O Sporting foi o grande protagonista da reta final da janela de transferências de verão em Portugal, a deixar para o fim várias movimentações importantes, acabando por segurar o capitão Bruno Fernandes depois do fecho dos principais campeonatos. Benfica e FC Porto arrumaram a casa mais cedo, num mercado marcado de resto pelos valores astronómicos da transferência de João Félix da Luz para o At. Madrid. E também por verdadeiras revoluções em vários clubes da Liga, a começar pelo Famalicão, líder isolado ao fim de quatro jornadas, bem como pela chegada à Liga de alguns nomes sonantes.

O último dia de mercado foi agitado graças essencialmente ao Sporting: três saídas, três entradas e ainda duas rescisões. Depois de nos últimos dias já terem saído Bas Dost e Bruno Gaspar, nesta segunda-feira os «leões» viram ainda partir Raphinha para o Rennes, Thierry Correia para o Valência, e Diaby, cedido ao Besiktas. Em contrapartida chegaram três reforços por empréstimo.

As rescisões de Jefferson e Wallyson, também no último dia, reforçaram a tendência de mudanças profundas em Alvalade. O Sporting foi dos três «grandes» aquele que viu sair mais jogadores, mais de duas dezenas, ainda que as contas sejam inflacionadas pela gestão de vários jovens que voltaram a ser cedidos.

Se olharmos para jogadores nucleares, o FC Porto perdeu em absoluto mais opções, numa temporada em que viu sair referências como Militão, Felipe, Herrera, Brahimi, Oliver ou Casillas, este último um caso especial. O Benfica foi dos três quem perdeu menos jogadores, embora também tenha visto deixar a luz jogadores de referência. A começar por João Félix, que se tornou de muito longe na transferência mais cara de sempre do futebol português e a quarta maior da história, num negócio de 126 milhões de euros com o At. Madrid, mas também Jonas e Salvio.

As águias foram também o clube da Liga que menos jogadores contratou, ainda que no último dia tenham ido ao mercado, para assegurar o jovem defesa Morato, à partida para a equipa B, e inscrito Chrien, que tinha estado emprestado ao Santa Clara. Ainda assim, fizeram as duas contratações mais caras do mercado nacional, Raúl de Tomás (20 milhões de euros) e Vinicius (17 milhões). Caio Lucas e Chiquinho são os outros reforços, além de Jhonder Cadiz, contratado mas cedido já ao Dijon, sem ter chegado a jogar,

No FC Porto, as saídas de Militão (50 milhões de euros), Felipe (20 milhões de euros) ou Óliver Torres (12 milhões) garantiram um encaixe financeiro relevante, mas obrigaram a investir, acabando por ser o FC Porto o clube português que mais gastou neste defeso. Ainda que nem todos os valores sejam oficiais, o dragão investiu um valor estimado de cerca de 60 milhões de euros e fechou as contas com sete reforços: Marchesín para a baliza, Renzo Saravia e o regressado Ivan Marcano para a defesa, Matheus Uribe para o meio-campo, para a frente Zé Luís e ainda Luis Díaz e Shoya Nakajima, o reforço mais caro dos dragões, num valor estimado de 12 milhões de euros por metade do passe. Além disso, volta a contar com Sérgio Oliveira, regressado de empréstimo.

No Dragão ficou tudo resolvido bem antes do fecho do mercado, pelo que o último dia foi de tranquilidade. Em cima da mesa esteve apenas a saída de Waris, que acabou por não acontecer.

Foi bem diferente em Alvalade. No Sporting, que teve em aberto durante quase todo o defeso a situação de Bruno Fernandes, as grandes decisões ficaram para o fim. Os leões mantiveram o capitão, mas em contrapartida promoveram a saída de vários jogadores nos últimos dias, garantindo um encaixe financeiro considerável, num total estimado de 48 milhões de euros.

Raphinha, que saiu para o Rennes por 21 milhões de euros, foi a transferência mais avultada dos leões, e foi também o maior negócio do último dia do mercado internacional. Depois de terem assegurado cinco reforços numa fase inicial do mercado (Neto, Vietto, Rosier, Rafael Camacho e Eduardo), os «leões» fecharam o plantel com três reforços no último dia, todos opções ofensivas e por empréstimo. O espanhol Jesé, cedido pelo PSG, é o nome mais sonante, a que se juntam Fernando, que chega do Shakhtar, e Bolasie, do Everton. Do lados dos gastos o leão foi comedido, sendo Rosier o reforço mais caro, com valor estimado de oito milhões de euros. Vietto chegou no âmbito do acordo com o At. Madrid por Gelson Martins.

O último dia trouxe de resto mais novidades, e alguns nomes sonantes. Como Lucas Piazón, que chegou ao Rio Ave por empréstimo do Chelsea, a reforçar uma tendência deste mercado na Liga, a chegada de alguns jogadores com ligações a grandes da Europa e que procuram relançar a carreira no futebol português. Também o V. Guimarães assegurou Marcus Edwards, jogador que pertencia aos quadros do Tottenham e chega em definitivo. Mas há outros exemplos, de Enzo Zidane (Desp. Aves) a Marlos Moreno (Manchester City), passando por várias promessas que rumaram a Famalicão vindos de At. Madrid, Valencia ou Wolverhampton, aproveitando as ligações da SAD.

O Sp. Braga também deixou para o último dia dois reforços com peso: o central Wallace, um regresso agora proveniente da Lazio, e Uche Agbo, médio que chega do Standard Liége, onde foi treinado por Sá Pinto.

Num mercado onde os empréstimos entre clubes da Liga têm menos pesos que em épocas anteriores, por força dos regulamentos, há a assinalar vários regressos ao futebol português. E aí foi o Sp. Braga a liderar essa aposta, com André Horta, Eduardo ou Rui Fonte, além de Wallace.

Os chamados «grandes» dominam as atenções, mas foram dos clubes mais comedidos em contratações, num defeso marcado por mudanças profundas em vários plantéis. Ao todo, são mais de 200 as caras novas da Liga. O recordista de contratações é o Famalicão, com 26 caras novas, mas o também recém-promovido Gil Vicente, com 23 reforços, não fica muito atrás. O Desp. Aves, que tem 19 jogadores novos, foi outro dos clubes que revolucionou o plantel. Entre os mais comedidos estão Rio Ave e Santa Clara, com oito reforços cada um.

Todas as transferências da Liga 2019/2010