A festa na Luz a minutos do apito inicial transmitia a (falsa) sensação de que o Benfica já tinha vencido o jogo mesmo antes de jogá-lo.

O tropeção do FC Porto nos Açores amplificou ainda mais o entusiasmo dos adeptos encarnados, mas não há verdade maior do que a de que os jogos só se vencem quando estão terminados.

Mas neste sábado ficou desde cedo bem vincado que a vitória não escaparia à equipa de Roger Schmidt, que atingiu a décima vitória em 11 jogos na Liga 2022/23, cimentou a liderança e elevou para oito os pontos de vantagem sobre o atual campeão nacional.

A forte entrada das águias materializou-se logo aos 2 minutos quando David Neres – pela primeira vez titular em quase um mês – atirou de fora da área para um grande golo. Antes disso, já as águias somavam dois cantos diante de um Desportivo de Chaves que só pareceu estabilizar – mas pouco – já bem depois do 2-0 de Grimaldo (10m de livre direto) e de mais um par de ocasiões de golo esbanjadas (que o diga Gonçalo Ramos aos 29m).

No admirável mundo novo da Luz viram acrobacias, malabarismos e momentos de magia, como aquela combinação dupla de calcanhar entre João Mário e Grimaldo na reta final da primeira. O tal «Rogerball» de uma equipa tão insaciável que, por vezes, parece poder apenas ser derrotada por si própria.

Como naqueles cinco minutos para lá da meia-hora de jogo e nos quais os jogadores do Benfica acumularam erros não-forçados, provocados não pelos flavienses mas por aparente excesso de confiança que a equipa de Vítor Campelos - que vencera em Alvalade e em Braga já nesta temporada - não foi capaz de aproveitar em três ocasiões quase sucessivas.

A Luz, porém, voltou a estabilizar pouco depois, quando Gonçalo Ramos fez o 3-0 aos 37 minutos.

A segunda parte jogou-se ao ritmo que o Benfica quis. Rápido quando quis, tendencialmente a velocidade-cruzeiro, mas nunca devagar.

Aos 54 minutos viu-se o momento mais bonito da noite, quando Enzo celebrou o 4-0 após mais uma aula de futebol total – ou de «Rogerball» - cancelada por 18 centímetros.

Gradualmente, começou também a jogar-se o jogo de quarta-feira em Israel, com gestão lógica de Schmidt na forma como foi refrescando a equipa nos últimos 30 minutos.

Musa, que foi a jogo para o lugar de Gonçalo Ramos, fez o 4-0 aos 81 minutos e, a fechar, o inevitável Rafa fez o quinto no admirável mundo novo da Luz.