O Benfica misturou doses irrazoáveis de sorte, força e talento para vencer o Sp. Braga e segurar desde já a liderança da Liga.

Curiosamente fez as coisas exatamente por esta ordem: primeiro meteu sorte, depois acrescentou-lhe força e por fim introduziu umas pitadas de talento. Agitou tudo e serviu a um Estádio da Luz coberto de entusiasmo até às orelhas, por mais de 61 mil alminhas que prometem empurrar esta equipa até o título seja de que forma for. Enfim, foi uma mesa farta, como já se percebe.

Mas convém recuar no tempo para sublinhar que a goleada começou num golpe de tremenda sorte. O Sp. Braga entrou melhor e nos primeiros onze minutos dispôs de duas soberanas ocasiões de golo: primeiro Wilson Eduardo atirou ao poste, depois Rafa falhou isolado na cara de Ederson.

Curiosamente a fortuna encarnada já não é nova

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Há precisamente uma volta, no jogo em Braga, a formação de Paulo Fonseca já tinha atirado três bolas aos ferros. Esta noite foram duas (para além de Wilson Eduardo, também Hassan acertou no poste), pelo que ao todo foram cinco bolas, ao todo.

Ora o Benfica fez sete golos, nos dois jogos, pelo que a diferença no futebol produzido não terá sido assim tão grande: no fundo o que desequilibrou foi mesmo a eficácia.

Já que se fala no jogo de Braga, convém acrescentar o que mudou neste Benfica numa volta completa: há 17 jogos, no início de uma partida disputada no final de novembro, a formação de Rui Vitória era quarta classificada. Jonas começava no banco, Guedes ainda era titular (hoje ficou na bancada) e Renato Sanches fazia o segundo jogo no onze inicial.

A equipa vinha de uma derrota em Alvalade e de um empate no Cazaquistão, pelo que vivia cheia de dúvidas: tremia por todos os lados, sem saber muito bem que caminho seguir.

Desde então, e em 25 jogos, somou 22 vitórias, duas derrotas e um empate. No campeonato, de resto, somou 16 vitórias, um empate e uma derrota. Com isso subiu ao primeiro lugar, afastou todas as dúvidas, caminha por estes dias totalmente confiante e autoritária. Enfim, virou do avesso.

Por que o fez?

Essencialmente porque encontrou uma forma de jogar. Encontrou um fato que lhe assenta bem e que parte de dois pressupostos simples: defender bem e sair muito rápida para o ataque.

Ora é aqui que entra o segundo condimento da noite: a força.

Este Benfica é uma equipa que ataca bem porque defende bem: tudo parte, aliás, da retaguarda. Sobe a defesa, diminuiu o campo e não deixa o adversário sair. Nem que para isso seja necessário fazer faltas, e este Benfica faz realmente muitas faltas que travam constantemente o futebol.

É uma equipa forte, agressiva, enérgico, contando com a combatividade de Renato Sanches, mas também com a dureza de Jonas (ele que está um senhor jogador, até a defender) e com a excelente ocupação de espaços feitos por Pizzi e Gaitán, sobre as alas.

Veja quem mais se destacou na goleada do Benfica

Ora por isso, e depois de com alguma sorte ter mantido a baliza intocável nos minutos iniciais, o Benfica começou a dominar o jogo e abriu o marcador numa jogada que lhe assenta bem.

O Sp. Braga tentou sair a jogar, os encarnados pressionaram fortes, provocaram o erro e permitiram a Mitroglou rematar para o golo inaugural. A partir daí nada mais foi igual, refira-se.

O Benfica estabalizou, fez o segundo de penálti, o terceiro numa bela jogada em que Jonas assistiu Pizzi com as costas e partiu para uma noite de muito talento: lá está o terceiro ingrediente.

Quase sempre em saídas rápidas, Pizzi distribuiu futebol a régua e esquadro, Gaitán encheu o relvado de pormenores de classe, a equipa fez mais dois golos e desperdiçou uma série de ocasiões. Pelo meio chegou aos cem golos nesta época, em todas as competições, o que diz tudo sobre a capacidade goleadora desta equipa: um rolo compressor que vai atropelando os rivais mais frágeis.

A liderança vem por acréscimo e está para ficar.