A jornada 25 da Liga prometia muito e, com um Sp. Braga-FC Porto de pólvora seca depois de um Benfica-V. Guimarães vermelho vivo, acabou a estender a passadeira às águias e a baralhar potencialmente mais ainda a luta pelo acesso à Liga dos Campeões. No fundo da tabela, as contas são duras. Ponto de situação a nove jornadas do fim, quando a Liga entra na última paragem, com a interrupção de 15 dias para a janela de seleções.

Pólvora seca na Pedreira

O Sp. Braga-FC Porto era o jogo grande da jornada, com muito que dizer nas contas dos primeiros lugares. O nulo final representa uma oportunidade perdida para ambas as equipas. O FC Porto voltou a não vencer num terreno que se tem tornando particularmente difícil – não ganha na Pedreira desde 2019 -, e perdeu pontos na tentativa de manter alguma pressão sobre o Benfica na frente, mas sobretudo no objetivo de reforçar o segundo lugar. O Sp. Braga também não conseguiu o principal objetivo, passar o adversário direto, ainda que tenha voltado a demonstrar que está na luta, num jogo em que teve mais bola (54 contra 46 por cento) e mais foco na baliza do que os dragões, que tiveram apenas quatro remates contabilizados, contra 14 da equipa da casa.

Benfica com 10 pontos no bolso

O Benfica transformou a receção ao V. Guimarães, o quinto classificado, em mais uma goleada. A nona vitória consecutiva na Liga foi uma nova demonstração de força da equipa que lidera a Liga a toda a linha. Com o melhor ataque e a melhor defesa, com dois jogadores no topo dos melhores marcadores, as águias partem para a reta final com 10 pontos de distância para o segundo lugar. E têm no bolso uma vantagem historicamente rara nesta fase – como termo de comparação, o FC Porto de 2010/11, que foi altamente dominador e se sagrou campeão logo no início de abril, na Luz, tinha oito pontos de vantagem a nove jornadas do fim. Depois, terminou com mais 21 pontos do que as águias. Na história da Liga, nunca uma equipa desperdiçou de resto 10 pontos de vantagem com nove jornadas por disputar. O campeonato ganhou mais tons de vermelho, apesar de o Benfica ter ainda muitos pontos quentes no calendário. Tem de defrontar os três rivais no que falta de Liga, começando pela receção ao FC Porto já na 27ª jornada, antes da primeira mão dos quartos de final da Liga dos Campeões com o Inter. Depois recebe o Sp. Braga na 31ª ronda e vai a Alvalade na penúltima jornada.

O que falta jogar a Benfica, FC Porto, Sp. Braga e Sporting

A Champions vai vender-se cara

A 25ª jornada ainda não terminou, mas o resultado do Sp. Braga-FC Porto manteve esta batalha bem acesa. Os dragões têm 58 pontos, os minhotos 56, enquanto o Sporting tem 50 e um jogo a menos – a visita ao Gil Vicente, adiada por causa do jogo de Liga Europa com o Arsenal, está marcada para 5 de abril, já depois da receção ao Santa Clara na 26ª ronda. A luta promete, portanto, quando está em jogo o acesso direto à Liga dos Campeões na próxima época, através do segundo lugar, e a presença na terceira pré-eliminatória da competição, para o terceiro classificado. Alguém ficará de fora. Já não haverá confrontos diretos entre os três – já agora, em eventuais desempates a dois o FC Porto tem vantagem sobre Sp. Braga e Sporting, os leões sobre os arsenalistas. Para lá da Liga, os leões têm ainda de dividir o foco com a Liga Europa, enquanto FC Porto e Sp. Braga têm as meias-finais da Taça de Portugal.

Cenários para a Europa

Apesar da derrota na Luz, o V. Guimarães conservou o quinto lugar, o último de acesso direto às competições europeias - o sexto depende do desfecho da Taça de Portugal, com as meias-finais a decidirem-se entre FC Porto e Famalicão e Sp. Braga e Nacional. O Vitória soma 40 pontos, mas tem uma dupla de perseguidores bem próxima, com Arouca e Casa Pia a apenas dois pontos de distância. Ambos já tranquilos na classificação, a poderem agora ambicionar mais alto. Para os três, a reta final de Liga apresenta um calendário exigente, que inclui confrontos com FC Porto e Sporting. Mais distantes, mas também no lote de equipas perto de poderem respirar e encarar a reta final sem a pressão das contas, vêm Rio Ave e Famalicão (33 pontos), seguidos de Vizela e Desp. Chaves (32).

A classificação e o calendário da Liga

Um poço com fundo

Os 35 pontos têm sido a garantia de segurança nos últimos anos na Liga. O número depende muito do equilíbrio de forças lá no fundo e esta é uma época atípica, com três equipas desde cedo a descolarem do pelotão. A começar pelo histórico Marítimo, acompanhado de Paços Ferreira e Santa Clara. Os açorianos seguram agora a lanterna vermelha, sem vencerem desde novembro. O Marítimo, que apesar das mudanças no banco não contraria a tendência negativa, tem apenas mais um ponto. Vem de três derrotas seguidas e parte para a reta final sob enorme pressão. Está em igualdade com o Paços, dos três o único que vem numa tendência de recuperação e que conseguiu finalmente na ronda passada deixar o último lugar. Cada jogo será uma final e o calendário é exigente para todos, mas no caso do Santa Clara é particularmente duro: ainda vai defrontar Sporting, FC Porto, Sp. Braga e Benfica. Mas não é seguro dizer que a luta pela permanência – com dois lugares diretos de descida e um terceiro que obriga a um play-off -, está reduzida a três, quando há ainda 27 pontos em jogo. Que o diga o Estoril, que entrou numa espiral negativa e, ao fim de seis derrotas seguidas, soma nesta altura 22 pontos, seis acima da linha de água. Em tendência de queda, embora com uma almofada mais sólida de 26 pontos, está também o Portimonense, que vem de quatro derrotas consecutivas.