O Benfica voltou a reclamar Alvalade, atirou as hipóteses de título do Sporting para bem longe e abriu uma ferida no rival: vislumbraram-se, aqui e ali, lenços brancos, daqueles que entre adeptos leoninos ficaram até ao fim.

O dérbi teve seis golos, casos como sempre, mas praticamente acabou aos 74 minutos. Mais ou menos ao mesmo tempo que João Félix, uma das figuras deste jogo, saía do relvado, saíam adeptos do Sporting das bancadas.

Tinham percebido que o dérbi, a dúvida do vencedor, tinha ficado ali, naquele penálti convertido por Pizzi, mesmo que, mais à frente, Bas Dost tivesse encurtado a diferença do marcador, mas não as outras: e nessas, nas outras todas, o Benfica foi melhor. Bem melhor do que o rival, neste domingo. O 304.º dérbi da história foi vermelho em todos os aspetos.

A profundidade, João Félix e Pizzi

Coloquemos as coisas como elas são. Em Alvalade, durante algum tempo, pensou-se que o resultado podia avolumar e muito para o lado encarnado. A partir da altura em que esteve em vantagem, o Benfica controlou quase sempre o Sporting, pressionou bem quando o leão tinha a bola e lançou-se a ele em transição.

Primeiro, feriu-o de forma, dir-se-ia... fácil. Gabriel lançou Grimaldo, o espanhol cruzou e Seferovic fez um golo que, não lhe coubesse a ele, talvez fosse para Félix, tamanha foi a falta de agressividade dos dois centrais leoninos: não esquecer, porém, que Raphinha ficou desatento ao espanhol.

Este momento, o 1-0, pôs o Benfica a jeito das transições ofensivas que tão bem faz e permitiu-lhe explorar ainda mais a profundidade.

O leão terminou a primeira parte com mais posse de bola, mas atrás no resultado. Porque os encarnados estiveram muito bem no jogo entrelinhas, com Gudelj em parte nenhuma para suster Félix ou Pizzi. Seferovic também surgiu por ali a espaços e foi mesmo o suíço quem assistiu o miúdo para o 2-0, já depois do primeiro caso e golo anulado do jogo: houve três!

O Benfica também era melhor no outro processo: a defender, conseguiu retirar muitas vezes Bruno Fernandes da ofensiva e, confortável, dava a entender que um golo verde e branco chegaria mais rapidamente por um erro encarnado do que por imposição leonina.

Quando Samaris perdeu a bola, Nani recuperou-a e lançou Bruno Fernandes, Alvalade encheu o pé com o camisola 8 e atirou com toda a força para o fundo das redes de Vlachodimos. Habituados às emoções dos dérbis, afinal só por 16 vezes existiram 0-0 na história, os adeptos do Sporting iam, apesar de tudo, com esperança para o intervalo por causa do 2-1.

Diaby e o ponto final, parágrafo

O segundo tempo trouxe duas notícias boas para cada lado. Diaby no Sporting, o golo de Rúben Dias no Benfica. É evidente que esta última é mais importante e deu conta de outro aspeto: também nas bolas paradas o Benfica era superior.

Entre o 3-1 de Rúben Dias e o 4-1 de Pizzi houve mais emoção, Jardel desperdiçou uma ocasião na área de Renan, mas o Sporting conseguia ter agora uma arma para contrariar o rival: a rapidez de Diaby. O 23 dos leões passou várias vezes por André Almeida e até sairia como um dos melhores dos leões, porém, o 4-1, depois de Raphinha atirar ao poste, foi golpe duro de mais para o Sporting.

O penálti convertido por Pizzi foi a última prova que muitos adeptos do Sporting precisavam para entender que, nesta tarde/noite, o rival era melhor. Começaram a sair a 15 minutos dos 90, enquanto muitos outros milhares ficavam para o fim e suspiraram de alívio quando Seferovic e Félix falharam o 5-1 na cara do golo.

Entretanto, o tal Diaby continuava a tentar equilibrar o dérbi em campo e quando Soares Dias recorreu ao VAR para assinalar penálti, o Sporting e os que ficaram foram recompensados com um golo e um resultado mais aproximado.

O Benfica voltou a reclamar Alvalade, continua também na perseguição ao FC Porto, enquanto o Sporting tem de refletir muito, fica mais distante do pódio e de positivo leva muito pouco: talvez o facto de, quarta-feira, para a Taça de Portugal ter outra oportunidade, porque esta já passou. Ficou o Benfica com ela.