Foi bonita a festa de consagração do 34º título do Benfica, com um jogo atípico, com o Benfica a bater o Marítimo com dois golos de Lima e outros dois de Jonas que, ainda assim, ficou a um golo de Jackson na luta pelo estatuto de melhor marcador da Liga. Um jogo de gala, com pouca disciplina tática, totalmente aberto, com muitas oportunidades de golo de parte a parte. Um jogo que permitiu lançar dois novos campeões – Sílvio e Mukhtar – mas que deixou formalmente Paulo Lopes fora destas contas. Apenas uma notícia triste: Salvio voltou a lesionar-se em ambiente de festa e, pelo que se pôde perceber pelas imagens, parece grave.
 
Confira a FICHA DO JOGO
 
As pinturas faciais dos jogadores e os cabelos pintados foram as primeiras indicações que este era um jogo diferente. Era um jogo de consagração, com a festa das bancadas a invadir o relvado e, para desespero de Jorge Jesus, a comprometer a habitual disciplina tática. Os campeões entraram em campo com vontade de festejar com golos, entraram em bloco virados para a baliza de Wellington e com especial atenção a Jonas que estava a apenas três golos de Jackson na luta pelo estatuto de melhor marcador. Uma luta que passou a contar com mais um elemento, depois de Lima alcançar o companheiro com o primeiro golo da tarde, logo aos 6 minutos. Lançamento lateral de Eliseu, com o brasileiro a antecipar a Wellington e a marcar com um remate à meia volta. Lima também tinha agora dezoito golos.
 
Um golo que animou ainda mais as bancadas e a equipa que atacava com tudo, descurando a defesa. Lima teve nova oportunidade soberana para marcar e Salvio também podia ter ampliado a vantagem. Mas o Marítimo, o convidado de honra desta festa, não fazia apenas figura de corpo presente. Aproveitando as muitas facilidades que o Benfica concedia nas suas costas, os madeirenses começaram a entrar em jogo, com especial destaque para Marega que, com uma boa condução de bola, ia criando calafrios atrás de calafrios na área do Benfica. Valeu, neste capítulo, a exibição de Júlio César que foi adiando o golo do Marítimo com defesas espetaculares, com destaque para uma, por instinto, a um remate à queima-roupa de Alex Soares, que foi comemorada na Luz como se fosse mais um golo.
 
Os destaques do jogo: Jonas ao colo da Luz

Jorge Jesus não estava a gostar do que estava a ver. Apesar de também estar «mascarado», com os números 32, 33 e 34 na face, o treinador manteve a exigência que lhe é habitual junto à linha. O treinador sentia que a equipa não estava bem. Estava descompensada atrás, facilitava nos duelos, perdia muitas bolas. Marega voltou a testar Júlio César por mais duas vezes e os madeirenses acabaram mesmo por chegar ao empate. Cruzamento de Marega da direita, Danilo Pereira apareceu destacado diante de Júlio César e, sem tocar na bolam acabou por enganar o experiente brasileiro, com a bola a seguir incólume para a baliza.
 
O jogo estava totalmente aberto, Danilo Pereira voltou a ameaçar com um remate do meio da rua e Marega voltou a marcar, mas desta vez, estava em posição irregular. O Benfica precisava rapidamente de serenar os ânimos sob o perigo de comprometer definitivamente a festa. Nada melhor do que um golo. Salvio recuperou uma bola na zona central, abriu na esquerda para Lima que, perante a saída de Wellington, cruzou para o segundo poste onde surgiu Jonas a encostar. A festa voltava em força à Luz e Jonas ficava mais perto de Jackson. Ainda antes do intervalo, nova defesa de Júlio César a negar novo golo a Marega. O jogo dava para tudo.
 
Sílvio e Mukhtar também são campeões
 
Logo a abrir a segunda parte, Jorge Jesus abdicou de Pizzi para lançar Talisca. Uma substituição plena de significado, uma vez que o treinador tinha três jogadores no banco – Paulo Lopes, Sílvio e Mukhtar - que precisavam de jogar para também serem campeões e esta alteração queimava, logo à partida, um deles. Mas a verdade é que o Benfica entrou mais sereno para a segunda parte, procurando assumir as rédeas de um jogo que esteve muito tempo sem dono. Jonas teve uma oportunidade soberana para marcar, com um potente remate com o pé esquerdo, Lima também voltou a estar perto, mas o Marítimo continuava em campo e também ia procurando o empate, sempre com Marega a puxar a carroça.
 
As atenções continuavam concentradas em Jonas, mas foi Lima que voltou a dizer presente, depois de uma fabulosa assistência de Maxi Pereira. Os dois goleadores do Benfica passavam, agora, a contar com 19 golos, menos dois do que Jackson. A vencer por dois golos, Jorge Jesus lançou um novo campeão para a festa: Sílvio, depois de uma época marcada por uma grave lesão, rendeu Eliseu ao som de aplausos.
 
Jonas ficou a um de Jackson
 
A seguir às palmas veio a contestação, depois de um golo mal anulado a Jonas. O brasileiro destacou-se na área, depois de uma boa combinação com Gaitán e marcou para delírio da Luz, mas o auxiliar tinha a bandeirola levantada e não valeu, para frustração do brasileiro que podia ter ficado a apenas um de Jackson. Logo a seguir, mais uma má notícia. Salvio lesionou-se e, pelas imagens, pareceu grave. Uma oportunidade para Mukhtar também ser campeão. Ficavam esgotadas as substituições e apenas Paulo Lopes não foi utilizado na conquista do bicampeonato.
 
O Marítimo, por esta altura, já tinha baixado os braços e só deu Benfica até final. Jonas acabou por chegar aos vinte golos, depois de uma assistência de Sílvio, e ainda com sete minutos para se jogar, foi ao fundo das redes buscar a bola. Marega voltou a marcar em posição irregular, mas agora só havia olhos para Jonas. As bancadas também queriam a consagração do camisola 17 e até assobiavam um remate de Talisca. Muito se gritou por Jonas até ao final do jogo, mas faltou mesmo um golo para a consagração do brasileiro.