Fernando Vásquez, treinador do Deportivo da Corunha, deu uma longa entrevista ao jornal «La Voz de Galicia» na qual falou sobre os insultos racistas de que Marega foi alvo e que o fizeram abandonar o relvado em Guimarães.

O treinador de 65 anos criticou a atitude dos jogadores e do treinador do FC Porto, Sérgio Conceição, além do árbitro da partida, Luís Godinho.

«Os grandes clubes não vão resolver isto [racismo]. Só vai revolver-se quando os jogadores decidirem sair do relvado e se percam jogos. Acho que foi um pouco miserável a atitude dos companheiros de Marega, do treinador e do árbitro, ao agarrarem o rapaz – e o árbitro mostrar o amarelo – para que ficasse em campo», começou por dizer.

«Acho que deviam ter tido a reação oposta. (…) É triste e sinto muito pelo rapaz que teve de sofrer. Os colegas disseram ‘fica, fica’, em vez de dizerem: ‘Estamos contigo, vamos embora’. Perde-se um jogo, mas que algum dia um clube faça isso. O FC Porto está em segundo, não é? Pois, não sabemos o que aconteceria. Vamos ver quem arrisca o primeiro passo.», acrescentou.

Vásquez recordou depois o episódio ocorrido em Vallecas no ano passado, quando os adeptos do Rayo chamaram nazi a um jogador do Albacete e o jogo foi suspenso, para criticar a falta de combate ao racismo no futebol.

«Não pode acontecer o que se passou em Vallecas. O que é um nazista? Ao fim ao cabo é quase uma opinião política. Com um background mais sério, mas é. Ou seja, por uma massa associativa que dá a sua opinião e canta sobre algo que é facilmente observável, suspende-se o jogo. Mas depois há insultos racistas e xenófobos e não se passa nada. Estamos a fazer alguma coisa mal», observou.