O Benfica goleou o Boavista e deixou claro que a derrota na Mata Real há uma semana foi apenas um acidente de percurso. Desta vez a bola entrou, por três vezes, e o Benfica desperdiçou ainda mais de uma mão cheia de oportunidades, numa clara demonstração de força antes do dérbi de Alvalade. Com Talisca em risco de falhar o embate com o Sporting, Jorge Jesus ofereceu a titularidade a Pizzi, mas grande figura do jogo acabou por ser Maxi Pereira que, com uma espetacular assistência e um golo, abriu caminho para o resultado desnivelado. Apenas um sinal negativo a fechar o jogo: a lesão de Júlio César, ao que tudo indica de cariz muscular, que poderá afastar o brasileiro do dérbi da próxima semana.

Confira a FICHA DO JOGO

Os primeiros vinte minutos ainda provocaram alguma apreensão, com um Benfica dominador, a criar oportunidades atrás de oportunidades, mas, tal como tinha acontecido frente ao Paçosd e Ferreira, muito perdulário, a não tirar rendimento imediato da pressão asfixiante que exercia sobre o adversário. O Boavista apresentou-se na Luz com duas linhas bem delineadas no relvado, com Idriss pelo meio, quase como terceiro central, e Quincy desamparado na frente, para tentar travar a previsível avalanche vermelha. Uma estratégia rapidamente desmontada pelo Benfica que, com um futebol rápido, ao primeiro toque, a toda a largura do terreno, desfez a consistência que Petit certamente pretendia. As oportunidades do Benfica sucederam-se a um ritmo alucinante, com os defesas «axadrezados» a sucumbiram à pressão e a cometerem erros atrás de erros.

O problema é que a bola não entrava. Ola John podia ter sossegado os adeptos, logos aos oito minutos, depois de um bom lance desenhado por Lima e Jonas, mas caprichou em demasia no chapéu a Mika e a bola passou a rasar a barra. Logo a seguir, Salvio, lançado por Lima, atirou ao lado. Depois foi Pizzi, em posição frontal, sem oposição, também não acertou entre os postes. Oportunidades atrás de oportunidades, mas faltava um golo. O Boavista não passava do meio-campo, nem conseguia fazer dois passes seguidos, mas a verdade é que, com vinte minutos de jogo, o fantasma de Paços de Ferreira começava a surgir na cabeça dos adeptos. Talvez por isso, o primeiro golo foi muito festejado no Estádio da Luz. Uma espetacular assistência de Maxi Pereira que fez a bola sobrevoar os centrais para Lima bater Mika com uma cabeçada subtil. A Luz explodia de alegria e o Benfica libertava-se a pressão.

Do Boavista pouco mais podemos dizer. A equipa de Petit limitava-se a defender e mal, com muitos erros, a permitirem que o Benfica jogasse até ao intervalo junto à sua área, sem nunca conseguir passar da linha do meio-campo. O segundo golo não demorou a aparecer, num lance saído do laboratório de Jesus. Canto sobre a direita, com Salvio a combinar com Lima, com a equipa do Boavista à espera de um cruzamento. O passe saiu para trás, com uma passadeira para Maxi percorrer, entrar na área e rematar forte com o pé esquerdo, com a bola a tabelar nas pernas de Idriss e Tengarrinha antes de entrar nas redes de Mika. Ainda antes do intervalo, Salvio destacou-se à entrada da área e, com as bancadas de pé, atirou por cima. Apenas dois golos depois de uma avalanche que caiu sobre a baliza de Mika.

Mais um golo antes de levantar o pé e o azar de Júlio César

Petit tentou retificar os erros evidentes ao intervalo e o Boavista regressou ao campo mais estendido no terreno, procurando afastar a pressão do Benfica da sua área, mas a equipa de Jorge Jesus continuou a mandar no jogo e, agora, com mais espaços. Depois de ameaças de Lima e Luisão, grande penalidade a punir uma falta de Afonso Figueiredo sobre Jonas que existe, mas fora da área. Jonas, com um remate rasteiro e colocado, fez o terceiro. O jogo estava resolvido, faltava saber apenas o resultado final. O Benfica levantou claramente o pé e o Boavista conseguiu jogar, pela primeira vez no meio-campo contrário, mas muito pouco. No fundo, o que o Benfica deixava. Jorge Jesus começava, então, a gerir a equipa para o dérbi, fazendo descansar Ola John e Pizzi para dar minutos a Talisca e Gonçalo Guedes, muito aplaudido pelos adeptos.



Com o jogo completamente controlado, surgiu a única má notícia da noite para o Benfica. Depois de fazer a única intervenção da noite, com uma estirada, Júlio César levantou-se rapidamente para tentar evitar um pontpé de canto, mas chegou à bandeirola a coxear, com um esgar de dor, agarrado à coxa. Uma lesão, à primeira vista muscular, que poderá afastar o guarda-redes brasileiro do dérbi de Alvalade.

Já com Artur na baliza, o Benfica desperdiçou novas oportunidades para avolumar o resultado, com destaque para as perdidas de Lima que esta noite não ficou em branco, mas voltou a mostrar-se muito perdulário. Tudo somado, o Benfica deixou claro que está preparado para o dérbi da próxima semana. Falta saber se vai ter Júlio César.