A Liga 2021/22 teve mais de uma dezena de «chicotadas», e os dados indicam que a maioria teve o efeito pretendido, já que os resultados melhoraram.

Arrumadas as contas do campeonato, o Maisfutebol analisou as trocas de treinador, com base na média de pontos na prova. Em doze mudanças, houve oito que provocaram um registo melhor.

No que diz respeito ao efeito oposto, o Benfica merece, desde logo, uma referência. Em 15 jogos de campeonato, Jorge Jesus somou 37 pontos em 45 possíveis, o que dá um aproveitamento pontual de 82,2 por cento.

Nélson Veríssimo fez as restantes 19 jornadas, com 37 pontos em 57 possíveis, o que dá um aproveitamento pontual de 64,9 por cento. Uma quebra de 17,3 por cento, portanto.

Em termos comparativos, podemos dizer que Jorge Jesus estava com um registo ligeiramente inferior ao que Sérgio Conceição (FC Porto) e Rúben Amorim (Sporting) conseguiram ao longo da época: 89,2 e 83,3 por cento, respetivamente.

Nélson Veríssimo, por outro lado, terminou com um registo ligeiramente superior ao Sp. Braga de Carlos Carvalhal: 63,7 por cento dos pontos possíveis.

Famalicão, Marítimo, Paços e Boavista: casos de sucesso

Sem contar com um caso particular do Santa Clara, que analisaremos adiante, o Famalicão foi o clube que mais lucrou com a troca de treinador. Ivo Vieira fez 11 pontos em 45 possíveis, o que dá um aproveitamento pontual 24,4 por cento. Rui Pedro Silva conseguiu 28 pontos em 57, o que dá 49,1 por cento (melhoria de 24,7 por cento).

No Marítimo, o espanhol Julio Velázquez fez 7 pontos de 33 (21,2 por cento), um registo claramente superado por Vasco Seabra, que fez 31 pontos em 69 (44,9 por cento).

O Paços de Ferreira fez 11 pontos nas primeiras 14 jornadas, com Jorge Simão, o que corresponde a um aproveitamento de 26,2 por cento. César Peixoto conseguiu 27 pontos no resto da época, em 60 possíveis, o que dá um rendimento de 45 por cento.

O Boavista também ganhou com a entrada de Petit, que conseguiu um aproveitamento pontual de 40,9 por cento, quando João Pedro Sousa tinha deixado o Bessa com 30,6 por cento.

O registo de Sá Pinto nas contas da permanência

Olhando para os três últimos classificados, vale a pena destacar a situação do Moreirense, que acabou relegado no playoff com o Desportivo de Chaves.

O emblema de Moreira de Cónegos iniciou a época com João Henriques, que somou 9 pontos em 12 jornadas (25 por cento de aproveitamento pontual). Seguiu-se Lito Vidigal, que manteve precisamente o mesmo registo, ao somar um quarto dos 12 pontos discutidos.

A entrada de Sá Pinto não evitou a despromoção, mas a verdade é que o antigo internacional português somou 17 pontos em 54 possíveis (sem contar com o playoff), o que dá um aproveitamento pontual de 31,5 por cento.

Não só melhorou o registo dos antecessores, como apresenta um aproveitamento pontual superior ao do Arouca, a equipa que ficou logo acima na tabela classificativa (30,4 por cento).

O Tondela melhorou com a troca de Pako Ayestarán para Nuno Campos (de 26,9 para 29,2 por cento), mas esse registo seria suficiente para ir ao playoff, mas não para ficar à frente do Arouca.

Relativamente ao Belenenses, a temporada começou com Petit a somar apenas quatro pontos em oito jornadas, o que corresponde a um aproveitamento pontual de 16,7 por cento. Os resultados melhoraram com Filipe Cândido, que fez sete pontos nos mesmos oito jogos (29,2 por cento), mas com Franclim Carvalho houve uma ligeira quebra (15 pontos em 54, o que dá 27,8 por cento).

O caso do Santa Clara

O emblema açoriano justifica uma análise diferenciada, até porque teve quatro treinadores, se contarmos com o interino Tiago Sousa, que orientou a equipa em três jornadas.

A época começou com Daniel Ramos, que fez 6 pontos em 24 (25 por cento). Nuno Campos, o sucessor, baixou este registo, com apenas 4 pontos em 18 possíveis (22,2 por cento), o que motivou a saída ao fim de seis jornadas.

Tiago Sousa fez então a transição, e conseguiu ganhar vencer dois dos três jogos, o que representa um aproveitamento pontual de 66,7 por cento.

Mário Silva foi depois contratado, e conseguiu 24 pontos em 51 possíveis, o que corresponde a um aproveitamento pontual de 47,1 por cento. Abaixo do registo particular de Tiago Sousa, mas claramente melhor do que Nuno Campos.

Refira-se, de resto, que o registo de Mário Silva é igual ao que Pepa conseguiu com o Vitória de Guimarães, e que deu apuramento europeu.

Veja, na galeria associada ao artigo, o ranking de treinadores da Liga 2021/22, com base no aproveitamento pontual, e incluindo os treinadores que cumpriram toda a época no mesmo clube.