José Magalhães, o adepto do Benfica agredido junto ao Estádio D. Afonso Henriques, diante do pai e dos filhos, garante que não cuspiu no polícia antes das agressões registadas pela CMTV que se tornaram virais nas redes sociais. O empresário de 43 anos, natural de Matosinhos, foi ouvido em tribunal esta segunda-feira, acusado de injúrias, e, no final, contou a sua versão da história.

MAI abre inquérito a agressões a família após V. Guimarães-Benfica
 
Logo após o final do jogo, numa altura em que a equipa do Benfica ainda festejava no relvado, José Magalhães, a pensar nos filhos, sentiu-se preocupado com o fumo dos muitos petardos que rebentaram e pelos festejos mais exaltados de alguns adeptos e procurou uma saída lateral para o exterior do estádio. «Dirigi-me às galerias de acesso às portas de saída, para irmos embora. Tinha um miúdo com nove anos que dava sinais de perturbação e desidratação, dado o calor que estava lá dentro, aos fumos e aos petardos e aos adeptos que estavam a dançar com alguma violência para os miúdos. Estava preocupado e tentei sair», começou por contar.
 
Os funcionários do Vitória facilitaram a saída por uma porta transversal, mas o pior foi depois. A família Magalhães encostou-se a um muro para beber água quando foi abordada pelo comandante da esquadra de Investigação Criminal da PSP de Guimarães. «O dirigente dirigiu-se a mim a perguntar porque é que tínhamos saído lá de dentro. Estava a explicar o que aconteceu ao miúdo e o que se passava no interior do estádio e, quando estava a gesticular, de um momento para o outro, dou por mim com ele em cima de mim à bastonada», prosseguiu. Foram momentos de pânico, sobretudo, pela presença dos filhos de 9 e 13 anos. «O meu pânico foi geral porque o vi a bater no meu pai e os miúdos estavam numa aflição geral», acrescentou.

Auto da polícia fala em «cuspidela»: «É falso»
 
José Magalhães acabou por ser detido e libertado por volta da meia-noite acusado de injúrias às autoridades. No auto da PSP consta que José Magalhães terá, inclusive, cuspido no polícia. O empresário de Matosinhos nega. «Isso é falso. Fico preocupado com essas afirmações. A gente tem uma imagem da PSP que é alguém nos defende e que olha pelos nossos interesses. Sinceramente, senti insegurança quando estava lá dentro com os meus filhos e de segurança quando vim cá para fora. Foi um alívio estava rodeado de agentes da PSP. Algum dia imaginei que ia ser agredido? Algum dia imaginei faltar ao respeito à polícia?».
 
A advogada de José Magalhães, Sónia Carneiro, confirmou que o seu cliente foi acusado de injúrias e assumiu que no auto consta que o adepto terá cuspido no comandante. «Temos um processo de inquérito, ele prestou declarações, foi confrontado com o auto da PSP, basicamente diz o que vocês já sabem. Tem a ver com esse tipo de insinuações que a polícia faz. Estou muito contente que existam muitas televisões hoje em dia e que a CMTV tenha filmado tudo, para nós percebermos como um auto pode ser manipulado da forma mais chocante», comentou.
 
José Magalhães lamenta, sobretudo, o impacto que este incidente posso ter sobre os filhos. «O meu filho joga futebol no Leixões e ontem disse-me que não quer ser jogador de futebol. Confrontado com estas declarações de um miúdo de nove anos é terrível, mas pronto», destacou ainda José Magalhães.