O presidente do Boavista, Vítor Murta, destacou o papel do empresário hispano-luxemburguês Gérard Lopez, que «ajudou a dar um futuro» ao clube, desde que se tornou acionista maioritário.

«Estávamos com imensas dificuldades para ir cumprindo com as nossas obrigações, algo que, inevitavelmente, se iria adensar com o passar do tempo. Acredito que, se Gérard Lopez não tivesse entrado no capital social da SAD, muito dificilmente conseguiríamos estar a competir nos campeonatos profissionais de futebol. A própria inscrição da equipa tem de respeitar uma série de imposições legais, nomeadamente financeiras, que só são possíveis de serem satisfeitas através do suporte que Gérard Lopez nos dá», explicou à agência Lusa.

Vítor Murta sublinha que o acionista é importante para que o Boavista «encontre soluções para resolver problemas e, aos poucos, consiga atenuar o peso financeiro do passado».

«Não posso iludir as pessoas e dizer que está tudo bem, até porque os nossos problemas não desapareceram de um dia para o outro. Todos os dias somos confrontados com questões relacionadas com o nosso passado, que nos obrigam a fazer escolhas e até a desviar parte do investimento do presente para resolver esses problemas antigos, alguns deles com praticamente duas décadas. Ainda estamos a pagar dívidas referentes aos anos que se seguiram ao título de campeão [conquistado em 2000/01]», reforçou.

O dirigente lembrou ainda os custos das obras de manutenção do Estádio do Bessa, que se «têm acentuado ao longo dos anos», desde a inauguração, em dezembro de 2003.

Vítor Murta destaca que, «ao contrário de outros clubes», o Boavista «não beneficiou de um estádio municipal e foi o mais prejudicado no plano de construção de recintos para o Euro2004», tal como «já veio expresso num relatório do Tribunal de Contas, para além de ter sido igualmente admitido na Assembleia Municipal da Câmara Municipal do Porto».

«Com a entrada de Gérard Lopez, houve também a preocupação de dotar o Boavista de melhores infraestruturas, como um complexo de treinos com campos de relva natural, que não existia antes, num investimento superior a um milhão de euros. Antes, a equipa principal tinha de ir treinar diariamente aos relvados de clubes vizinhos, com tudo aquilo que isso implicava de negativo na preparação de uma equipa profissional», revelou.

Além de «ter possibilitado uma maior segurança do ponto de vista financeiro», o empresário veio facultar aos boavisteiros «uma maior capacidade para irem ao mercado contratar jogadores», espelhada na aquisição de cinco reforços para a nova temporada.

«Muitos deles já se evidenciaram ao mais alto nível e foram capazes de gerar mais-valias económicas. Esses jogadores só chegaram ao Boavista devido à presença de Gérard Lopez. Neste momento, já temos uma boa base para esta época, à qual temos vindo a acrescentar um misto de jogadores experientes, com outros mais jovens - ainda que já com provas dadas - que pretendemos potenciar», argumentou.

Vítor Murta enalteceu ainda a continuidade de Petit, vinculado até junho de 2024 e que guiou o Boavista à oitava permanência seguida na Liga, ao terminar no 12.º lugar.

«Estou otimista relativamente à nova época. A continuidade do Petit é um ponto bastante positivo, tal como a nossa ação no mercado, que tem sido feita de forma cirúrgica e em total sintonia entre toda a estrutura do futebol. A minha ambição é grande, mas temos todos de ser contidos no discurso, pois a I Liga está cada vez mais competitiva», vincou.

«O Boavista de hoje está muito melhor preparado para o presente, mas está, sobretudo, dotado de todas as ferramentas para poder ser ainda mais forte e sustentável no futuro, algo que só foi possível devido ao trabalho realizado com Gérard Lopez. Ainda que ele não esteja presente fisicamente no dia a dia do clube, estamos em contacto permanente. O Gérard Lopez assiste a todos os jogos do Boavista, falamos sobre isso e sei que deposita grande confiança no trabalho que temos desenvolvido», rematou.

Por esta altura, note-se, Lopez tenta evitar a queda do Bordéus, outro dos seus investimentos, para a terceira divisão francesa, devido a problemas financeiros.