O Estoril somou o primeiro ponto em 2022 com um empate, em casa, diante do Paços de Ferreira, mas continua sem conseguir afastar a nuvem negra que paira sobre a Amoreira, desde que Bruno Pinheiro esteve na iminência de sair para os turcos do Besiktas no final de dezembro. A gritante falta de «magia» dos canarinhos e um futebol preso diante de uns castores que também se apresentaram debilitados, resultou num insonso, num jogo em que ninguém mereceu festejar um golo.

No excelente «tapete» da Amoreira tivemos, assim, uma equipa à procura da motivação perdida em meados da passagem de ano e outra equipa debilitada depois de uma semana em que vários jogadores recuperaram de casos de covid-19. Apesar de tudo, o jogo até começou intenso, com forte luta pela bola. As duas formações encaixaram uma na outra e fixaram-se numa curta faixa de terreno de trinta metros, com pouco espaço para a bola fluir.

Numa primeira fase, os castores até conseguiram empurrar essa faixa para mais perto da baliza de Dani Figueira, mas depois sentiam tremendas dificuldades no último terço para chegarem à zona de finalização. Ainda mais dificuldades para os canarinhos que, com os minutos a correr, pareciam cada vez mais longe dos ferros defendidos por André Ferreira do lado contrário.

A primeira oportunidade evidente de golo surgiu apenas aos vinte minutos, numa das poucas vezes que o Estoril conseguiu libertar-se do colete de forças, com Carles Soria a cruzar da direita e André Franco a tentar um desvio de calcanhar «à Madjer», mas André Ferreira estava atento. Os castores, apesar de conseguirem jogar mais tempo no meio-campo do Estoril só conseguiram visar a baliza canarinha com remates de longe, com destaque para as tentativas de Luiz Carlos.

O jogo acabou por animar nos instantes finais da primeira parte, primeiro com uma oportunidade flagrante para o Estoril: André Franco, sobre a direita, rematou contra um adversário, recuperou a bola e cruzou para o lado contrário onde Bruno Lourenço, depois de tentar um pontapé acrobático, ainda conseguiu puxar a bola com a ponta da bota e esta foi ao poste. A bola ainda percorreu a linha fatal, mas Nuno Lima acabou por afastar o perigo.

Os adeptos do Estoril ainda gritaram golo, mas a verdade é que a bola não entrou. Na resposta, o Paços conseguiu a primeira transição rápida, com Juan Delgado a arrancar em velocidade e a ser derrubado à entrada da área por Vital. O árbitro chegou a apontar para a marca dos onze metros, mas, certamente alertado pelo VAR, reverteu a decisão para um livre que Juan Delgado atirou contra a barreira. Os adeptos do Estoril voltaram a festejar como se tivesse sido golo, mas o intervalo chegou mesmo com o nulo intato, mas a prometer maior animação para a segunda parte.

De facto, o jogo recomeçou bem mais animado, desde logo, porque havia muito mais espaço em campo, com as duas equipas a optarem por um jogo mais aberto. Denilson mostrou isso mesmo com uma arrancada pela esquerda e, na resposta, pelo mesmo corredor, Arthur foi até à linha de fundo para cruzar para o segundo poste onde surgiu André Franco, sempre ele, a rematar de cabeça à figura de André Ferreira. O jogo seguiu com parada e resposta, com o Paços a procurar profundidade pelos flancos e o Estoril a insistir mais pela zona central, sempre com André Franco inserido nas manobras.

Apesar de tudo, o jogo continuava equilibrado até que, a quinze minutos do final, Arthur viu um segundo amarelo e deixou os canarinhos reduzidos a dez. César Peixoto não perdeu tempo e lançou, desde logo, Lucas Silva para a frente de ataque, prescindindo de Fernando Fonseca, ficando Delgado a fechar o corredor.

A verdade é que pouco se notou a vantagem numérica do Paços. As duas equipas voltaram a embrulhar-se num jogo de ressaltos, pontapés para a frente, muitas faltas e pouco futebol.

O Estoril soma, assim, o primeiro ponto em 2022, mas continua sem conseguir apresentar a «magia» que chegou a ostentar em 2021. O Paços, por seu lado, órfão de Eustáquio, somou o terceiro empate consecutivo e continua sem conseguir sair a zona de sufoco.