Antecipado no calendário, antecipado na resolução.

O Benfica foi mais cedo do que o previsto a Paços de Ferreira devido à participação na Liga dos Campeões em fevereiro. E também cedo resolveu a questão.

Num duelo de extremos, líder contra último, a equipa de Roger Schmidt já vencia por 2-0 aos 11 minutos. Reflexo de uma entrada a todo o gás, com uma obra de arte de Grimaldo de livre – bem ao jeito e ao estilo do espanhol – e uma jogada coletiva bem desenhada, concluída por João Mário.

No regresso de Otamendi ao onze inicial e na estreia de Gonçalo Guedes a titular após o regresso à Luz – Morato e Draxler saíram – o Benfica mostrou rápido que não estava para deixar andar.

Tal como nos Açores, cedo construiu vantagem de dois golos. Apesar do pouco tempo de jogo, não surpreendeu pela postura ofensiva das águias.

Classe de Grimaldo a abrir

Enzo deixou a primeira ameaça e, depois de uma falta sobre Gonçalo Guedes à entrada da área, Grimaldo voltou a fazer das suas. Um remate seco, a perder altura depois de passar a barreira. E golo. Marafona ainda tocou, mas não evitou o quinto golo do espanhol em 2022/23. O quarto de livre.

E ficou pior para os castores quando João Mário dobrou a diferença ao fim de quatro minutos, contrariando a reação pacense. A jogada foi bem construída desde trás, de Bah a Enzo, passando por Gonçalo Ramos no apoio. Depois, Gonçalo Guedes investiu na ação individual para isolar Aursnes, que viu João Mário concluir após uma defesa de Marafona, enquanto se pedia um fora de jogo não existente do norueguês.

Por essa altura, já o Paços tentava povoar o meio-campo ofensivo. Umas vezes com mérito a fugir das marcações, outras por notório baixar de ritmo do Benfica, que apesar de alguns sustos, não perdia o controlo.

Seguro com e sem bola, o Benfica teve vários aspetos que permitiram um jogo competente. Por exemplo, as constantes subidas e largura dada por Grimaldo na esquerda. A por vezes omnipresença de Aursnes a dar linha, variabilidade e superioridade na construção atrás e na definição mais à frente. A segurança de Enzo na zona central, com qualidade no passe e na variação do centro de jogo. A irreverência e vontade de Gonçalo Guedes. Um coletivo sólido e confiante.

O resultado podia ter sido diferente ao intervalo, com mais golos. Para Paços ou Benfica. Nigel Thomas teve a melhor ocasião, com um excelente remate. Bateu no poste, como está a bater, de certo modo, a reação de quem quer sair rápido do fundo da tabela, mas com duros golpes, como o da derrota com o Sp. Braga.

Antes, já Marafona tinha brilhado a remate de Aursnes (24m) e Gonçalo Guedes quis repetir a dose dos Açores, mas a bola passou a rasar o poste (34m).

Ramos sai lesionado, Paços bate de novo no poste

Na segunda parte, Gaitán – numa noite esforçada, mas nem sempre feliz – não aproveitou cedo um erro de Otamendi e o Paços voltou a não ter grande hipótese de relançar-se até ao minuto 73, quando Thomas voltou a rematar ao poste. Foi até, a partir daí, que a equipa da casa deu uma resposta mais vincada, perante um Benfica mais cómodo com o jogo e o resultado, menos bem na segunda parte do que na primeira.

Por essa altura, já Gonçalo Ramos saíra com queixas físicas – entrou Musa – e o Benfica ia controlando o jogo. Pôs-se a jeito porque a vantagem quase encurtou, mas também podia ter aumentado. Houve vários ataques, mas menos definição. Ou chegada tardia à bola, como com Musa (83m).

O Paços, que foi fechando a baliza com compromisso, mesmo vendo a missão de pontuar mais difícil, nunca desistiu e Delgado viu Vlachodimos negar nova boa ocasião (87m). E como não há duas sem três, o recém-entrado e estreante Fábio Gomes mandou nova bola ao poste no último lance do jogo.

Faltou mesmo o golo aos castores, numa noite em que o Benfica acabou por resolver cedo aquilo que foi antecipado.