A razão que vá para o diabo quando o futebol invade o coração.

Por norma, o dérbi tem pouco razão e muita emoção. A intensidade é alta, a agressividade atinge níveis além do razoável, enfim, joga-se com o coração.

Esqueça tudo o que leu em cima, caro leitor. O FC Porto não foi brilhante, mas fez uma exibição competente, típica das equipas que fazem do campeonato uma maratona pontual, e goleou (5-0). Embora tenha dado uma boa réplica na primeira parte, o Boavista precisa de tempo para crescer tal como o jogo provou.

Sem serem demolidores na primeira parte, os dragões foram superiores e criaram as primeiras situações de golo. A maior foi, sem dúvida, a de Uribe que esbarrou no poste após um mau passe de Rami na saída de bola axadrezada. Sérgio Oliveira, que fez um trabalho delicioso a isolar o colombiano, falhou o alvo em duas ocasiões.

O Boavista é uma equipa diferente do passado. Não renunciou aos princípios que fazem parte da sua história, mas acrescentou-lhe vontade de sair a jogar desde o guarda-redes, de ter bola e de assumir o jogo. Correu bem durante uma parte, diga-se.

Os axadrezados chegaram a dividir o jogo, desenharam boas jogadas de envolvimento – ultrapassando a pressão alta dos campeões nacionais -, mas faltou-lhes quase sempre olhar de frente a baliza de Marchesín. Além de um remate à trave de Benguché (lance invalidado por fora-de-jogo), o guarda-redes argentino apenas foi incomodado num remate em esforço de Paulinho (18m).

Na segunda parte bastaram vinte minutos para o Bessa e por extensão todo o Porto, ficarem pintados de azul e branco. O marcador mexeu graças a uma obra de arte mexicana (47m) que deitou o Boavista ao tapete.

Todos temos um plano até ao primeiro golpe, certo? Os axadrezados tentaram reagir de imediato à ferida aberta por Corona, mas Marchesín, por duas vezes, negou o golo a Sauer e a Javi García (51m). Pouco depois, aos 59 minutos, Sérgio Oliveira viu o seu livre desviar na barreira e entrar na baliza de Léo.

Jogo decidido.

O FC Porto ficou totalmente confortável e aproveitou a fragilidade do rival para fazer mais dois golos. Sérgio Oliveira descobriu uma cratera entre Rami e Gómez e serviu Marega para o 0-3 (67m).

O campeão nacional, desde a chegada de Conceição, tem o hábito de ser insaciável e o 0-4 não tardou em chegar.

Lance de laboratório com a bola a passar por Sérgio Oliveira, Otávio e Corona até à finalização de Marega. O maliano podia ter deixado o Bessa com um hat-trick, mas desperdiçou novo golo na cara de Léo.

Se Marega perdoou, Díaz não. O colombiano ficou o resultado final no último suspiro e fixou o resultado final.

Muito mudou, sobretudo no Boavista, mas a tendência continua a mesma. Para já, os dois clubes convivem na mesma cidade, mas há um mundo de diferença a separá-los.