Em Arouca, um festival de erros escreveu o resultado de uma partida emotiva, decidida com um golo aos 90+12, de grande penalidade, favorável ao Vitória de Guimarães. Pelo meio, Quaresma apontou um golo para mais tarde recordar, mas para história fica mesmo o 2-2 final, num jogo que teve 15 minutos de compensação. Sintomático.

Depois de, na jornada anterior, frente ao Boavista, ter visto o plano de jogo condicionado pela expulsão madrugadora de Soro, o treinador do Arouca, Armando Evangelista, decidiu repetir a fórmula frente ao Vitória de Guimarães, ainda que com protagonistas diferentes.

Na posição-chave desse modelo surgiu Yaw Moses, que oscilava entre o eixo defensivo, nos momentos sem bola, e o meio-campo, quando o Arouca a recuperava. Só que o médio ganês, mesmo abnegado, nem sempre pareceu confortável nessa missão, além de que, no momento defensivo, o miolo arouquense abria algumas brechas, por uma certa desarticulação entre David Simão e Alan Ruiz. Os vimaranenses, ainda assim, poucas vezes souberam aproveitar.

Por entre algumas tentativas de longe, de Anderson e Zé Carlos, ao Vitória, que mostrava uma maior intensidade e entrou no jogo de olhos postos na baliza de Zubas, ia faltando maior rasgo no último terço para causar maiores calafrios ao adversário.

Apesar de sentir grandes dificuldades para se soltar no ataque, o Arouca quase marcou aos 18 minutos, num remate de longe parado com o dificuldade por Bruno Varela. O guarda-redes vitoriano acabaria por borrar a pintura à passagem da meia-hora, no lance que valeu o 1-0, no qual fica a ideia de que podia ter feito melhor para travar o remate de longe de Bukia (33m). O guardião acabaria por redimir-se em cima do intervalo, com uma boa defesa a remate de Mujica.

Ao intervalo, Moreno deixou Hélder Sá no balneário e lançou o escocês Michael Johnston para jogar nas costas de Anderson, desviando o até aí "venenoso" Nélson da Luz para a ala canhota. E se o angolano foi importante nos momentos ofensivos, a defender a história foi outra, e Bukia não demorou a percebê-lo... e a castigá-lo.

No arranque do segundo tempo, o Arouca criou um par de situações prometedoras, que pediam uma melhor definição. Sobretudo a segunda, aos 48 minutos, quando Mújica falhou por completo o remate, servido pelo inevitável Bukia. O espanhol voltou a ficar na cara do golo pouco depois, a passe de Tiago Esgaio, mas, após um domínio de bola delicioso, rematou ao lado.

Só que, no momento em que parecia mais confortável no jogo, o Arouca acabaria por sofrer o golo da igualdade, apontado por Anderson, na sequência de uma perda de bola comprometedora de Basso. Isolado por Johnston, o avançado brasileiro contornou o guarda-redes adversário e empurrou para o 1-1.

A redenção de Basso quase surgiu aos 64 minutos, quando ficou perto de devolver vantagem ao Arouca. O golo acabaria por surgir pouco depois, quando Quaresma partiu, decidido, desde o seu meio-campo para rematar, colocado, para o 2-1 (70m).

Nesta fase, Bukia já tinha sido substituído, de forma algo surpreendente, por Antony, que aos 76 minutos ficou perto de um golo “maradoniano”, mas Bruno Varela não o permitiu. Pouco depois, Arsénio também obrigou o guarda-redes vimaranense a aplicar-se.

O Arouca não conseguia “matar” o jogo e colocou-se a jeito de qualquer eventualidade, como quando Janvier, à entrada dos derradeiros dez minutos, fez a bola passar perto do poste da baliza contrária. Ou quando, quando aos 89 minutos, viu o árbitro anular, por 46 centímetros, o golo a Jota, por fora de jogo de Mikel Villanueva.

Parecia escrito que o Arouca iria mesmo vencer o encontro, mas um novo erro crasso, agora de Zubas, mudou o desfecho. O guarda-redes do Arouca agarrou Safira sem grande necessidade, depois de ter socado uma bola, originando uma grande penalidade. Lameiras não enjeitou a possibilidade e fechou um jogo de loucos com uma igualdade a dois golos.