Sinal vermelho para o campeão nacional no Minho. A primeira derrota na competição e o FC Porto a apenas um ponto (V. Guimarães e Sporting logo atrás, em fila), fazendo soar os alarmes na estrutura do Benfica. A equipa de Jorge Jesus não recuperou o domínio de jogo após o empate do Sp. Braga e consentiu o golo decisivo ao minuto 81.

Mérito tremendo para a equipa minhota, apoiada na incontestável qualidade de Pedro Tiba e na velocidade desconcertante de Pardo. O golo de Talisca, mais um na Liga, não bastou para os homens de Jorge Jesus. O treinador, curiosamente, deixou Derley em Lisboa - segundo informação posterior, o avançado sofreu uma lesão - e Bebé na bancada. Lançou Jonas quando sentiu o jogo a escapar mas não foi além da primeira substituição.

Jorge Jesus previra um jogo com a intensidade de Liga dos Campeões e foi isso mesmo que encontrou no Minho (aliás, a equipa terá sentido algum cansaço após o verdadeiro compromisso na Champions, esta semana?). Vitória para um Sp. Braga com espírito de quarto grande.

Sérgio Conceição não surpreendeu a reforçou a confiança em Zé Luís, optando pela continuidade de Éder no banco de suplentes. Porém, a entrada em campo causou estupefação, já que o internacional português surgiu de início e o avançado cabo-verdiano não estava na linha do horizonte.

Problema físico de última hora a justificar a alteração forçada na ponta da lança arsenalista. Do outro lado estava um Benfica sem Jonas, ao contrário do que foi sendo escrito. Jorge Jesus fez uma alteração, devolvendo a titularidade a Samaris, mas manteve a confiança em Lima na frente. Afinal, o brasileiro tinha marcado nas últimas deslocações a Braga.

Sem tempo para respirar

Lima deixou a sua marca, é certo, ao segundo minuto de jogo (fez pouco mais a a partir daí). Um toque simples a iniciar um lance vistoso, com Gaitán a lançar de primeira a velocidade de Eliseu e este a trabalhar bem, servindo Talisca para o sétimo golo na Liga. Mais um para o impressionante registo do antigo jogador do Bahia.

O Benfica entrou à campeão, autoritário e perigosíssimo nas transições ofensivas. O Sp. Braga tremeu, sentiu um sufoco impressionante no primeiro quarto-de-hora e demorou a recompor-se. Não lhe falta personalidade, ainda assim, e isso tornou-se evidente de forma progressiva, com a mudança no domínio de jogo.

Perto da meia-hora, uma ofensiva do Sp. Braga abriu caminho para uma resposta imediata do Benfica. O jogo andava assim, cá e lá. Lima armou o remate mas Pedro Tiba aliviou para o meio-campo contrário. Surgiu Ruben Micael a servir Pardo, este a virar para Éder e o golo do empate.

Ao minuto 28, Braga voltou a ser do Braga e, verdade seja dita, o Benfica não mais recuperou a pose altiva.

A história não pode ser contada sem uma infeliz referência à equipa de arbitragem liderada por Marco Ferreira. Fica o resumo de lances polémicos acumulados, para depois regressar ao futebol.

Entrada dura de Aderlan Santos sobre Talisca (7m), amarelo criticado; Eliseu faz penálti sobre Pardo (34m), jogada segue; triplo erro ao minuto 52: Pardo arranca em fora-de-jogo, cai na área com toque de Lisandro, vê amarelo por simulação; Ruben Micael amarelado em entrada muito dura sobre Jonas (79m); André Pinto agarra Gaitán na área do Sp. Braga (85m). Demasiados erros.

O jogo não terminaria sem a habitual confusão a envolver tudo e todos, à volta dos bancos de suplentes. Capítulos infelizes de uma película com bom futebol. Voltemos ao que merece ser recordado. 

Benfica deixou de ser Benfica 

O Benfica deixou de ser Benfica ao minuto 28. Restavam os extremos a anunciar desequilíbrios esporádicos e tudo o mais soava a descontrolo. Pedro Tiba – que jogo! - ganhava vários duelos a Enzo Pérez e Samaris nem se envolvia na luta, voltando a parecer uma unidade fora de contexto. Lima desapareceu, Talisca ficava-se pelo golo, Eliseu sofria com o velocíssimo Pardo.

Jorge Jesus sentia o jogo a escapar e enviava um sinal para dentro do retângulo de jogo, trocando o errante Samaris por Jonas. Porém, a equipa da casa continuava por cima. E seria Sérgio Conceição a sorrir com a aposta em Salvador Agra. O extremo saltou do banco para trabalhar sobre Maxi e rematar colocado ao minuto 81, já após um falhanço escandaloso de Éder.

O Sp. Braga segurou a vantagem sem preocupações estéticas e Matheus agigantou-se no último lance do encontro, negando por duas vezes o golo do empate. A formação arsenalista terminou a partida com apenas dez unidades, face à expulsão de Danilo, no meio daquela confusão que não merece mais linhas desta crónica.

O campeão nacional lamentará certamente a falta de sorte nos instantes finais mas cometeu demasiados erros. E fica a dúvida: não havia mais soluções no banco do Benfica? Jesus fez apenas uma substituição.