O ciclo de clássicos da primeira volta da Liga 2022/23 fecha neste domingo com o Benfica-Sporting. É o dérbi eterno, diga a classificação o que disser, e é um duelo que tem sempre muito em jogo e também tem muito que ver com a luta pelo campeonato, isso é a história a dizê-lo. Os títulos podem não se decidir nesses jogos, mas quem sai por cima nos confrontos diretos entre os três «grandes» é na maioria das vezes campeão. Os clássicos são, portanto, o espelho do equilíbrio de forças a cada época. Na última década esse campeonato particular tem sido dominado por Benfica e FC Porto, ainda que os leões tenham somado pontos nas épocas mais recentes.

Para as contas deste «campeonato» na atual temporada ainda faltam quatro clássicos. Por agora, o Benfica tem uma vitória, garantida no Dragão, e o FC Porto outra, frente ao Sporting. Os «leões» procuram somar domingo na Luz os primeiros pontos da época em clássicos, antes de uma segunda volta em que receberão os dois rivais. Os dragões, por sua vez, terão de visitar Alvalade a Luz, enquanto o Benfica vai receber o FC Porto e joga em Alvalade na penúltima jornada.

Amorim à procura de uma rara segunda vitória seguida

O dérbi da Luz chega com os dois rivais muito distantes. O Benfica lidera o campeonato, agora com seis pontos de vantagem sobre o segundo classificado, um Sp. Braga que venceu as águias há duas jornadas e volta a intrometer-se nestas contas, a crescer cada vez mais em consistência e estatuto. O Sporting chega à Luz a 12 pontos de distância, a precisar muito de uma demonstração de força para não descolar pelo menos do segundo objetivo, a luta pelo segundo lugar.

Naquela que será a estreia de Roger Schmidt em dérbis, Rúben Amorim procura reforçar o seu saldo com as águias. Como treinador do Sporting, soma seis confrontos com o Benfica. Venceu três vezes e perdeu outras três. Duas dessas vitórias aconteceram na época passada. Além do triunfo que valeu a Taça da Liga, no final de Leiria em janeiro de 2022, o Sporting foi à Luz ganhar por 3-1 na 13ª jornada da Liga, para se manter lado a lado com o FC Porto na frente e deixar o Benfica a quatro pontos.

Foi a primeira vitória do Sporting na Luz em seis anos – a última tinha sido o triunfo por 3-0 na primeira volta de 2015/16, com Jorge Jesus no banco dos «leões». Antes disso, era preciso recuar a 2006 para encontrar outro triunfo dos leões como visitantes no dérbi para a Liga.

Agora, o Sporting procura a segunda vitória consecutiva para a Liga em casa do rival, algo que é muito raro. Só aconteceu por quatro vezes em toda a história, a última das quais em 2002/02 e 2003/04. Muito lá para trás, o Sporting chegou a encarreirar três triunfos seguidos, entre 1939 e 1941, com Joseph Szabo no banco.

O peso dos Clássicos na história

O Benfica tem clara vantagem histórica no dérbi em sua casa. Foram até aqui 88 confrontos para a Liga, com 48 vitórias das águias, 24 empates e 16 triunfos do Sporting. Ainda que cada um desses jogos tenha uma história. Há duas épocas, por exemplo, o Benfica venceu por 4-3, mas esse louco dérbi da penúltima jornada aconteceu com o Sporting em descompressão, depois de já ter garantido a conquista do campeonato e o fim do longo jejum de 19 anos sem títulos.

Aquela derrota na Luz em maio de 2021 impediu o Sporting de terminar a Liga como vencedor isolado do «campeonato dos clássicos» dessa temporada. Somou cinco pontos nos duelos com Benfica e FC Porto, tantos quanto as águias. O FC Porto empatou os quatro clássicos. Ainda assim, esteve em linha com a regra de equivalência entre a hegemonia nos clássicos e o título.

Historicamente, quatro em cada cinco títulos da Liga são ganhos pela equipa que foi melhor nos clássicos. A última década seguiu essa tendência, com uma exceção absolutamente inédita. Em 2015/16, o Benfica de Rui Vitória foi a primeira equipa de sempre a chegar ao título depois de perder três dos quatro clássicos da época na Liga. Com a vitória em Alvalade à 25ª jornada, passou para a frente do Sporting e fez a festa no fim. Nesse ano os leões, orientados por Jorge Jesus, somaram três vitórias nos clássicos e venceram o tal «campeonato dos grandes», mas terminaram em segundo.

A tendência da última década

Essa foi a única vez nos últimos 10 anos que o Sporting venceu isolado este «campeonato», para azar dos leões precisamente no ano da exceção que confirmou a regra. Os leões também foram os únicos neste período a terminar uma época sem somar um único ponto nesses jogos. Aconteceu em 2019/20, quando terminaram no quarto lugar. Amorim, que chegou no decorrer da época, ainda esteve no banco nos dois clássicos da primeira volta, tendo perdido ambos.

Nessa época, o FC Porto conseguiu algo que é ainda mais raro: vencer todos os clássicos. Foi apenas a terceira vez na história que aconteceu. O FC Porto de Sérgio Conceição, versão 2019/20, juntou-se ao de José Mourinho, que já o tinha feito em 2002/03, e também ao Benfica de 1971/72.

Olhando para as últimas dez temporadas, a correspondência entre o campeão e a equipa mais forte nos clássicos é óbvia. Benfica e FC Porto foram as equipas mais vencedoras deste «campeonato», O Sporting conseguiu com Rúben Amorim ganhar peso nessas contas, embora ainda não tenha conseguido vencer o FC Porto para a Liga: em seis confrontos, tem quatro empates e duas derrotas.

Os pontos no «campeonato» entre os grandes nas últimas dez épocas:

21/22 - FC Porto campeão

FC Porto 8

Sporting 5

Benfica 3
 

20/21 – Sporting campeão

Sporting, 5

Benfica, 5

FC Porto, 4

19/20 – FC Porto campeão

FC Porto, 12

Benfica, 6

Sporting, 0

18/19 – Benfica campeão

Benfica, 9

FC Porto, 4

Sporting, 2


17/18 – FC Porto campeão

FC Porto, 8

Sporting, 3

Benfica, 3

16/17 – Benfica campeão

Benfica, 6

FC Porto, 5

Sporting, 4

15/16 – Benfica campeão

Sporting, 9

FC Porto, 6

Benfica, 3
 

14/15 – Benfica campeão

Benfica, 6

FC Porto, 5

Sporting, 3

13/14 – Benfica campeão

Benfica, 7

FC Porto, 6

Sporting, 4


 

12/13 – FC Porto campeão

FC Porto, 8

Benfica, 7

Sporting, 1