Em 1965, o psicólogo Bruce Tuckman operou um modelo com quatro estágios de desenvolvimento para estudar como pequenos grupos constituiam uma equipa, até alcançarem a atuação esperada. Formação (em inglês forming), confrontação (storming), normalização (norming) e atuação (performing).

O Rio Ave parece estar bem consolidado na última. Formou um grupo. Carvalhal definiu as responsabilidades de cada peça. O processo de trabalho. A produtividade está à vista.

Um penálti de Mehdi Taremi na primeira parte e um autogolo de Bruno Morais a trair, de forma infeliz, uma entrada expedita do Desp. Aves na segunda parte, encaminharam mais três pontos em Vila do Conde, que resultaram em goleada na cabeça de Tarantini e em novo penálti, de Diego Lopes.

Terceira vitória seguida fora, a igualar a diferença da melhor em toda a Liga, após o 5-1 da primeira volta ao… Desp. Aves.  

Quatro vitórias e um empate nas últimas cinco jornadas valem subida ao quinto lugar - em igualdade pontual com o Famalicão - a melhor classificação desde a sexta jornada. Prova clara da evolução.

Desp. Aves-Rio Ave: toda a reportagem do jogo

O desbloqueio no jogo, após um quarto de hora expectante, surgiu quando Piazón antecipou-se a um adversário e isolou Taremi, carregado por Bruno Morais. O Desp. Aves escapou a uma possível expulsão, mas não à desvantagem: Beunardeau adivinhou o lado, mas Taremi inaugurou o marcador, quatro minutos após uma infração que Manuel Oliveira foi rever ao vídeo-árbitro.

O Rio Ave sentiu-se confortável na vantagem e Piazón quase a dobrou após a meia hora, de cabeça. Ainda com pouco vinco ofensivo, Nuno Manta reorganizou a equipa, recuando Falcão para uma defesa a três, com Jaílson ao lado de Reko no meio, Mangas e Yamga nas alas e Banjaqui no apoio a Welinton e Mohammadi.

Não resultou. O Rio Ave encontrou até mais espaços e Taremi falhou por pouco dois cruzamentos. Só em cima do intervalo é que houve real sinal avense: Banjaqui, após uma falta que o Rio Ave ficou a protestar sobre Tarantini, viu Kieszek brilhar na baliza.

O lance foi o mote para o brilho do polaco, que no reatamento, após Banjaqui ficar a centímetros do 1-1, voou para negar o golo a Welinton. A reentrada fazia adivinhar equilíbrio, mas um passe longo de Filipe Augusto a lançar Nuno Santos resultou num autogolo de Bruno Morais, que tentava cortar o cruzamento.

O golpe foi rude para o último classificado, que ainda não sabe o que é pontuar dois jogos seguidos. Beunardeau brilhou para negar números copiosos, mas após três grandes defesas – a Taremi, Diego Lopes e Nuno Santos – não conseguiu deter um cabeceamento de Tarantini ao primeiro poste, a canto de Filipe Augusto ao minuto 77, já com Dala em campo e Piazón no banho.

Aí já Manta lançara Macedo e Marius. Abdicou de Jaílson e Welinton. Depois do 0-3, Diallo por Reko. Com a vitória feita, Carvalhal estreou Al Musrati e lançou Mané. O jogo estava decidido, mas a noite para esquecer de Bruno Morais não. Acabou com expulsão por falta sobre Gelson Dala e Diego Lopes assinou o 0-4 na compensação.

Quatro estágios de desenvolvimento. Quatro golos. Para inglês - diga-se sete adeptos do Sheffield Wednesday (ex-equipa de Carvalhal) na bancada - ver. Um todo harmonioso para os lados de Vila do Conde. Um contraste com a vida na Vila das Aves, onde fica a ideia que tudo podia ter sido diferente se o início de segunda parte fosse outro.