Figura: Sérgio Oliveira

A noite em que o patinho-feio virou o menino bonito. Sérgio Oliveira é olhado com desconfiança, nunca foi um nome consensual nas hostes portistas. Porém, esta noite todos os que assistiram ao jogo são unânimes: fez um grande jogo. Aliás, foi o melhor jogador do FC Porto numa partida fulcral na luta pelo campeonato. O médio abriu o marcador com um pontapé acrobático, ameaçou o bis e deu início a uma primeira parte de bom nível dos portistas. Sempre que um jogador de encarnado recebia no meio, de costas para a baliza portista, surgia constantemente Sérgio Oliveira. Omnipresente, goleador e decisivo.


Momento: Marega escapa a Ferro e FC Porto foge no marcador, minuto 44

Seis minutos após o 2-1, Marega bateu Ferro em velocidade, ganhou-lhe a frente do lance em plena grande área e cruzou rasteiro. Soares preparava-se para empurrar para a baliza de Vlachodimos, mas surge o pé de Ruben Dias a cortar. A bola, porém, seguiu o caminho da baliza e entrou lentamente perante a incapacidade de reação do grego. 3-1 e o Clássico quase resolvido em excelentes 44 minutos.


Outros destaques:

Corona: a magia no relvado saiu sempre dos seus pés. Nem é lateral-direito, mas pouco importou tamanha a qualidade com que exerceu a função. Rafa nem se viu quando esteve no seu lado e Grimaldo nem incomodou, o que prova o nível da exibição do internacional mexicano. Corona teve o que poucos tiveram: inspiração, capacidade para rasgar e criar desequilíbrios no um contra um. O pormenor sobre Rafa foi delicioso. Não assistiu nem marcou, é certo, embora tenha provado novamente que é o melhor jogador do FC Porto.

Otávio: intercalou entre a posição de extremo e de terceiro médio. Como é hábito, cumpriu e somou pormenores interessantes. O brasileiro, por exemplo, assistiu Sérgio Oliveira para o 1-0 após sentar Grimaldo. É verdade que caiu com o passar dos minutos – deu-se por ele num desentendimento com Taarabt – e pouco mais. Ainda assim, Otávio ganhou importância quando Conceição fechou o jogo e tapou os caminhos para a baliza de Marchesín.

Pepe: não competia desde Alvalade, no início do ano civil. É justo reconhecer que o internacional português não esteve a um bom nível. Foi notório que jogou limitado pela panóplia de lances perdido no seu aspeto mais forte: a antecipação. Pepe deixou Vinícius fugir no lance do empate do Benfica e voltou a ser batido pelo brasileiro no 3-2. Deu o lugar a Mbemba à entrada para os vinte minutos finais, instantes antes de ter cometido um erro que por pouco não comprometeu o triunfo do FC Porto. Desperdiçou ainda duas bolas de golo de forma incrível.

Díaz: velocidade, imprevisibilidade e capacidade para ganhar metros em condução. Assim jogou o colombiano na primeira metade. Ameaçou o golo num remate em arco e, mais tarde, quando o ar já faltava, demorou a aproveitar o erro de Ferro e acabou por acertar em cheio em Ruben Dias. Podia ter fechado o jogo aos 90+6 e tranquilizado público e equipa para o último minuto do jogo. Acabou por fazer um jogo intermitente pela queda de rendimento na segunda parte. Todavia, Díaz foi dos que mais desequilibrou e deu trabalho à defesa encarnada.