Se o futebol fosse um desporto sem balizas e não tivesse os golos como elemento diferenciador, o embate que fechou a jornada 24 da Liga entre Sp. Braga e Santa Clara teria todos os atributos para ser um espetáculo digno de registo. Só que estes ‘ses’ fizeram toda a diferença e o empate sem golos torna toda a análise ao jogo opaca.

Os dois conjuntos tiveram uma atitude positiva, somaram momentos de golo feito que apenas não permitiram os habituais festejos por milagre e puseram em campo lances de fino recorte técnico. Faltou abanar as redes.

A fazer uma recuperação assinalável na Liga, o Santa Clara soma um ponto em Braga, impedindo que os guerreiros somassem a terceira vitória consecutiva. No mesmo palco em que construiram uma noite europeia memorável frente ao Sheriff, os bracarenses foram menos intensos e menos alegres no jogo, mesmo tendo jogado os dez minutos contra dez e os últimos dois minutos do tempo regulamentar, mais os dez minutos de descontos, contra nove.

Desperdiças tu, desperdiço eu...

Antes de tudo, o jogo na pedreira foi aberto, com as duas equipas a lutarem pela posse de bola, sem medo de a ter e, sobretudo, com serenidade para esboçar a sua ação ofensiva. Isso deveu-se, em grande parte, à postura do Santa Clara no jogo, que jogou de forma desinibida e deixou o Sp. Braga atónito.

Habituado a ser mandão nos jogos em casa, a realidade é que esta noite os arsenalistas tiveram mais tempo atrás do esférico do que aquilo que esperariam e, por isso, o encontro tornou-se incaracterístico. Mesmo assim, a qualidade técnica do Sp. Braga permitiu que Ricardo Horta logo aos treze minutos dispusesse um penálti em andamento que desperdiçou.

Após atenuar uma tentativa inicial de impor a sua lei por parte dos bracarenses, o Santa Clara estabilizou-se, soube adormecer o jogo com bola, impondo-se fisicamente para depois lançar ataques rápidos. Matheus interrompeu um desses ataques ao antecipar-se a Ricardinho quando o extremo açoriano se preparava para isolar.

Duas expulsões e mais desperdício...

Sentindo que o jogo, mesmo nunca estando descontrolado, também nunca esteve propriamente controlado por parte do Sp. Braga, Carlos Carvalhal operou de imediato três alterações ao intervalo, acrescentando Tormena, Buta e Vitinha à sua equipa. Seguiu-se de imediato Moura.

Mais pausado na segunda metade, o jogo teve menos atributos, a meias com as quebras de ritmo provocadas pelas substituições e até pelo arranjo do sistema de comunicação do trio de arbitragem. Mesmo neste limbo deu para que se registassem perdidas incríveis de parte a parte. No mesmo lance, ao minuto 71, O Sp. Braga atirou duas vezes ao ferro e viu Marco fazer uma intervenção milagrosa. Na resposta, três minutos depois, Rui Costa falhou o alvo quando estava sozinho na pequena área.

Entre as falhas, o Santa Clara ainda acabou o embate reduzido a nove. Mansur e Morita viram dois amarelos e obrigaram os açorianos a sofrer até ao apito final. Não se desfez o nulo, Sp. Braga e Santa claram fazem cair o pano sobre a jornada 24 com um nulo.