Não houve ato divino que os salvasse. O Belenenses precisava de um milagre para se manter na Liga, só que nem a sua parte foi capaz de fazer em Arouca, perante um adversário tranquilo, mas que relaxou em demasia na parte final, o que o impediu de chegar ao triunfo.

Ainda que perto na tabela, Arouca e Belenenses chegaram à última jornada do campeonato com estados de espírito totalmente opostos. Depois de garantida a manutenção na ronda anterior, os adeptos arouquenses, em maior número do que foi sendo habitual ao longo da época, prestaram a última homenagem a uma equipa brava, que tinha como aliciante poder chegar aos 33 pontos, que seria o segundo melhor registo do clube na Liga, apenas superado pelo Arouca europeu de Lito Vidigal.

FICHA DE JOGO

Pela frente tinha um Belenenses que jogava a vida no principal escalão do futebol nacional. Aos azuis, últimos classificados à entrada da jornada de todas decisões, só a vitória interessava, mas ela podia não ser suficiente para a salvação. Havia ainda que «esperar por uma ajuda divina», como assumiu o seu treinador, Franclim Carvalho, em Moreira de Cónegos e Tondela, onde os rivais por uma vaga no play-off de manutenção faziam a sua parte nesta intrincada operação.

A chuva que começou a cair logo que a partida se iniciou esteve longe de ser um sinal divino para os lisboetas. O Moreirense bem cedo cavou uma vantagem confortável no jogo com o Vizela e o destino da Belenenses como que ficava traçado no tiro de partida.

Diga-se também que, em campo, o Arouca, mesmo com várias peças pouco habituais no onze, dava poucas veleidades ao aflito adversário e criava as oportunidades mais flagrantes para se poder adiantar no marcador.

Logo a abrir, Tiago Araújo surgiu na cara de Luiz Felipe, mas perdeu o duelo com o guarda-redes adversário. Aos 28 minutos, Danny, em cima da linha fatal, impediu o golo a Antony, e em cima do intervalo Thales a cabeceou ao poste, na sequência de um canto.

Pelo meio, o Belenenses, já com o destino traçado, respondia com timidez e só Pedro Nuno assustou verdadeiramente o estreante Zubas, num remate acrobático e num livre frontal, este desviado por um defesa, que passou perto da baliza contrária.

À chuva, que chegou a cair copiosamente durante o primeiro tempo e obrigou alguns adeptos a procurarem abrigo debaixo de umas árvores atrás de uma das balizas, seguiram-se os trovões. O intervalo passou-se ao som de «It's my life», de Bon Jovi, mas na vida da Belenenses SAD já pouca esperança restava. A equipa dava os últimos suspiros na Liga num cenário que era como um postal de toda a época: adverso e atípico.

Desprovida da adrenalina que a luta pela permanência sempre acarreta, a segunda metade foi-se arrastando até final sem grandes motivos de interesse. Camará e Mota, pelos forasteiros, desperdiçaram duas boas ocasiões para darem outra dignidade ao adeus azul à I Liga, mas este Belenenses não dá mesmo para mais.

Ao Arouca, que pareceu, a espaços, algo deslumbrado com o que o jogo lhe proporcionava, faltou algum nervo para desfazer o nulo. Bruno Marques fartou-se de tentar e Danny impediu o golo a David Simão no último lance da partida.