O Belenenses, clube, vetou a alteração de estatutos que previam a diminuição dos direitos especiais do clube na sociedade desportiva, segundo afirmou esta quarta-feira o presidente Rui Pedro Soares.

Após assembleia-geral da SAD do Belenenses, realizada na terça-feira, Rui Pedro Soares apresentou o relatório e contas relativo à temporada 2018/19, a primeira desde o litígio entre as duas entidades, que levou à saída da equipa de futebol profissional do estádio do Restelo para o Estádio Nacional.

Os estatutos da sociedade anónima desportiva (SAD) preveem um conjunto de poderes especiais para o clube que Rui Pedro Soares explicou serem «muito mais amplos do que os previstos na lei», e a alteração desses estatutos só é possível com o voto favorável do clube do Restelo.

Rui Pedro Soares explicou que a Codecity Sports Management, acionista maioritária do capital da SAD, «apresentou uma proposta de alteração de estatutos», para que os direitos especiais do clube fossem apenas «os que estão previstos na lei».

Contudo, o clube, presidido por Patrick Morais de Carvalho, vetou a alteração, o que Rui Pedro Soares considerou uma possível «alteração de posicionamento», depois do anúncio da venda dos dez por cento de participação que o clube detém na SAD.

«É mais um sinal do interesse que o clube tem nesta sociedade e da forma como vê o futuro desta sociedade. Quis manter um conjunto de direitos especiais que a lei não prevê. Traduz bem a forma como o clube continua interessado e a participar na vida desta sociedade», realçou.

Apesar de o Estádio Nacional ser «extraordinário», Rui Pedro Soares considerou que a vontade era «jogar no Restelo», mas assegurou que, caso o litígio entre clube e SAD se mantenha, será preciso tomar «decisões duradouras».

«Se o Clube de Futebol Os Belenenses mantiver uma direção que não quer a SAD a jogar no Restelo e fazer do Restelo um negócio imobiliário, não podemos ficar à espera que a situação se inverta», sublinhou.

Rui Pedro Soares lamentou ainda que o investimento nas infraestruturas, por parte do clube, tenha deixado «de ser uma prioridade» e considerou que o Belenenses se começou a «atrasar significativamente no futebol em Portugal», pela falta das mesmas, reforçando a necessidade da construção de um centro de estágio.

O relatório e contas relativo à temporada desportiva 2018/19 foi aprovado com o voto a favor da Codecity Sports Management, apesar dos votos contra do clube e de dois pequenos acionistas, apresentando um resultado líquido positivo acima dos 100 mil euros (103.506,92 euros).

O passivo do Belenenses SAD, que se encontra atualmente acima dos 11 milhões de euros (ME), sofreu um aumento superior a 1,5ME, tal como o ativo (cerca de 5ME), justificado pela transferência do futebolista Reinildo Mandava para o Lille, que engloba 24 por cento do passivo, pois tem «prazos de pagamento que se vencem após o fecho deste exercício».

Foi também referido um empréstimo à Académica, da II Liga, no valor de 120 mil euros, «para permitir que esta entidade pagasse um conjunto de dívidas sem as quais não se conseguiria inscrever para disputar as competições profissionais de futebol», entretanto restituído, após o fecho do exercício.

Já a equipa de sub-23, teve um investimento de um milhão de euros, que Rui Pedro Soares considerou «plenamente justificado», acreditando que a aposta na formação «é um sucesso extraordinário».