Um ponto para cada. Santa Clara e Tondela empataram este domingo a duas bolas, na estreia de Mário Silva no comando técnico dos açorianos. Um jogo onde a equipa da casa foi perdulária na finalização, pagando cara a fatura.

Mas vamos ao contexto. O Santa Clara partiu para o jogo embalado pela vitória histórica diante do Sporting na jornada passada (3-2) e determinado em alcançar a quarta vitória consecutiva em casa. Mário Silva, na antevisão, disse querer promover a «continuidade» para manter a «boa fase» da equipa. Uma entrada suave e sem revoluções, portanto.

Já o Tondela partiu para os Açores depois de conseguir o apuramento inédito para as meias-finais da Taça de Portugal, após a vitória frente ao Rio Ave (1-0). Na classificação, as duas equipas somavam 16 pontos. Aliciantes mais do que suficientes para o jogo desde domingo entre duas formações desejosas de deslocar de zonas perigosas na tabela classificativa.

Dentro de campo, a equipa açoriana começou com tudo. Logo aos dois minutos, após uma excelente jogada ofensiva, Cryzan ficou isolado na cara do golo, mas uma grande defesa de Pedro Trigueira evitou o golo.

Depois do fôlego inicial, o Santa Clara assegurou a posse de bola e assumiu a ‘despesa’ do jogo, mas baixou a intensidade, facilitando o trabalho de contenção do Tondela. A meio da primeira parte, apesar de estar em desvantagem nos números da posse de bola, era a equipa beirã que mais facilidade tinha em chegar à baliza contrária: explorando a zona central, o Tondela ameaçou por várias vezes a baliza de Marco.

Com dificuldades em chegar com a bola controlada a zonas de finalização, aos 19 minutos o Santa Clara criou perigo através de um canto direto de Sagna que obrigou Trigueira a uma defesa atenta.

Mas a equipa açoriana iria chegar ao golo numa altura em que a partida estava repartida e bastante ‘mastigada’ na zona do meio-campo. Foi da zona central que partiu uma bola em profundidade para Cryzan na ala direita, o brasileiro assistiu Rui Costa, que, entre os centrais, finalizou de primeira para o fundo das redes do Tondela. Displicente a equipa do Tondela na organização defensiva, eficaz e pragmático o Santa Clara no movimento atacante. Estava feito o 1-0 aos 23 minutos.

Em vantagem, os açorianos ficaram mais confortáveis no encontro. Cautelosos, procuraram não facilitar na organização defensiva, mas continuaram a dominar a posse de bola. Os açorianos também não deixaram de procurar explorar as fragilidades do Tondela – e foi assim que chegaram ao segundo golo. Aos 40 minutos, Lincoln, depois de combinar com Rui Costa, rasgou a defesa com um passe em profundidade para Ricardinho e o jogador de 23 anos rematou com classe para o fundo da baliza de Trigueira.

Ainda antes do intervalo, o Tondela tentou através da meia distância, por intermédio de Ricardo Alves, mas Marco, com uma excelente intervenção manteve a vantagem açoriana em dois golos.

No regresso das ‘cabines’, o Tondela esteve perto do golo aos 49 minutos através de uma ‘oferta’ do Santa Clara. O guarda-redes Marco recebeu atrasado, deixou a bola escapar-lhe e a bola embateu no poste! Um lance digno dos apanhados que por muito pouco não valeu caro à equipa da casa. O guarda-redes insular desculpou-se aos 52 minutos, quando evitou o golo de Dadashov com uma boa intervenção.

Os lances colocaram o sentido o Santa Clara. Os açorianos acordaram, subiram no terreno e causaram dificuldades à defesa do Tondela. Aos 53 minutos, grande remate de fora da área de Rui Costa para uma enorme defesa de Trigueira.

O Santa Clara continuou por cima no encontro e esteve sempre mais perto do terceiro do que o Tondela do primeiro. Aos 65 minutos, Lincoln, com classe, rematou de fora da área, valeu Trigueira, uma vez mais, a evitar o golo.

Se o Tondela não saiu dos Açores com um saco cheio de golos bem se deve à enorme exibição de Trigueira. O Santa Clara carregou para chegar ao terceiro golo, mas o guarda-redes não cedeu. Aos 68', por exemplo, após o canto, Trigueira evitou o golo por duas vezes no mesmo lance com duas enormes defesas! Pouco depois, aos 73', outra vez Trigueira a evitar o golo após um remate, já dentro da área, de Rui Costa.

Mas já diz o ditado: quem não marca, sofre. E foi numa altura em que se sucediam os lances perigosos do Santa Clara que o Tondela chegou ao golo. Um golo que ninguém deu por ele inicialmente. Aos 76 minutos, contra-ataque da equipa beirã e Boselli rematou ao poste após defesa de Marco. Contudo, o árbitro mandou aguardar e esperou pelo VAR. Afinal, a bola entrou totalmente na baliza açoriana. O Tondela estava de volta ao jogo com um golo caído do céu.

O golo animou a reta final do jogo. O Tondela acreditou e balanceou a equipa para a frente. O Santa Clara recuou e procurou guardar o resultado. E eis que, aos 88 minutos, Boselli executou um cabeceamento triunfal para o fundo da baliza açoriana. Um balde de água fria no Estádio de São Miguel, onde ninguém acreditava que a vitória escaparia ao Santa Clara. Uma prova que no futebol não há vencedores nem vencidos até ao apito final – e é por isso que gostamos tanto deste desporto.