Dérbi com contornos de clássico. Bancadas cheias para o embate entre vilas vizinhas num confronto direto que valia a permanência entre os grandes do futebol português. Com mais coração, o Aves venceu em casa do rival (0-3) agarrou a manutenção. Uma permanência histórica, que acontece pela primeira vez, para o emblema de Santo Tirso.

Foi precisamente o coração a fazer a diferença, com os avenses a conjugar a maior serenidade com a sua experiência para, a meias com o triunfo do Estoril sobre o V. Setúbal, carimbar desde já a manutenção. Nildo foi o nome maior do triunfo do Aves com um golo e duas assistências. Depois de marcar na jornada passada, o brasileiro marcou e fez duas assistências no regresso a Moreira de Cónegos.

Petit prometeu um Moreirense «preparado», Mota projetou um embate disputado «metro a metro e homem a homem». Confirmou-se a premonição do técnico avense. O duelo foi musculado, frenético e sempre intenso mesmo quando faltou qualidade. Apresentou-se mais disposto para esta realidade o Aves.

Guedes a serenar os ânimos

A equipa que jogou na condição de visitante não se precipitou, esteve organizada e jogou ao sabor do jogo. Pelo contrário, o Moreirense acusou a pressão de jogar em casa e de depender apenas de si para abdicar de fazer contas na última jornada. Nada saiu bem termos ofensivos e a defesa tremeu.

O Desp. Aves esteve claramente mais tranquilo e com um Guedes irrequieto no ataque a tarefa ficou simplificada. O avançado abanou com as redes adversárias logo aos doze minutos numa jogada à ponta de lança. Rotação perfeita no interior da área a desenvencilhar-se do marcador direto, rematando depois de primeira com o pé esquerdo. Pouco depois até podia ter feito o segundo, mas valeu Jhonatan entre os postes a fazer uma defesa estrondosa.

Mais Aves, portanto, perante um Moreirense intranquilo, que deu quase sempre um toque a mais no esférico e cujos cruzamentos saíram quase sempre com as medidas erradas. No fundo, um Moreirense a quem nada saiu como pretendido, deixando a experiência do Aves segurar as pontas mesmo sem ser precisa grande ousadia. Petit percebeu isso mesmo e à meia hora de jogo tirou o amarelado Boubacar para incluir a maior capacidade de construção de Rafael Costa ao jogo.

Nildo fecha as contas

Em desvantagem ao intervalo, o Moreirense preparou-se para responder na segunda metade. Mas o ímpeto durou apenas três minutos. O Aves fez o segundo e praticamente arrumou com a questão. Nildo uma vez mais na jogada, armou um contragolpe na esquerda que Tissone fechou com chave de ouro no corredor central. Explosão de alegria no topo do estádio, os avenses começaram a festejar a primeira permanência da história.

Sem vencer fora há praticamente três meses, Nildo fez o gosto pé a selar as contas. Remate a sair bombeado depois de embater num adversário, aplicando mais um golpe num Moreirense que esteve sempre demasiado ansioso.

A calculadora fica definitivamente arrumada para o Aves, que pode agora focar-se na final da Taça de Portugal que tem para disputar com o Sporting, no Jamor. Em melhor posição à partida para esta jornada, o Moreirense adia, para já as contas, mantendo a margem de três pontos para a linha de água. Convém não esquecer que na derradeira jornada se desloca à Luz.

Para já, este domingo, a festa fez-se em tons de vermelho. O Aves continua entre os grandes do futebol português na próxima época.