A goleada sofrida pelo Benfica frente ao Basileia na quarta-feira confirmou o momento negativo do tetracampeão nacional neste arranque de temporada e deixou a nu os problemas defensivos que as saídas de Ederson, Nélson Semedo e Lindelof deixaram na equipa de Rui Vitória.

Com 14 golos sofridos em apenas 11 jogos os encarnados alcançaram um registo que só encontra paralelo na longínqua época de 1984/1985: na altura o conjunto da Luz também sofreu 14 golos em igual número de partidas.

Orientados pelo húngaro Pál Csernai e com jogadores como Veloso, Pietra, Shéu e Diamantino Miranda no plantel, o Benfica começou a temporada com uma vitória em Vizela por 2-1 e encaixou logo aí o primeiro golo da época.

Sofreu depois dois golos frente ao FC Porto e três frente ao Estrela Vermelha, na estreia da extinta Taça dos Campeões. Na receção ao Portimonense sofreu apenas um, mas nos dois jogos seguintes, com o Vitória de Setúbal e o Liverpool, sofreu três em ambas as partidas e com o Vitória de Guimarães, no último dos 11 jogos, encaixou mais um.

Feitas as contas, Manuel Bento, guarda-redes do emblema lisboeta à época, manteve a baliza inviolável em quatro jogos, mas sofreu 14 nos outros sete, numa média de dois por jogo. Uma marca que nunca mais foi registada ou ultrapassada nos 33 anos seguintes, até à noite de 27 de setembro de 2017, na Suíça.

Nessa época 1984/85 o Benfica estava à 11ª jornada no segundo lugar, a apenas um ponto do FC Porto,  viria a terminar o campeonato no terceiro lugar, a 12 pontos do campeão nacional FC Porto, campeão nacional, e a quatro do Sporting, segundo. Na Taça dos Campeões Europeus foi eliminado na segunda ronda, aos pés do Liverpool, mas acabou por vencer a Taça de Portugal, numa espécie de «consolo» da época.

Diamantino recorda uma «má época»

Diamantino Miranda era um dos rostos desse plantel orientado por Pál Csernai. «Foi uma má época», recorda ao Maisfutebol o antigo médio, sem se lembrar dos contornos daquele arranque ou motivos que expliquem uma entrada tão em falso da defensiva encarnada.

Sobre o atual momento das «águias», Diamantino é mais conclusivo: «Acho que as lesões não ajudam, os melhores jogadores não conseguem estar todos aptos ao mesmo tempo e isso não ajuda. Mas, se estiverem todos disponíveis, é um plantel que dá garantias para poder lutar por títulos internamente.»

Pesadelo de Basileia igualou registo histórico

A noite de quarta-feira em Basileia vai, seguramente, ficar na memória de todos os adeptos benfiquistas como uma das noites europeias mais negras da história do clube. Além da goleada sofrida, os cinco golos encaixados por Júlio César igualaram, então, o registo de 84/85.

O conjunto da Luz começou a temporada a sofrer um golo com o Vitória de Guimarães, na supertaça, e na primeira jornada voltou repetir a dose com o Sp. Braga. Com o Chaves e o Belenenses registaram-se as primeiras clean sheets da época, mas foi sol de pouca dura: sete golos sofridos em cinco jogos consecutivos, com o registo negativo a abrandar na receção ao Paços de Ferreira, na sétima jornada da Liga, naquele que foi o segundo jogo de Júlio César da época, que entretanto substituíra Bruno Varela na baliza encarnada.

Um registo de nove golos sofridos em 10 jogos que já era preocupante dado o passado recente da defesa encarnada, mas que com a goleada sofrida na Suíça passou a alarmante. Contas feitas, 14 golos sofridos em 11 jogos, uma média de 1,3 por jogo, e apenas três jogos com a baliza inviolável: Chaves, Belenenses e Paços de Ferreira, todos para a Liga.  

Golos sofridos pelo Benfica após os primeiros 11 jogos da época:

2017/2018

14 golos

2016/2017

10 golos

2015/2016

7 golos

2014/2015

9 golos

2013/2014

11 golos

2012/2013

10 golos

2011/2012

12 golos

2010/2011

11 golos

2009/2010

7 golos

2008/2009

12 golos

2007/2008

6 golos

2006/2007

11 golos

2005/2006

9 golos

2004/2005

8 golos

2003/2004

12 golos

2002/2003

11 golos

2001/2002

11 golos

2000/2001

12 golos

1999/2000

4 golos

1998/1999

10 golos

1997/1998

10 golos

1996/1997

9 golos

1995/1996

6 golos

1994/1995

6 golos

1993/1994

9 golos

1992/1993

7 golos

1991/1992

6 golos

1990/1991

3 golos

1989/1990

4 golos

1988/1989

5 golos

1987/1988

5 golos

1986/1987

8 golos

1985/1986

6 golos

1984/1985

14 golos