O Marítimo de José Gomes, tal como o técnico referiu na antevisão do jogo, confiava que melhores dias estavam para chegar e muito em breve. Foi o que aconteceu na tarde desta segunda-feira na receção ao Gil Vicente de Vítor Oliveira. Os insulares até começaram o jogo a perder, mas conseguiram dar a volta por cima e venceram por 2-1, num jogo que só teve golos no primeiro tempo.   

O duelo colocava frente-a-frente um Gil Vicente em fase de declínio (duas derrotas seguidas ante Portimonense, fora, e Famalicão, em casa, desde a retoma da Liga) versus um Marítimo em ascensão em termos exibicionais, mas sem triunfos (empate na receção ao V. Setúbal e derrota na visita ao FC Porto, por 1-0). 

Mas a vitória revelava-se mais fundamental para os insulares, por força da proximidade da ‘linha de água’, apesar dos minhotos, com mais cinco pontos que os madeirenses, ainda terem esta questão por resolver. Nada se alterou neste capítulo com o resultado de hoje, mas no caso do Marítimo (que não vencia há cinco jogos seguidos), o triunfo poderá representar uma inversão, enquanto que para o Gil Vicente (terceira derrota seguida), tudo pode complicar-se nesta reta final do campeonato.    

Entrou melhor do Gil, mais assertivo e intenso na pressão alta. Mas foi com alguma felicidade que chegou à vantagem logo aos 8 minutos de jogo. René Santos corta o esférico para zona proibida e deserta, para surpresa de todos, incluindo Kraev. Mas o búlgaro recuperou da hesitação a tempo e depois de chegar à bola, rematou forte e colocado, de pé esquerdo, sem hipóteses para Charles.

O Marítimo não reagiu logo de seguida. O desânimo pelo golo sofrido foi evidente entre os jogadores verde-rubros. Mas, a espaços, a equipa recompôs-se e colocou o último reduto minhoto em sentido. Correa, num desvio de cabeça, levou a bola a passar muito perto do poste, e depois obrigou Denis a aplicar-se para segurar um remate desferido perto da meia-lua. O guardião gilista, muito atento, repeliu depois para canto nova tentativa de meia-distância, desta vez por Xadas. 

Após o quarto de hora, o jogo entrou em modo de disputa a meio campo, com muitas faltas e fraca construção de jogo de parte a parte. A toada manteve-se até ao golo do Marítimo. Um lançamento longo de Xadas apanhou a defesa gilista em contrapé e foi ter com Joel Tagueu, que em plena área, rematou de primeira para grande defesa de Denis, que se revelou depois impotente para travar a recarga Rodrigo Pinho. O lance ainda foi revisto pelo VAR, mas tudo decorreu de forma legal.

A equipa minhota reagiu logo de seguida, com Sandro Lima, aos 36’, a obrigar Charles a grande defesa, mas mesmo que a bola tivesse entrado, o lance teria sido invalidado por fora de jogo. 

Depois foi a vez de Denis brilhar e... falhar. O guardião gilista opôs-se bem a remates de Joel Tagueu, Xadas e Rodrigo Pinho, mas quando faltava pouco menos de um minutos dos três de descontos para o intervalo, borrou a pintura toda ao sacudir a bola, na sequência de canto cobrado por Xadas, contra um colega. O esférico embate Rodrigo e é devolvido para a baliza deserta. 

O 2-1, embora alcançado com alguma felicidade, ajustava-se ao intervalo, tendo em conta o pendor ofensivo dos insulares, que depois de chegarem ao empate, não deixaram de carregar em busca do segundo.

Descontente, Vitor Oliveira mexeu ao intervalo, lançando Arthur Henrique por troca com Henrique Gomes. Mas foi o Marítimo a criar o primeiro grande lance de perigo, que foi anulado com uma grande defesa de Denis, a remate de Joel Tagueu, aos 52. 

Com os minhotos declaradamente ao ataque, os madeirenses procuravam fechar bem os espaços para lançar depois transições rápidas. Quatro minutos depois, o Marítimo ficou novamente perto do 3-1, mas Denis, mais uma vez, opôs-se bem fazendo a mancha a nova tentativa de Tagueu.

Passada a hora de jogo, ambos os técnicos mexeram nas equipas, com o Gil Vicente reforçar o setor ofensivo e o Marítimo a refrescar do meio para a frente. As substituições acabaram por trancar o jogo. O conjunto minhoto procurou chegar à baliza insular tentando de tudo, mas o coletivo de José Gomes, ao contrário muitos outros jogos, revelou-se a avesso a erros graves, fechando bem os caminhos e gerindo o jogo. 

Mas a história esteve para ser outra. Aos 84, o árbitro João Bento entendeu que o Charles cometeu falta sobre Sandro Lima e apontou para a marca dos 11 metros. O guardião do Marítimo protestou, mas redimiu-se do erro com uma defesa por instinto, a remate algo denunciado do avançado gilista, que também se encarregou da cobrança.

Os últimos minutos apresentaram um jogo feio, com muitas paragens, faltas e um jogo construído sob nervos por parte de ambas as equipas. Assim, era difícil aparecerem mais golos.