Sufoco, palpitações, tremores, suores frios… O quadro clínico no fundo da tabela tem sintomas de nervosismo e angústia.

No entanto, a aflição não torna inviável a possibilidade de vermos diante dos olhos um excelente espetáculo de futebol.

Desde já, uma pergunta, com alguma dose de estranheza: como é possível que, jogando este futebol, Estoril e Aves estejam nos últimos lugares da classificação?

No fundo da tabela, também se joga bem e esta noite foi assim mesmo. O reencontro do técnico do Estoril Ivo Vieira com o Aves, que ajudou a subir na época passada, foi um duelo entre aflitos que teve emoção a rodos, oportunidades em catadupa e só não acabou com um placard mais robusto porque os guarda-redes das duas equipas (em particular Adriano Facchini, do Aves) brilharam a grande altura.

Quando não eram os guardiões do tesouro a guardarem a chave do cofre, era o desperdício alheio a surgir.

A nove minutos do final, porém, haveria de surgir Nildo Petrolina a arrombar a caixa-forte e a reclamar para o Aves o bilhete premiado.

Desp. Aves-Estoril, 1-0: ficha e jogo ao minuto

Só os primeiros vinte minutos do jogo desta noite foram de alguma tranquilidade. Daí em diante, o jogo foi frenético.

Abriu as hostilidades o Estoril: Allano acertou no poste aos 22’ e dez minutos depois quase que acertava na trave. Entre estes dois momentos, o show de Adriano (aos 26’), que, na mesma jogada, evitou por duas vezes o golo do Estoril, que esteve por cima do jogo e só por azar e mérito do guarda-redes adversário não chegou ao intervalo em vantagem.

No duelo entre Aves e canarinhos, o jogo pelas alas fazia a diferença. Allano e Ewandro carrilavam o jogo estorilista, enquanto do lado avense Nildo Petrolina e Amilton faziam o mesmo. Muita velocidade pelos flancos e transições rápidas. O jogo partiu-se ainda mais na segunda parte e as oportunidades de golo sucediam-se nas duas balizas.

Se Bruno Gomes atirava ao lado numa baliza, logo no lance seguinte Nildo atirava para o golo, salvo sobre a linha por Dankler. Ato contínuo, Bruno Gomes saía num contra-ataque perigoso, obrigando Diego Galo a salvar na outra área. Tudo isto num minuto só (entre os 52’ e os 53’), num jogo de parada e resposta que haveria de ter maior domínio do Aves à medida que o tempo corria.

Bem contribuíram para isso as mexidas de José Mota, que tem excelentes alternativas no banco, e fez entrar Fariña, Arango e, mais tarde, Derley.

Desp. Aves-Estoril, 1-0: destaques do jogo

O sufoco, as palpitações, os tremores, os suores frios acentuavam-se à medida que o jogo se aproximava do final. A angústia porém transformar-se-ia numa alegria imensa para a equipa da casa, quando aos 81’, Nildo Petrolina finalmente acertou com a baliza e fez explodir o estádio de alegria.

Passe de Vítor Gomes, receção de Nildo entre dois adversários e remate colocado para o fundo da baliza. 1-0. Três pontos para o Aves, que ganha asas na tabela e dá um salto de três lugares, até ao 14.º lugar. Os avenses somam agora 31 pontos, saem da zona de despromoção e podem com esta vitória ter dado um passo decisivo para a manutenção, devidamente celebrado no final.

Aliás, após o jogo, a equipa do Aves celebrou junto da claque um triunfo importantíssimo.

Lá no fundo do poço, fica o Estoril, a segurar a lanterna vermelha, com 26 pontos, a três pontos de Paços e Vitória de Setúbal (ambos com 29) e com dois duelos com adversários diretos nas últimas duas jornadas (V. Setúbal em casa e Feirense fora).

Há uma linha cada vez mais carregada que separa o Estoril da manutenção. Que sufoco este dos canarinhos.