Vanderlei Dias Marinho, 31 anos, natural de São Luís do Maranhão. Já ganhou tudo o que havia para ganhar em Portugal ao sagrar-se campeão com a camisola do Benfica, tendo também ganho a Supertaça e a Taça da Liga na temporada 2014/2015.

Joga atualmente no Desportivo das Aves, onde na época passada completou o pleno de títulos ao conquistar a Taça de Portugal. Em entrevista ao Maisfutebol aborda as aventuras na Turquia e no México e fala também do Aves.

A mudança no comando técnico foi «natural» mas ao mesmo tempo «determinante». Derley tem mais um ano de contrato com os avenses, é da opinião de que o emblema da Vila das Aves tem condições para se estabelecer na Liga e aos 31 anos diz ainda ter objetivos maiores na sua carreira.

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Ficou apenas um ano no Benfica, tendo sido emprestado depois ao Kayserispor e ao Chiapas. Como foram essas experiências na Turquia e no México?

Foi bom, não posso dizer que foi mau. Na Turquia comecei por jogar muito, estava bem na adaptação. Estava muito bem, mas infelizmente tive uma lesão que me prejudicou, tive de fazer uma cirurgia e só voltei a jogar no último mês. Não tive oportunidade de me mostrar muito. No México foi mais uma experiência, um futebol totalmente diferente. O tipo de trabalho é diferente, tive algumas lesões e não joguei muito. Nesses dois anos as lesões atrapalharam muito o meu rendimento.

Como chega agora ao Aves depois de três anos ligado ao Benfica?

Estava no Brasil e tomei conhecimento pelos jornais que o Aves estava interessado em mim. Até então não tinha nenhum contacto. Depois tive de me apresentar no Benfica, o presidente falou comigo, o Luís Filipe Vieira, perguntou-me o que achava do interesse do Aves. Disse que sendo em Portugal estava interessado. Apresentaram-me um projeto muito bom aqui no Aves, com planos de chegar à Liga Europa. Foi o que me trouxe até aqui.

Na primeira época dividiu a titularidade com o Guedes. Correspondeu ao esperado?

No meu primeiro ano aqui foi um pouco difícil. Estive dois anos fora, não desaprendi de jogar, mas como estive fora sem jogar muito... isso requereu um esforço maior. Cheguei e quase nem fiz pré-época, foram dois anos sem pré-temporada, e isso para um jogador pesa muito porque o ritmo não é o mesmo. Cheguei e apenas com uma semana de treinos fui para jogo, é difícil pegar. Isso teve o seu peso e não tive o rendimento esperado. Esta época foi diferente, fiz a pré-temporada e tenho jogado mais.

Com a Taça de Portugal conquistada ao serviço do Aves conquistou tudo que havia para ganhar. Foi o momento alto, até agora, na Vila das Aves?

Foi, sim, claro. No Benfica é muito mais fácil ganhar títulos, é um clube grande que luta sempre por títulos. Ganhei três títulos no Benfica, faltava um, consegui ganhar pelo Aves, um clube que tinha acabado de subir, é algo extraordinário. Um título é um título, não importa o clube, mas fiquei muito feliz. Sou um jogador realizado em Portugal, tenho um nome e ganhei quatro títulos, tudo em Portugal.

Foi uma desilusão não jogar a Liga Europa?

Um pouco, sim. Já tinha jogado a Liga dos Campeões no Benfica, mas seria bom poder jogar a Liga Europa no Aves. Infelizmente não foi possível.

Nesta segunda época está a jogar com mais regularidade e já marcou oito golos. Mesmo ainda não tendo terminado a época, como é que olha para esta temporada?

Falei comigo mesmo que esta época tinha de ser diferente. Na época passada deixei a desejar. Não culpo ninguém, como muitos jogadores fazem, que dizem que o treinador foi fulano ou sicrano. Não, fui eu mesmo. Quando temos sucesso é do nosso trabalho e quando não temos queremos por a culpa nos outros. Estou ciente das minhas capacidades, individualmente não foi uma época muito boa, fiquei muito triste por marcar poucos golos. Esta época tenho jogado, isso dá ritmo, confiança e já tenho oito golos. Quero terminar com mais.

A troca do José Mota pelo Augusto Inácio foi determinante para a excelente segunda volta do Aves?

Penso que sim, foi. O José Mota fez um grande trabalho aqui, não há nada a apontar, mas neste início de época não estava a dar certo e foi feita a troca. São coisas naturais do futebol.

Este é o melhor campeonato do Aves na Liga até agora, mesmo ainda não tendo conseguido matematicamente a manutenção, acredita que é possível o clube estabilizar-se no principal escalão?

Sim. Tem de ser sempre essa a mentalidade. Se está na primeira tem de se manter. Acho que temos de almejar coisas maiores, porque às vezes os clubes menores têm tendência a lutar só para não cair e acaba por ficar na cabeça de todos apenas esse objetivo, o que quase deixa satisfeitos por ficar um pouco acima da despromoção. O objetivo tem de ser, pelo menos, olhar para ficar de décimo para cima e o Aves tem tudo para isso.

Com mais um ano de contrato o que espera para a próxima temporada?

Sim, tenho mais um ano de contrato e, como todos os jogadores, sempre esperamos que a próxima época seja melhor, com menos sufoco.

Que objetivos tem ainda na carreira?

Ainda tenho muitos objetivos. Com 31 anos ainda me sinto muito bem, estou num momento muito bom em todos os sentidos, experiência, e como todos os jogadores quero coisas maiores. Se disser que estou satisfeito, não estou, quero coisas maiores para a minha carreira.