Fábio Silva saiu para o Wolverhampton, Tiquinho Soares partiu para a China, Aboubakar já está na Turquia e Zé Luís para lá irá a qualquer momento. Revolução quase completa no ataque do FC Porto, resta o intocável Moussa Marega.

Para compensar o quadro de saídas, os campeões nacionais incorporaram o iraniano Mehdi Taremi, contratado ao Rio Ave, e o brasileiro Evanilson, descoberto no Fluminense. Toni Martinez está na lista de espera.

Evanilson tem 20 anos e era quase um desconhecido na Europa, pelo menos para o adepto comum.
26 presenças na equipa principal do Flu, e dez golos marcados, levaram o FC Porto a olhar com muita atenção para este produto polido em Xerém, o local do centro de treinos do gigante carioca.

Seis anos de ligação ao Fluminense, com uma breve passagem pela Eslováquia, deram a Evanilson todos os ensinamentos para triunfar num clube grande. Essa é a garantia dada por Duílio, coordenador de todos os escalões de formação do Flu e antigo atleta de Sporting e Estrela da Amadora. Duílio foi convidado do Maisfutebol na rubrica DESTINOS e aproveitou para apresentar Evanilson aos portugueses. 

«O Evanilson é um excelente jogador e uma excelente pessoa. Lá em Xerém, no centro de treinos do Fluminense, há uma placa à entrada que diz isto: ‘forma um grande homem e estarás a formar um grande jogador’. O Evanilson enquadra-se nisso. É uma pessoa ótima, de bom trato e um fazedor de golos», assegura Duílio, um homem que foi durante dez anos um dos melhores defesas centrais do futebol português. 

Duílio lembra-se de Evanilson «ainda muito franzino» e do enorme «salto físico» dado pelo avançado do FC Porto «nos últimos três anos». «Adora trabalhar e o resultado está à vista.»

«Se o Evanilson conseguir mostrar o que vale, tenho a certeza que vai agradar muito os portistas. É um avançado quase completo. Sai da área, gosta de cair nos flancos, tem bom toque de bola, finaliza bem, tem boa visão de jogo, mas tem de melhorar na qualidade do cabeceamento. Tem idade e tempo para isso, vai aprender muito no FC Porto.»

O homem que carregou a braçadeira do Estrela da Amadora na final de 1990 no Jamor sublinha «os quase 30 golos» marcados por Evanilson em 2019 e aplaude a capacidade «anormal» do avançado explorar «o espaço nas costas das defesas». 

«É um jogador muito difícil de marcar. Os adeptos do Fluminense ficaram muito chateados com a saída dele, mas o clube atravessa um momento financeiro difícil. Temos de desfazer-nos das nossas joias. Agora vai sair o Marcos Paulo para o Marselha e ainda há poucos dias assinámos um contrato profissional com o Gabriel Lira, que só tem 16 anos. É um médio ofensivo habilidoso e muito forte fisicamente.»

Conhecedor da realidade do futebol português, Duílio acredita que Evanilson vai chegar e «brilhar».  «Ele não veio do meio do monte. Era titular de um dos grandes clubes brasileiros. Teve oportunidades porque demonstrou um talento anormal. A estrutura profissional do Fluminense é muito exigente e obrigava-o a andar na linha. O futebol de hoje é diferente e é por isso que o melhor jogador brasileiro, o Neymar, tem uma cabecinha que nem sempre pensa da melhor forma. Faltou-lhe uma estrutura de apoio condizente com as necessidades atuais. O Evanilson teve isso.»