Sessenta longos segundos que mancham o futebol português. Os jogadores do Aves subiram ao relvado e defrontaram o Benfica na penúltima jornada da Liga, o que não era um dado completamente adquirido, mas mantiveram-se estáticos no primeiro minuto do encontro, perante uma troca de bola sem progressão do Benfica.

Foi o protesto dos jogadores avenses perante um turbilhão de emoções face ao diferendo que o clube atravessa com a SAD. Mesmo com vários meses de salários em atraso, deslocando-se para o jogo por meios próprios para o estádio e sendo necessária intervenção policial para a organização do jogo, o facto de a bola rolar já constitui uma pequena vitória.

Contudo, esse mesmo rolar da bola passa para segundo plano até pelo diferencial de forças estiveram à flor do relvado. O Benfica precisou apenas de quatro minutos para chegar ao golo e, desde logo, sentenciar o encontro, se é que não estava à partida.

Passe de Pizzi para as costas da defesa avense, onde o rapidíssimo Rafa aparece na cara do estreante Sheytanov, atirando para o fundo das redes sem dificuldades. Um golo a impor o ritmo encarnado, ritmo esse que foi sempre baixo, apenas o suficiente para se superiorizar a um adversário que diariamente vai perdendo jogadores.

Um diferencial que por vezes fez adormecer os encarnados, ao ponto de permitirem algumas gracinhas ao Aves. A equipa de Nuno Manta Santos criou perigo com grande atitude e dignidade, pondo a nu um dos males deste Benfica: a debilidade defensiva. Cada livre avense para a área era sinónimo de tremedeira.

O intervalo serviu como despertador, acordando os homens agora orientados por Nélson Veríssimo entraram com outro afinco na segunda metade. Depois das ameaças Pizzi fez o segundo dos encarnados na transformação de uma grande penalidade.

Golo a partir da marca dos onze metros, a colocar o médio encarnado na linha da frente na lista dos melhores marcadores da Liga, ultrapassando Paulinho, do Sp. Braga, e o colega de equipa Carlos Vinícius, que acabou substituído poucos minutos depois.

Tempo ainda para a estreia de sonho de Gonçalo Ramos. Entrou a cinco minutos dos noventa e bisou na partida Dois golos num curto espaço de tempo, um de cabeça outro com o pé direito, a marcar pela quarta equipa esta época e na quinta competição. Marcou ao serviço dos juniores, dos sub-23, da equipa B e agora na equipa principal. Seria difícil esperar melhor. 

Triunfo em tons de negro (0-4) na noite desta terça-feira na Vila das Aves, a cor com que o Benfica atuou e a cor que envolveu este encontro que, nunca é de mais relembrar, esteve em risco e envolto em várias peripécias. Uma página negra na história do futebol português mesmo não entrando em qualquer tipo de contas no campeonato.