O Benfica-Sporting de 14 de maio de 2005, que os encarnados venceram por 1-0 com um golo de cabeça de Luisão, aos 83 minutos, e que tanta polémica provocou, foi o pretexto para a conversa em direto entre Ricardo Rocha, o anfitrião de um live que o Sport Lisboa e Benfica promoveu no seu Instagram.

Com o tema a ser esse, não podia faltar o protagonista desse encontro, o penúltimo do Benfica na caminhada para o título de 2004/2005, depois de 11 anos de jejum. Luisão acabou por falar do lance capital desse triunfo, quando Petit cruzou para a área e Luisão desviou de cabeça para o fundo da baliza do Sporting.

Um momento que para muitos ficou como a sua imagem mais marcante numa carreira de 16 anos de águia ao peito.

«Todos escolhem esse momento como o mais marcante da minha passagem pelo Benfica. Chego a encontrar pessoas que me dizem que estavam no estádio, que eram crianças e que viveram essa grande emoção. Nessas alturas é que eu penso que estou mesmo velho. Depois do golo não me lembro de mais nada, a cabeça parecia estar noutro planeta, parecia que não estava a acontecer-nos ganhar este jogo, foi um momento espetacular», disse Luisão.

Polémica não faltou depois desse golo, já que o triunfo catapultou as águias para a liderança isolada do campeonato, que partilhavam até então com os leões, com muitos protestos de um eventual lance de falta de Luisão sobre o guarda-redes Ricardo que o árbitro, Paulo Paraty, não terá assinalado.

«Eu não acreditava que conseguia chegar à bola. O Petit bateu o livre e eu saltei antes, pois pensei que não conseguisse desviar a bola, mas acabei por fazê-lo e foi golo. Até hoje os adeptos do Sporting falam sobre se eu toquei no Ricardo ou não. Nós somos rivais dentro de campo, mas fora somos amigos. Já me encontrei com ele num curso da FPF, falámos sobre esse golo, e até brincámos sobre o lance», referiu o antigo defesa-central do Benfica.

Luisão tornou-se uma referência da história do Benfica, num caso raro de longevidade, ao abandonar a carreira depois de 16 anos ao serviço do clube, em setembro de 2018, com o brasileiro a dizer que ainda hoje lhe custa acreditar na dimensão que alcançou de águia ao peito.

«Eu não tenho noção porque as coisas, no Benfica, vivem-se de forma tão intensa que parece que foi num estalar de dedos. Fui mais um que ajudou, acho que o que fica é que conseguimos plantar alguma coisa no clube para que fosse o que é hoje. Talvez eu tenha chegado onde cheguei porque nunca desisti no início e fui persistente em conseguir o meu sonho», revelou o ex-jogador. 

Luisão acabou a carreira na Luz aos 38 anos, e só conheceu três clubes na vida, a Juventus de São Paulo e o Cruzeiro de Belo Horizonte do Brasil e o Benfica. Ao serviço dos encarnados o «girafa», alcunha pela qual ficou conhecido, conquistou por seis vezes a Liga, em três ocasiões a Taça de Portugal e em quatro a Supertaça Cândido de Oliveira.