O resultado é justo e o jogo foi equilibrado, mas o empate a duas bolas esta tarde no Bessa saberá a pouco ao Boavista, que esteve em vantagem boa parte do jogo e vencia até sete minutos do final.

Por outro lado, recuperando duas vezes a desvantagem no marcador, os transmontanos tiveram esta tarde o seu prémio justo na estreia em jogos fora na Liga, 17 anos depois.

Feitas as contas, Boavista e Chaves (com menos um jogo, a cumprir no próximo fim-de-semana frente ao Nacional, na Madeira) continuam sem perder e os axadrezados fazem um arranque de época como há muito não se via: já somaram metade dos pontos que fizeram em toda a primeira volta da temporada passada. Mais: é preciso recuar mais de uma década, até à época 2005/06, para encontrar um Boavista que somasse 5 pontos à 3.ª jornada da Liga.

Neste jogo, apesar de demasiado «leve» na frente e sem uma referência evidente na área, o Boavista começou por cima com o seu 4-2-3-1 a preencher melhor os espaços no meio-campo do que o 4-4-2 flaviense.

A equipa de Sánchez compensa com jogadores que gostam de bola no pé – Fábio Espinho e Schembri, sobretudo – falta de um claro «9» na zona central do ataque.

Ficha de jogo: Boavista-Desp.Chaves, 2-2

Na primeira parte foi este duo, acompanhado a espaços de Renato Santos, que colocou em sentido a defesa flaviense.

Sorte dos transmontanos que têm Ricardo, guarda-redes emprestado pelo FC Porto, um seguro de vida que vai valer muitos pontos durante esta época. Foi ele que evitou que o Boavista inaugurasse o marcador logo aos 14’, quando sacudiu com uma palmada um cabeceamento de Fábio Espinho. Mais do que evitar, adiou… Tudo porque aos 36’, Schembri fez mesmo de cabeça o 1-0, depois de um cruzamento de Fábio Espinho e de um remate de Renato Santos.

Um minuto antes, quase se gritou golo na baliza contrária, quando Braga apareceu solto na área a rematar ao lado, após assistência de Rafael Lopes. Não foi o único momento dos flavienses no primeiro tempo. João Mário, muito mexido, aparecia bem em zona de finalização, mas finalizava mal.

Assim sendo, o Boavista chegou em vantagem ao intervalo num jogo equilibrado, mas que na segunda parte contou com uma forte reação flaviense.

Jorge Simão mexeu bem e cedo na equipa. Perdigão entrou ao intervalo, Elhouni e William ainda antes da hora de jogo estar completa e o Chaves passou a estar claramente por cima do jogo na última meia-hora.

Destaques: justiça pelos pés de Perdigão e Elhouni

De uma falha de Anderson Correia (entre muitas) nasceu o empate. Elhouni seguiu o contra-ataque sozinho, galgou 30 metros com a bola controlada e descobriu o caminho da baliza. 1-1, aos 71’.

O jogo parecia ter acordado de uns largos minutos de letargia e três minutos depois o Boavista reagiu para voltar à vantagem. Grande penalidade de Battaglia sobre Bukia e Fábio Espinho converteu: 2-1 para o Boavista, que devia dedicar-se a guardar a vantagem a sete chaves.

Não o fez, o setor defensivo foi acumulando erros... Anderson Correia, vale a pena voltar a bater na mesma tecla, esteve particularmente mal… E o Chaves viria mesmo a aproveitar as facilidades. Aos 83’ Perdigão descobriu o caminho do golo uma vez mais, num remate colocadíssimo. 2-2! Resultado justo num jogo equilibrado.

Ainda assim, os flavienses quase fizeram pender a balança para o seu lado. Elhouni caiu na área num lance duvidoso disputado com Anderson Correia e voltou a ter o golo nos pés já nos descontos, quando ganhou espaço na área para rematar, mas encontrou Mika.

Seria um castigo demasiado pesado para o Boavista que, perante um Chaves aguerrido, tentou guardar a vitória caseira como quem deixa a porta no trinco. E assim ficou a ver três pontos pelo buraco da fechadura.