O som da caixa registadora soou perto do fim. Depois de uma semana de faturação intensa, com contas para um lado e para o outro, pedidos de cobrança e alertas de dívidas, a cobrança de última hora de Raúl Silva fez o Sp. Braga pagar em campo (1-0), como se costuma dizer na gíria futebolística.

A disputa entre guerreiros e leões passou, finalmente, para a flor do relvado, o jogo foi intenso e muito disputado, e depois de um início trépido o Sp. Braga puxou da armadura de Guerreiro e construiu um triunfo épico, a poucos instantes dos noventa, depois de uma reta final de encontro de assédio à baliza do leão.

Continua a marcha triunfal dos bracarenses, que somaram o sétimo triunfo consecutivo e conseguem assim aproximarem-se dos leões. Está agora a um ponto o conjunto arsenalista, pondo mais uma pedra nas contas do Sporting no que ao título diz respeito

Em dúvida para o encontro, William acabou por ser baixa confirmada no dia do jogo, obrigando Jorge Jesus a mexer no esqueleto da equipa. Battaglia foi o médio mais posicional no apoio a Bruno Fernandes a Bryan Ruiz, que jogou no lugar de Rúben Ribeiro. No lado do Sp. Braga o técnico Abel Ferreira fez apenas uma alteração, forçada, entregando o lado esquerdo da defesa a Sequeira em virtude da indisponibilidade de Jefferson.

Pratos equilibrados e confusão

Personalizado, o leão entrou com mais afinco na Pedreira. Teve mais bola, organizou melhor as suas peças no tabuleiro e começou por obrigado o Sp. Braga a abdicar da ideologia de jogo. A equipa de Abel teve de correr sem bola, tapar espaços e jogar essencialmente no erro de um Sporting mais forte na fase inicial.

Teve o mérito de se aguentar o Sp. Braga, evitando grandes lances de frisson junto da sua área apesar do maior domínio adversário. Para além desse mérito conseguiu também começar a soltar-se e a espreitar o ataque, acabando por equilibrar os pratos da balança.

Os rasgos de Wilson Eduardo e dos irmãos Horta começaram a esticar o jogo, chegando para contrariar um Sporting demasiado dependente das ideias de Bruno Fernandes. Bryan Ruiz também por lá andou, a tentar usar da sua criatividade, mas foi quase sempre demasiado lento para a intensidade que o jogo pedia.

Bas Dost teve por três ocasiões a bola em carreira de tiro, mas nunca foi servido nas proporções certas para armar o disparo; na outra área Wilson quase aproveitou um desentendimento entre Mathieu e Patrício, atirando às malhas laterais. Pratos equilibrados na balança antes da confusão.

Em cima do intervalo o Sp. Braga marcou mesmo, Mathieu introduziu a bola na própria baliza na sequência de um cruzamento de Ricardo Horta, mas com o recurso ao VAR, vários minutos depois de as redes terem abanado, Luís Godinho anulou o golo. Final de primeira parte tenso na Pedreira.

Guerreiros mais incisivos e cobrança de Raúl Silva

A segunda metade destoou muito da primeira. O Sp. Braga regressou mais forte das cabines, rondou a baliza do leão com várias aproximações capazes de provocar arrepios, mas nunca conseguiu encostar verdadeiramente o adversário às cordas. À exceção dos derradeiros minutos.

Pertenceu claramente ao conjunto de Abel Ferreira a maior dose de audácia. Nunca virou a cara à luta, foi mais equipa e dominou as operações face a um Sporting em queda abrupta de rendimento. Rúben Ribeiro e Montero, o primeiro entrou e saiu em nova substituição, foram apostas de Jesus para tentar dar alento ao ataque, mas ia crescendo a sensação de que apenas um rasgo individual seria capaz de resolver para os de Alvalade.

A oito minutos dos noventa o Sp. Braga traçou o lance mais perigoso de todo o encontro. Jogada em superioridade numérica, Dyego Sousa serviu Esgaio na direita que fez a bola passar entre Patrício e as costas da defesa. Ricardo Horta chegou atrasado por pouco. Lance belo de futebol. No mesmo minuto Piccini foi expulso por acumulação e amarelos e adensou ainda mais a diferença nos instantes finais.

O assédio bracarense deu frutos a três minutos dos noventa, com a Pedreira a eclodir, desta vez a valer, com um golo de Raúl Silva. Lance de bola parada, o central foi mais forte na segunda bola e desfeiteou Patrício.

Triunfo heróico do Sp. Braga, apimentado pela semana de arrufos entre os dois clubes. Nas últimas cinco épocas o Sporting foi feliz na Pedreira, quebrou esse registo e tem também uma quebra que será difícil de digerir na luta pelo primeiro lugar. Vê o Sp. Braga a somar vitória atrás de vitória a ficar a apenas um ponto.