* por Pedro Lourenço Jorge

O Benfica apresentou nesta quinta-feira duas medalhas revestidas a prata e ouro que assinalam a conquista do 33º título de campeão nacional de futebol. No sábado, o Museu Cosme Damião (onde o clube da Luz exibe os 110 anos da sua história) celebra um ano de existência.

À margem destas comemorações, o Maisfutebol aproveitou para conversar com Francisco Palmeiro e José Augusto sobre o Benfica mais forte destes 110 anos e sobre o Benfica de hoje.

Duas glórias do Benfica da década de 1950 e 60, Francisco Palmeiro foi o primeiro jogador do Benfica a marcar um golo em competições europeias e José Augusto é o extremo que participou em cinco finais europeias pelos encarnados.

«Ganhámos a Taça dos Campeões Europeus só com portugueses», recorda Palmeiro fazendo a distinção com a atual forma de adquirir jogadores por parte dos clubes, que vão buscar alternativas lá fora; inclusive o Benfica.

«A projeção mundial do Benfica começou em 1950 com a vitória na Taça Latina. A partir de 1952, sucedeu-se a progressão do clube até hoje», diz Palmeiro tendo em conta as finais europeias das duas últimas épocas.

José Augusto faz também a ponte entre o passado glorioso e o presente com o exemplo das vitórias europeias: «As conquistas dos dois títulos na Taça dos Campeões Europeus marcaram um momento para o futuro e para o que é o Benfica hoje».

O Benfica mais forte dos 110 anos de história

Jogador do Benfica de 1952 a 1960, o extremo conhecido entre os colegas de equipa como «Palmeiras» considera «as temporadas de 1952 a 1955 nas mãos de Otto Glória», como a fase mais forte da equipa encarnada. José Augusto jogou com Palmeiros em 1959. E discorda quanto ao melhor Benfica. De forma perentória, recorda os anos de 1957 a 1962 como os dourados do palmarés benfiquista: «É Bella Guttman quem traz a glória europeia à Luz».

Béla Guttmann, a maldição que não existe

O húngaro que conseguiu dois títulos europeus para o Benfica treinou ambos os antigos jogadores . Guttmann trocou o FC Porto pelos encarnados em 1959, no mesmo ano em que José Augusto saiu do Barreirense em direção à Luz.

Foi quando chegaram ao fim os dias de Palmeiro no clube encarnado. «O José Augusto chegou com o Guttmann e, por isso, tinha de jogar. Eu era o sacrificado», lamentou. Esta glória benfiquista não acredita, no entanto, em maldições. «Isso são tudo histórias, não acredito em bruxarias».

Já José Augusto, embora também não acredite em azares, relata uma das histórias que levou à saída do técnico húngaro e que estão na base da suposta maldição: «Quando ele chegou ao Benfica, havia três carros. Passados três anos, eram 30». Guttmann censurou o luxo dos jogadores com a frase que ficou célebre: «Nem daqui a 100 anos o Benfica volta a ser campeão».