Continua o passeio tranquilo do Santa Clara no regresso ao convívio com os grandes do futebol português. A assinar um início de campeonato surpreendente, a equipa de João Henriques somou o quarto triunfo consecutivo e ultrapassa, à condição, o Sporting na tabela classificativa.

Vitória personalizada na Vila das Aves (1-2), ainda que nos minutos finais tenha passado por calafrios. Dois golos de bola parada em sete minutos encaminharam o triunfo açoriano, a prestação pouco acutilante da equipa da casa ajudou a simplificar a tarefa.

Bruno Lamas adiantou o Santa Clara na cobrança de um livre direto, César ampliou a vantagem num pontapé de canto. O máximo que o Aves conseguiu foi reduzir por Derley num pressing final que chegou a encostar os insulares às cordas.

Bolas paradas letais

Com cinco mexidas no onze inicial comparativamente com o último jogo da Liga, José Mota trocou de guarda-redes, dois defesas, um médio e o ponta de lança. Substituições na espinha da equipa que fizeram com que os avenses se apresentassem pouco conectados nos seus movimentos e com uma falta de identidade visível.

Identidade que sobrou ao Santa Clara. Os açorianos mostraram personalidade e organização, características apimentadas com uma grande dose de sucesso nas bolas paradas. Com um jogo pausado e laborado, os pupilos de João Henriques foram para o intervalo a vencer por duas bolas a zero com dois golos de bola parada no espaço de sete minutos.

Livre superiormente cobrado pelo esquerdino Bruno Lamas a abrir o ativo com grande classe. André Ferreira ficou pregado ao relvado, nada podia fazer para travar o remate teleguiado do brasileiro. Sete minutos volvidos manteve-se o sotaque brasileiro com César a aproveitar a pouca acutilância defensiva do Aves para de cabeça marcar na sequência de um canto de Patrick.

Final de perder o fôlego

Simplicidade de processos dos açorianos, que nunca se desorganizaram e souberam jogar com as suas virtudes e também com as disfuncionalidades do adversário, que nunca se encontrou verdadeiramente como equipa, pese embora a boa reação na segunda metade.

O conjunto de José Mota foi para cima na segunda metade, com muita vontade e crer alavancados pela entrada de um Nildo enérgico. O brasileiro assumiu a corrida atrás do prejuízo dos avenses, mas quase sempre de uma forma irracional, com mais coração do que cabeça.

Cabeça que sobrou a Derley para reduzir a desvantagem a dez minutos do fim, correspondendo da melhor forma a um cruzamento de Vítor Gomes. Golo acusado pelo Santa Clara, Fernando perdeu-se em protestos e acabou expulso, deixando os açorianos em inferioridade numérica para dez minutos frenéticos.

Segurou o triunfo o Santa Clara, que acaba por se justificar pelo controlo das operações que deteve durante grande parte do jogo. Num duelo inédito no principal escalão do futebol português, os três pontos vão para os Açores, que metem a quarta vitória consecutiva. Campeonato engraçado o da equipa de João Henriques.