A 3 de maio de 1924 fundou-se no Minho o Gil Vicente Futebol Clube, adotando o Galo de Barcelos como principal baluarte distintivo. Este sábado o Gil Vicente atinge as nove décadas de história. Ainda com feridas por cicatrizar do célebre “Caso Mateus”, no Gil pensa-se no futuro e em voos mais altos.

O Maisfutebol falou com Daniel Faria, o capitão do Gil Vicente, símbolo do clube e portador da mística gilista. Sem braçadeira e sem pisar os relvados há mais de ano e meio, fruto de uma grave lesão no joelho, Daniel está no Gil Vicente há catorze anos, desde que chegou para jogar nos iniciados. D

Já faz parte da mobília, e por isso mesmo sente como ninguém a data de celebração do nonagésimo aniversário: «Já são 14 anos a representar este clube e a sentir as várias emoções que se passaram neste clube, com subidas e descidas de divisão e como toda a gente sabe com o “Caso Mateus”. Como é óbvio tenho este cube no meu coração».

António Fiusa o líder da transfiguração do Gil

Como o próprio Daniel diz, já lá vão catorze anos de Gil Vicente. O líder do balneário, que é convocado e marca presença em todos os jogos mesmo sem jogar, admite que o clube de hoje é muito diferente daquele que o defesa encontrou quando chegou a Barcelos. Mudanças «drásticas» para melhor.

«Este é um Gil Vicente completamente diferente do que era. Mudou muito em todos os aspetos. Neste momento é um clube muito mais profissional, a envolvência que há hoje em dia com sócios e todas as estruturas não tem nada a ver com aquilo que era há catorze anos atrás. Mesmo nas camadas jovens, em relação a espaços para treinos e a envolvência que há entre o futebol e o futebol amador. O Gil Vicente mudou drasticamente para melhor e isso nota-se nos resultados desportivos», atira o jogador em conversa com o nosso jornal.

Esta transfiguração do Gil Vicente tem um nome e um rosto: António Fiusa, presidente do clube. Daniel diz que António Fiusa é já uma figura mítica do clube de Barcelos: «É um nome mítico do Gil Vicente, quando se fala no clube vem logo à cabeça o nome do nosso presidente. É óbvio que ele foi a peça mais do que fundamental para a evolução deste clube porque como se sabe, quando o Gil desceu o António Fiusa ficou praticamente sozinho na batalha com a Liga e com a Federação devido ao Caso Mateus».

Espaço para sonhar para além do «Caso Mateus»

No discurso de Daniel nota-se a angústia que ainda perdura nas hostes gilistas em virtude da descida de divisão inerente ao «Caso Mateus». O capitão do Gil considera que a situação prejudicou o desenvolvimento do clube: «Toda a gente sabe também que o clube não conseguiu evoluir ainda mais rapidamente devido ao Caso Mateus».

Ainda fruto do famigerado Caso Mateus, apesar de ter marcado presença na final da Taça da Liga, há pouco mais de dois anos, para Daniel esse não foi o momento alto da história do Gil: «Foi um grande acontecimento, o Gil Vicente nunca tinha conseguido estar numa final. Mas, para mim o grande momento destes catorze anos que aqui estou e penso que da história do Gil Vicente foi a subida de divisão depois do Caso Mateus».

Sem dar passos maior do que as pernas, o jogador espera debelar completamente a lesão no joelho e iniciar a próxima época sem limitações para poder ajudar o Gil a «estabilizar-se na primeira». Depois disso; depois do travo amargo que ainda se nota do Caso Mateus, ainda há espaço para sonhar. São apenas noventa anos do clube que este ano cumpre a sua 17ª época na primeira divisão. Há caminho pela frente, quem sabe a Europa ou o Jamor…

«O meu grande sonho para cumprir com a camisola do Gil Vicente é consolidar bem o clube na primeira divisão do futebol português, e depois quem sabe chegar a lugares mais cimeiros como a Liga Europa. Estava lesionado na final da Taça da Liga e não joguei, mas vivi o momento. A Taça de Portugal é a festa do futebol e a taça do povo; é óbvio que qualquer jogador gostaria de a jogar», rematou Daniel ao Maisfutebol.