André Almeida assumiu que a paragem forçada das competições devido à pandemia de covid-19 foi difícil, não só por sentir falta do contacto diário com os companheiros, mas também porque estava perto de poder voltar aos relvados após um período de ausência devido a lesão.

«Esta época já perdi alguns jogos devido a lesão e estava numa fase final da recuperação. Pensei: 'Agora vou conseguir acabar a época em força.' Estava com essa motivação de voltar o mais rápido possível e já estava para breve», disse o lateral do Benfica numa videoconferência com quatro jovens selecionados pela Fundação Benfica.

Na conversa, André Almeida acabou por eleger a melhor época a nível individual de águia ao peito. «Vou escolher a da reconquista, no ano passado. Foi uma época em que fiz quase todos os jogos: acabei-a em sacrifício, mas com uma mentalidade muito forte e positiva. Participei em muitas assistências e em muitos golos da equipa, que bateu o recorde de golos marcados. Tivemos um espírito e uma união fascinante. Vou eleger essa como a minha melhor época, por tudo o que se passou», referiu.

André Almeida, que é um dos capitães do Benfica, passou em revista os campeonatos os cinco campeonatos que conquistou pelos encarnados e teve dificuldades em escolher o que teve mais sabor. «Penso que acabei por desfrutar de todos, por características diferentes. O primeiro campeonato, porque foi o meu primeiro título coletivo e foi uma sensação única poder festejar no Marquês no meio das pessoas, a correr perto delas e a festejar com todas elas e com pouco distanciamento, que agora não seria possível. Gostei também do ano do tricampeonato, porque foi um ano em que estivemos muito tempo atrás do Sporting e tivemos uma ponta final fantástica, como se passou agora também no ano da reconquista. O ano do bicampeonato foi um ano em que ganhámos tudo, em que a equipa foi muito consistente em todas as competições e foi um ano muito difícil de repetir. Se calhar vou deixar o tetra para o fim, não por ser o que gostei menos, mas talvez porque seja o que acabei por desfrutar mais, pois foi algo único na história do clube. E foi algo a que eu sempre me propus quando cheguei a este clube: dar tudo, conquistar títulos, mas fazer coisas diferentes e grandiosas. Esse ano foi o espelhar do trabalho e do sacrifício diário», recordou.

O jogador do Benfica assumiu que os golos mais bonitos marcados ao serviço do clube da Luz foram diante do Sp. Braga e do Portimonense, mas elegeu outro, diante do Feirense no ano passado, pela carga emocional. «A minha avó tinha acabado de sair de uma cirurgia e tinha sido uma lutadora. Foi também perto do aniversário dela e dediquei-lhe esse golo, porque é uma pessoa muito importante para mim», disse, deixando uma reflexão sobre os tempos atuais.

«É uma situação complicada para todos, mas que também serve como um abre-olhos para valorizarmos o que temos ao nosso lado: a nossa família e as coisas boas da vida. E o que o planeta nos dá de bom, está a respirar novamente. Claro que senti medo, porque é um vírus perigoso e, mais do que por mim, senti muito medo pela minha família e pelos meus amigos: principalmente as pessoas de maior idade, pessoas de risco e com doenças que tenho à minha volta. Ainda tenho esse medo, mas penso que é um medo que nos faz querer ser melhores e poder proteger os nossos da melhor forma», concluiu.