Rafael de um lado, Rodrigo do outro: dois primos em duelo na ronda 19 da Liga. O jogo entre o Paços de Ferreira e o Desportivo das Aves será especial para o guarda-redes pacense e para o defesa avense. A mesma família, cores diferentes, o mesmo objetivo.

O Maisfutebol conversou com Rafael e Rodrigo Defendi. Apesar de serem primos em segundo grau, os dois não possuem grande ligação. Porquê? Eis a explicação na primeira pessoa. «Não conheço o Rodrigo muito bem. Ele saiu muito cedo de Ribeirão Preto e a ligação que tínhamos perdeu-se. Apenas nos encontrámos em campo», conta Rafael.

Rodrigo corrobora a versão do primo: «Não temos muita proximidade, apesar de termos morado na mesma cidade no Brasil. Os nossos pais são primos legítimos, mas nós não tivemos grande contacto.»

Apesar de lhes correr o mesmo sangue nas veias, o guarda-redes pacense explica o quão distante os dois estão atualmente. «A minha família costuma acompanhar os jogos no Brasil sempre que a diferença horária o permite. Por acaso, eles nem sabem que o Rodrigo está aqui. Não fazem ideia que vamos jogar um contra o outro», atira, entre risos.



Embora o contacto seja raro, os dois falam num jogo especial. Rodrigo revela que «seria importante marcar» não só para ajudar a sua equipa a vencer, mas também para ter oportunidade de brincar com o guarda-redes dos castores.

«Este jogo é especial por estar outro familiar em campo. Não é comum jogar contra alguém que é da família, apesar de não termos muita proximidade. Acaba, claro, por ser especial. Seria importante marcar para depois brincar com o Rafael», atira, antes de salientar que os avenses querem ganhar: «É um jogo importante para as duas partes, mas a forma como vamos encarar o jogo não vai mudar. Entramos sempre para ganhar independentemente do adversário.»
 
Por seu turno, Rafael prefere focar-se no propósito que a equipa de João Henriques tem para esta partida, cumprindo à letra a expressão «dentro de campo não há amigos».

«Obviamente que é especial, o Rodrigo é da família. Contudo, o mais importante para mim e para o Paços é vencer, independentemente do Rodrigo ser meu adversário», realça.

Terceiro duelo da família Defendi no futebol português

O duelo do próximo domingo será o terceiro dos primos Defendi no futebol nacional. A primeira vez aconteceu na época 2014/15: Rodrigo representava o Vitória de Guimarães enquanto Rafael era o guarda-redes do Paços de Ferreira. O encontro terminou empatado a uma bola e nenhum dos primos acabou a sorrir.

Na presente temporada, mais precisamente na segunda jornada da Liga, os dois voltaram a estar em lados opostos, embora não tenham saído do banco. E repetiu-se o desfecho: novo empate (2-2), desta feita entre Paços de Ferreira e Desportivo das Aves. Esse jogo representou o último contacto entre os primos.

«Falámos de forma muito rápida no final do jogo. O Rodrigo tinha acabado de chegar, conversámos sobre a família, mas foi tudo muito rápido», relembra.

Rodrigo, três anos mais novo, confirma a versão anterior e espera ter autorização do roupeiro, «alguém que é meio bravo» para trocar de camisola no final da partida.

«Falei com o Rafael pouco antes de regressar a Portugal. Falámos um pouco para saber como estavam as coisas aqui. Mas a última vez que falámos foi no jogo entre o Paços e o Desportivo Aves, em Paços de Ferreira. Para ser sincero, esse foi o último contacto que tivemos. Trocar a camisola com ele? Vamos ver. O nosso roupeiro é meio bravo [Firmino figura do clube], se ele deixar trocamos as camisolas», afirma.

O futebol tenta unir o que separou

A ligação familiar existente perdeu-se gradualmente. Rafael começou a agigantar-se entre os postes em São Paulo, enquanto Rodrigo crescia em Belo Horizonte, tendo acabado por emigrar para a Europa antes de atingir a maioridade.

O mesmo maldito destino que os separou, promoveu o reencontro do outro lado do Atlântico. Os dois estão atualmente separados por cerca de 20 quilómetros e quiçá, este seja o momento ideal para uma aproximação.

«Quem sabe no próximo ano não esteja mais próximo dele», apontou Rafael. Quanto ao jogo, ambos querem fazer o melhor. Apesar da falta de contacto os discursos equivalem-se e Rodrigo até tenta falar pelos dois. «As perspetivas que tenho é fazer um bom jogo, as respostas a esta pergunta penso que serão iguais», atira o defesa central avense entre sorrisos, complementando depois a ideia: «É um jogo importante para as duas partes».

Porém, este domingo, durante noventa minutos, os laços familiares vão ser colocados de lado. Qual deles sairá a sorrir?