A 19ª jornada da Liga tem dois treinadores de transição no banco frente aos grandes, uma singularidade que não tem antecedentes muito favoráveis. No Boavista, a «comissão de serviço» de Jorge Couto terminou com uma pesada derrota frente ao Benfica (1-5), nesta terça-feira. Segue-se o V. Setúbal, que terá Sandro no banco frente ao Sporting nesta quarta-feira. 

São conjunturas diferentes. O Boavista já tem novo treinador, Lito Vidigal, que assumirá a partir de agora, enquanto o V. Setúbal, de onde saiu o próprio Lito no início da semana, mantém a questão em aberto, tendo apenas indicado para já que Sandro assumiria a equipa frente ao Sporting. Será uma estreia para o antigo jogador, que desempenha funções de diretor para o futebol no clube sadino.

É um desafio redobrado, assumir a equipa de forma provisória o frente a um adversário em teoria mais forte. E a lógica tem imperado. Nas últimas três épocas, aconteceu várias vezes técnicos de transição frente aos chamados «grandes». E houve apenas uma vitória nessas circunstâncias, ainda que numa equipa com outros estatuto: a de Abel Ferreira frente ao Sporting.

Está a ser mais recorrente nesta Liga, que já vai no quinto clube com treinadores de transição depois de uma mudança. Dois deles foram, por sinal, o Sporting e o Benfica. Com desfechos diferentes. Se os leões avançaram para um novo treinador depois de Tiago Fernandes ter feito três jogos no banco antes da chegada de Marcel Keizer (vitórias sobre Santa Clara e Desp. Chaves para a Liga e empate com Arsenal para a Liga Europa), o Benfica acabou mesmo por confirmar Bruno Lage no banco ao fim dos dois primeiros jogos.

Também o Rio Ave teve treinador interino frente a um «grande» já nesta temporada: depois da saída de José Gomes para o Reading, foi Augusto Gama a orientar a equipa na derrota com o FC Porto para a 14ª jornada (2-1).

São mais do que em toda a época passada, que teve apenas três clubes a recorrer a um técnico de transição no banco. Na verdade, quatro, contando com José Mota, um caso singular. Há um ano o treinador assumiu o Desp. Aves depois da saída de Lito Vidigal e foi apresentado como interino, quando a ideia seria que desempenhasse outras funções no clube. Mas foi conseguindo resultados e foi ficando, até conseguir a manutenção e… a conquista da Taça de Portugal. Mas no futebol português os treinadores não duram muito e José Mota também deixou agora o Desp. Aves, poucos dias antes de cumprir um ano no clube.

De resto, nenhum dos treinadores de transição na época 2017/18 conseguiu vencer, mesmo sem ter defrontado um dos teóricos candidatos. O Estoril teve Filipe Pedro Filipe Pedro em dois jogos, derrotas com Paços Ferreira e Rio Ave na transição entre Pedro Emanuel e Ivo Vieira. O Paços Ferreira teve Filipe Anunciação, que foi para o banco com o Marítimo entre a saída de Petit e a chegada de João Henriques, num empate sem golos, e o V. Guimarães teve Vítor Campelos depois da saída de Pedro Martins, também uma derrota com o Marítimo.

Na época anterior, em contrapartida, houve três treinadores de transição e curiosamente todos eles estiveram no banco frente aos chamados «grandes». O primeiro foi Leandro Mendes, preparador físico do Moreirense que assegurou a transição ente Pepa e Augusto Inácio numa visita à Luz, que terminou com vitória do Benfica por 3-0. À 14ª jornada, dois casos. Carlos Pires, então treinador de guarda-redes do Desp. Chaves, foi o homem do leme na derrota com o FC Porto (2-1), depois da saída de Jorge Simão para Braga e antes da chegada de Ricardo Soares.

Na mesma ronda da temporada 2016/17 aconteceu a última vitória de um treinador interino frente a um «grande»: Abel sentou-se no banco do Sp. Braga em Alvalade, depois de sair Peseiro e antes de assumir Jorge Simão, e venceu o Sporting por 1-0.

Abel viria a assumir o Sp. Braga em definitivo já para o final da época, depois de Jorge Simão ser por sua vez despedido. Por ironia, «reestreou-se» frente ao Sporting. Dessa vez, em casa e já sem o estatuto de interino, perdeu por 2-3.