O «chicote» estalou oito vezes nos bancos da Liga, ao longo da edição 2015/16, e o saldo final revela-nos um empate técnico: quatro trocas trouxeram melhores resultados, e outras tantas pioraram o rendimento.

As denominadas «chicotadas psicológicas» envolveram sete clubes, já que o Tondela trocou de técnico duas vezes. Curiosamente, é no emblema do distrito de Viseu que encontramos tanto a mudança mais prejudicial como a mais benéfica.

Vítor Paneira foi o primeiro treinador do Tondela no principal escalão, e em sete jogos fez quatro pontos, o que dá um aproveitamento pontual de apenas 19%. Seguiu-se Rui Bento, que em cinco rondas só conseguiu um ponto, num rendimento de 6,7%. Estamos a falar, portanto, de uma quebra de 12,3%, que faz desta a «chicotada» com o efeito mais adverso da temporada. Depois veio então Petit, que em 22 jogos somou 25 pontos, num aproveitamento pontual de 37,9%. Esta segunda troca rendeu, portanto, um aumento de 31,2%, o maior da época.

Tendo em conta a frieza dos dados estatísticos, verificados que a segunda «chicotada» mais benéfica pertence à Académica. Foi, no entanto, insuficiente para evitar a despromoção. É que José Viterbo não fez nenhum ponto nas primeiras cinco jornadas, o que dá 0%. Filipe Gouveia conseguiu naturalmente melhor, com 25 pontos em 29 jogos (28,7%), mas ainda assim um registo insuficiente para a permanência (Tondela e Vitória de Setúbal fizeram 29,4% dos pontos).

No principal escalão continua o Belenenses, que saiu a ganhar com a troca de Ricardo Sá Pinto por Júlio Velázquez. O antigo internacional fez apenas 13 pontos em 13 jogos, o que dá um aproveitamento pontual de 33,3%. Um valor acima da linha de água, ainda assim, tendo em conta as pontuações finais. O técnico espanhol, por seu lado, fez 28 pontos em 21 jogos, o que dá 44,4%.

Curiosamente, a outra mudança de treinador que surtiu efeito envolve também Petit. Só que neste caso o antigo internacional português sai a perder na análise comparativa. Iniciou a época no comando técnico do Boavista, e em 11 jogos fez 9 pontos (27,3%). Daniel Portela orientou a equipa frente ao Arouca e depois chegou Erwin Sánchez, que fez 24 pontos em 22 jogos (36,4%).

Peseiro entre as perdas

Se a entrada de Rui Bento no Tondela foi a «chicotada» menos rentável da época, conforme acima analisado, logo a seguir surge a mudança no Marítimo. Ivo Vieira saiu com 21 pontos em 18 jogos, o que dá um aproveitamento pontual de 38,9%. Nelo Vingada, regressado ao clube madeirense em janeiro, fez 14 pontos em 16 jogos, o que dá um rendimento de 29,2%, dentro dos valores dos clubes que foram despromovidos.

Importa salientar que o Marítimo «desacelerou» nas últimas jornadas do campeonato, a pensar na finaç da Taça da Liga, uma vez que a permanência estava garantida e a qualificação europeia estava demasiado longe. Mas também é verdade que a diferença percentual ainda é significativa.

Nota idêntica aplica-se ao FC Porto, que vai disputar a final da Taça de Portugal e ficou afastado da luta pelo título ainda em abril. Dito isto, seguem-se os números: tanto Julen Lopetegui como José Peseiro marcaram presença em 16 jornadas (Rui Barros orientou a equipa em dois encontros, na transição), mas o espanhol fez mais quatro pontos do que o português (37 para 33). Quer isto dizer que Lopetegui fez 77,1% dos pontos e que Peseiro ficou pelos 68,8%. Um registo que, ainda assim, chegaria para garantir o terceiro lugar, já que o Sp. Braga amealhou 56,9% dos pontos, embora também em «gestão» para o Jamor nas últimas semanas.

Por fim, o Vitória de Guimarães. A diferença é mínima, mas se tivermos em conta apenas o comportamento na Liga, então a mudança de treinador teve efeitos negativos: Armando Evangelista fez 6 pontos em cinco jornadas, o que dá um aproveitamento de 40%, para 39,1% de Sérgio Conceição, que fez 34 pontos em 29 jogos.

ANÁLISE ÀS «CHICOTADAS» DA LIGA 2015/16

FC PORTO

Julen Lopetegui: 16 jogos / 11 vitórias / 4 empates / 1 derrota = 37 pontos de 48 possíveis (77,1%)

*Rui Barros assumiu a equipa em duas jornadas, na transição

José Peseiro: 16 jogos / 11 vitórias / 0 empates / 5 derrotas = 33 pontos de 48 possíveis (68,8%)

Saldo da mudança: -  8,3%

BELENENSES

Sá Pinto: 13 J / 3V / 4E / 6D = 13 pontos de 39 (33,3%)

Júlio Velázquéz: 21J / 7V / 7E / 7D = 28 pontos de 63 (44,4%)

Saldo da mudança: + 11,1%

V. GUIMARÃES

Armando Evangelista: 5J / 1V / 3E / 1D = 6 pontos de 15 (40%)

Sérgio Conceição: 29J / 8V / 10E / 11D = 34 pontos de 87 (39,1%)

Saldo da mudança: - 0,9%

MARÍTIMO

Ivo Vieira: 18J / 6V / 3E / 9D = 21 pontos de 54 (38,9%)

Nelo Vingada: 16J / 4V / 2E / 10D = 14 pontos de 48 (29,2%)

Saldo da mudança: - 9,7%

BOAVISTA

Petit: 11J / 2V / 3E / 6D = 9 pontos de 33 (27,3%)

*Daniel Portela fez um jogo, na transição

Erwin Sánchez: 22J / 6V / 6E / 10D = 24 pontos de 66 (36,4%)

Saldo da mudança: + 9,1%

TONDELA

Vítor Paneira: 7J / 1V / 1E / 5D = 4 pontos de 21 (19%)

Rui Bento: 5J / 0V / 1E / 4D = 1 ponto de 15 (6,7%)

Saldo da mudança: - 12,3%

Petit: 22J / 7V / 4E / 11D = 25 pontos de 66 (37,9%)

Saldo da mudança: + 31,2%

ACADÉMICA

José Viterbo: 5J / 0V / 0E / 5D = 0 pontos de 15 (0%)

Filipe Gouveia: 29J / 5V / 10E / 14D = 25 pontos de 87 (28,7%)

Saldo da mudança: + 28,7%

APROVEITAMENTO PONTUAL, POR TREINADOR, NA LIGA 2015/16:

1. Rui Vitória (Benfica), 86,3%

2. Jorge Jesus (Sporting), 84,3%

3. Julen Lopetegui (FC Porto), 77,1%

4. José Peseiro (FC Porto), 68,8%

5. Paulo Fonseca (Sp. Braga), 56,9%

6. Lito Vidigal (Arouca), 52,9%

7. Pedro Martins (Rio Ave), 49%

8. Jorge Simão (P. Ferreira), 48%

9. Fabiano Soares (Estoril), 46,1%

10. Júlio Velázquez (Belenenses), 44,4%

11. Armando Evangelista (V. Guimarães), 40%

12. Sérgio Conceição (V. Guimarães), 39,1%

13. Ivo Vieira (Marítimo), 38,9%

14. Manuel Machado (Nacional), 37,3%

15. Erwin Sánchez (Boavista), 36,4%

16. Miguel Leal (Moreirense), 35,3%

17. Ricardo Sá Pinto (Belenenses), 33,3%

18. Quim Machado (V. Setúbal), 29,4%

19. Petit (Boavista e Tondela), 31,3%

20. Nelo Vingada (Marítimo), 29,2%

21. Filipe Gouveia (Académica), 28,7%

22. Norton de Matos (U. Madeira), 28,4%

23. Vítor Paneira (Tondela), 19%

24. Rui Bento (Tondela), 6,7%

25. José Viterbo (Académica), 0%