser de festa, destaque para Cláudio Ramos. Com uma mão cheia de defesas soberbas, o guarda-redes encarnou o papel de desmancha-prazeres.

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Os campeões nacionais realizaram uma bela primeira parte. Porventura, uma primeira parte como nunca se viu esta época. Criaram seis oportunidades flagrantes para marcar e evitar os primeiros quarenta e cinco minutos sem golos na Liga.

Contudo, esbarraram invariavelmente em Cláudio Ramos. Logo aos nove minutos, o guarda-redes tondelense mostrou ao que vinha com uma defesa sensacional a remate de Brahimi. Mais tarde, negou um golo cantado a Marega (17’) e fez o mesmo num pontapé de meia-distância de Herrera (25’).

Os portistas encontraram pela frente um Tondela bem organizado que nunca deixou de tentar sair em contra-ataque. Para contrariar a competência da estratégia montada por Pepa, recorreram a passes longos para quebrar as linhas adversárias. Ora exploravam a profundidade por Marega e Aboubakar, ora convidavam Maxi a subir na direita a passes de Sérgio Oliveira - novidade no lugar de Danilo - ou de Militão. Instalados no meio-campo contrário, os espaços surgiam.

Os beirões aproveitaram algumas vezes o espaço concedido pelo opositor para atacar, porém, nunca deram trabalho a Casillas. Para que o leitor entenda, o Tondela não fez qualquer remate enquadrado com a baliza durante todo o encontro.

A espaços, o FC Porto encontrou oportunidades para atacar com espaço, como tanto gosta. Na sequência de um lançamento junto à área, Otávio foi protagonista de uma arrancada impressionante até à área oposta, antes de servir Marega. O franco-maliano, na cara de Cláudio Ramos, picou para a entrada de Aboubakar que tropeçou e não fez o 1-0 (44’).

Em cima do apito para o intervalo, Sérgio Oliveira acertou no poste, após canto de Telles. Depois, foi o próprio lateral a assustar Cláudio Ramos com um livre direto.

A etapa complementar foi o oposto. O FC Porto apresentou um futebol menos fluído, com menor desenvoltura. Usou e abusou dos cruzamentos, quase todos facilmente resolvidos por Ícaro e Ricardo Costa (bom jogo, diga-se) e as oportunidades foram uma raridade. Quando a dupla de centrais beirã falhou, Aboubakar desperdiçou (61’).

A infelicidade do avançado camaronês – saiu do lance lesionado – deu lugar à entrada de Soares. Não havia como desejar melhor regresso. Sem grandes situações para desfazer o nulo, os portistas beneficiaram do primeiro e único erro de Cláudio Ramos em toda a partida. Brahimi rematou à entrada da área, o guarda-redes do Tondela não agarrou a bola e o brasileiro limitou-se a encostar (85’). 

O Dragão explodiu, a espera compensou e a festa finalmente começou.