Luís Filipe Vieira considera que Jorge Jesus não renovou com o Benfica porque já tinha tomado a decisão de sair há algum tempo. Em entrevista ao «Record», publicada nesta quinta-feira, o presidente encarnado diz que o técnico não mostrou interesse em ficar, e desvaloriza a sua saída para o Sporting.
 
«Pensei que os seis anos fariam a diferença. Fez a sua opção. Respeito. A vida continua. O Benfica é maior do que qualquer treinador, jogador ou dirigente», diz Vieira.
 
Confrontado com as explicações dadas por Jorge Jesus, que disse que não se tinha sentido desejado no último ano, o presidente do Benfica recua no tempo: «Há dois anos, quando perdemos tudo em quinze dias, Jesus sabia que não era desejado por quase ninguém e isso não o impediu de renovar, pois não?»
 
«No final da época passada afirmei publicamente que se Jesus quisesse renovar nas mesmas condições, era só assinar. Nunca me disse nada, nunca manifestou vontade de o fazer. A meio da época disse que no final da temporada falaríamos. Terminou a temporada, reuni o conselho de administração e todos se pronunciaram a favor da renovação. Acha que isto não é ser desejado?», acrescenta Vieira, que no entanto diz que entre a administração «houve quem se pronunciasse sobre aspetos positivos relativamente a uma mudança de treinador, sobretudo em função de alguma informação que já havia sobre a vontade de Jesus mudar de ares».
 
«Mas isso não interessa, a decisão dele – viemos a perceber pouco depois – já estava tomada há algum tempo, meses talvez», conclui o dirigente.
 
No que diz respeito a Maxi Pereira, que rumou ao FC Porto em final de contrato, Vieira assume que já não tem a «visão romântica de antigamente». «Fizemos tudo o que podíamos para o manter no plantel. A opção dele foi outra. O Benfica continua. Não há insubstituíveis», complementa.
 
A propósito de Maxi Pereira, mas também de Iker Casillas, Vieira diz que são «reforços de peso a nível competitivo mas também a nível salarial». «Vieram para o futebol português jogadores com vencimentos que até há algum tempo diria que não eram possíveis. Mas da casa deles são eles que devem tratar. No Benfica não vamos por esse caminho, pois entendo que seria muito arriscado para o futuro do clube», garante.
 
Na entrevista o presidente do Benfica deixa também um elogio a Rui Vitória, dizendo que o técnico «até agora superou as expectativas». «Já o conhecia, passou por aqui num tempo bem diferente do atual, mas sinceramente está num patamar acima daquilo que esperava, e creio que vamos ver isso dentro de campo», justifica.
 
O técnico que estava em Guimarães «foi contratado por ser competente, por ter provado que tinha capacidade para chegar aqui, e acima de tudo para ganhar», ainda que a escolha esteja assumidamente relacionada com a vontade de apostar mais na formação.
 
Questionado se essa foi uma lacuna do trabalho de Jorge Jesus, Vieira diz que nem precisa responder. «O facto de todos estes miúdos terem saído tão cedo é resposta suficiente», diz o líder encarnado, referindo-se a casos como Bernardo Silva, João Cancelo ou Ivan Cavaleiro.
 
No que diz respeito à definição do plantel para 2015/16, o presidente do Benfica lembra que «tirando a saída de Maxi e a lesão de Salvio, a base da equipa bicampeã está quase toda». «Se o Benfica tem 90 por cento da equipa bicampeã não vejo motivos para ter muitos reforços», argumenta, embora assumindo que o plantel «nunca está fechado». Mas no que diz respeito ao lado direito da defesa, «essa posição não vai ser mexida de certeza».
 
Mesmo relativamente a saídas, e questionado concretamente sobre Jonas e Gaitán, Vieira diz que «nada é definitivo». «Não há promessa de nada», acrescenta sobre o argentino. «O Gaitán está a ser cobiçado, isso posso confirmar. Mas também posso confirmar que só sairá se for benéfico para o clube e para ele. Se ficar, fica muito bem, motivado e com a mesma ambição de sempre», afiança.
 
«Até final de agosto fica tudo resolvido» relativamente às renovações de contrato com Júlio César, Jonas, Salvio e Lima, acredita Vieira. «Posso dizer que 70 a 80 por cento já está acordado», especifica.
 
O presidente do Benfica fala ainda das eleições da Liga, reiterando o apoio a Luís Duque: «Por que razão temos de mudar quando se estava a ir na direção certa?»
 
Quanto ao apoio do Sporting a Pedro Proença, o líder encarnado diz que da parte leonina «há total coerência», e que «a colagem do FC Porto ao Sporting é que surpreende». «Historicamente era ao contrário, e depois do que o presidente do Sporting disse de Pinto da Costa ainda mais surpreendente é», aponta.
 
«Nunca o meu nome será associado a um apoio a Pedro Proença», resume ainda.