(artigo atualizado às 18h53)
O caso Abel Camará ainda mexe. Um dia depois de ter publicado um comunicado que denuncia uma tentativa de agressão à sua companheira, que está grávida, após a derrota frente ao Paços de Ferreira, o capitão do Belenenses dey uma conferência de imprensa: ao seu lado esteve o Sindicato dos Jogadores e todos os jogadores do Belenenses.
O internacional guineense voltou a lamentar, de resto, os acontecimentos do último domingo.
«Venho a sofrer disto há bastante tempo. É injusto o que certos adeptos tentam fazer comigo. Usam-me como o patinho feio da equipa», revela Abel Camará.
O dianteiro diz compreender que os assobios e a crítica fazem parte do futebol, mas considera que a agressão física aos seus familiares «ultrapassou todas as marcas».
Ao lado do jogador esteve Joaquim Evangelista, que repudiou mais um caso de violência no futebol português.
«O Sindicato está do lado do Abel, reafirmando que episódios lamentáveis como estes continuam. O Abel é uma excelente pessoa, um ótimo profissional e capitão de equipa. Devemos repudiar comportamentos violentos e reforçar que episódios como este continuam a acontecer no futebol português. Para além de ser acusado de racismo, teve ameaças à sua integridade física e da sua esposa, grávida», referiu o presidente do Sindicato de Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF), que promete levar o caso até ao fim.
«Levaremos este caso até às últimas consequências, quer nas entidades desportivas, quer nas entidades judiciais, para que se evitem mais casos destes. Queremos que todos os responsáveis sejam identificados e punidos em conformidade É possível acabar com este clima de impunidade e hipocrisia que existe no futebol português. Tolerância zero para insultos racistas ou xenófobos», sublinhou o dirigente.
Tiago Caeiro, outro dos capitães dos azuis do Restelo, também demonstrou solidariedade para com o companheiro de equipa. «Sabemos que não estamos numa situação fácil, mas não se pode depositar tudo no Abel. Isso afeta o grupo», reconheceu, apelando a que «situações destas não voltem a acontecer».
Da parte da parte, Rui Pedro Soares, presidente da SAD do Belenenses, prometeu tomar medidas. «Infelizmente, o Belenenses voltou a ser falado pelas piores razões, pelo comportamento desumano que meia dúzia de adeptos teve com o nosso capitão e que vai ser levado até às últimas consequências. A mulher do Abel está grávida, foi insultada e alvo de uma tentativa de agressão. Perante isto, a SAD do Belenenses vai tomar todas a medidas legais para responsabilizar aqueles que foram identificados», afirmou aos jornalistas.
O líder da SAD dos azuis do Restelo, referiu ainda que entre o grupo que se insurgiu contra o futebolista estavam menores de 16 anos e confirmou a existência de gritos racistas daquilo que diz ser uma «pequena minoria».
«Estou triste com os resultados que temos tido e compreendo que todos os adeptos também estejam. Estamos a trabalhar para inverter esta situação, mas há aqui meia dúzia de adeptos que quiseram provocar esta derrota», apontou.
