O improvável André Almeida, que até chegou a ver um cartão vermelho neste jogo, marcou o golo que permitiu ao Benfica virar o resultado diante do Desportivo das Aves a dois minutos do final e, desta forma, arrancar a 13.ª vitória consecutiva na Liga. Os olhos estavam todos concentrados na estreia de Julian Weigl, mas a verdade é que a equipa de Bruno Lage teve de sofrer para vencer um jogo em que esteve a perder ao longo de mais de 50 minutos. 

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Bruno Lage não se limitou a encaixar Julian Weigl no lugar de Taarabt, foi mais longe e promoveu mais alterações, com o regresso de André Almeida à defesa, mas sobretudo no ataque, com Jota e Seferovic a renderem Cervi e Vinícius. O reforço alemão, como se esperava, fixou-se à frente dos centrais, mas subia com facilidade, sempre pelo corredor central, jogando entre os limites das duas áreas.

O Benfica entrou forte com uma linha de ataque alargada ao máximo, com Jota e Chiquinho bem encostados à linha, a obrigar o Aves a esticar também a sua defesa. A intenção da equipa da casa era clara, obrigar o adversário a deixar espaços no centro para as entradas de Pizzi e Seferovic.

Mas não se pense que o Aves jogou de autocarro estacionado à frente da baliza de Beunardeu. A equipa de Manta Santos procurou defender o mais à frente possível e procurou sair a jogar, tirando proveito dos passes telecomandados de Estrela, que abria verdadeiras autoestradas para as investidas de Reko e, sobretudo, Mohammadi.

Mas era obviamente o Benfica que tinha a bola e manava no jogo, quase sempre pelas alas, com Grimaldo e Jota muito ativos sobre a esquerda. Num desses lances, Jota cruzou com precisão para o coração da área e Seferovic levantou as bancadas com um remate de cabeça que passou a rasar a barra. Weigl também surgiu por uma vez na área a procurar a finalização, num lance desenhado por Pizzi e Grimaldo, mas quando toda a gente esperava o primeiro golo do Benfica, foi o Aves que marcou. Grande passe de Estrela, mais um, a lançar Mohammadi que ultrapassou Ferro em drible sobre a direita, levantou a cabeça como se fosse cruzar e, já de ângulo apertado fuzilou as redes de Vlachodimos com o pé esquerdo.

O Benfica aumentou desde logo a intensidade do jogo, com a mesma receita, quase sempre pelas alas, e, até ao intervalo teve uma mão cheia de oportunidades para empatar, mas faltou-lhe sempre um pouco mais de frieza na finalização. Pizzi acertou na trave, Jota esteve perto de marcar e Chiquinho também [grande defesa de Beunardeu], mas a verdade é que o resultado surpreendente manteve-se até ao intervalo, com o último a vencer o primeiro, nesta altura, já com Vinícius a aquecer.

Regresso ao modelo original para a reviravolta

O brasileiro entrou logo a abrir a segunda parte, com um Benfica agora montado num 4x4x2, com duas torres no ataque e uma pressão ainda mais envolvente, obrigando o Aves a recuar em toda a linha para o interior da sua área. O empate voltou a estar iminente com uma pressão que parecia insustentável para o Aves.

No entanto, apesar de muito sofrimento a defender, a equipa de Manta Santos ia procurando responder. Mohammadi voltou a destacar-se e, logo a seguir, a Luz gelou quando Carlos Xistra mostrou um vermelho direito a André Almeida, na sequência de uma entrada em carrinho sobre Mangas. O árbitro acabou por rever o lance e mudou a cor do cartão. Apesar da entrada imprudente, o lateral não toca com a sola nas pernas do adversário.

O Benfica manteve a pressão e Bruno Lage continuou a ajustar a equipa, desta vez, prescindindo de Weigl para lançar Cervi. O Benfica recuperava a estrutura habitual, apenas sem o castigado Taarabt, e continuava a carregar. Pizzi voltou a estar perto do golo, com um remate fora da área, Vinícius também tentou, mas não acertou bem na bola.

A Luz só respirou de alívio a quinze minutos do final quando Vinícius, em mais uma investida, foi derrubado por Falcão que, ao tentar um corte, não acertou na bola e acertou no brasileiro. Na conversão do castigo máximo, Pizzi atirou colocado, Beunardeau ainda acertou no lado, mas não chegou. As bancadas festejaram e a equipa empolgou-se à procura da reviravolta diante de um Aves com cada vez menos pernas para acompanhar a pressão encarnada.

Com os minutos a correr para o final, o Benfica manteve uma pressão intensa e acabou por chegar ao golo da forma mais improvável. Vinícius, de costas para a baliza, olhou à volta e viu André Almeida deslocado, ali mesmo, no coração da área, e deu-lhe a bola. O lateral puxou o pé atrás e atirou a contar. Depois de mais de trinta remates, o Benfica consumava a reviravolta.

O Benfica garante, assim, que mantém, pelo menos, a vantagem que já tinha sobre o FC Porto, antes de, na próxima semana, visitar Alvalade, mas antes ainda vai defrontar o Rio Ave para a Taça de Portugal.