«Aos 31 anos ainda não é tarde para um guarda-redes dar o salto». Quem o diz é Adriano Facchini, guarda-redes do Gil Vicente, depois de mais uma exibição irrepreensível no Estádio D. Afonso Henriques culminada precisamente com um grande salto para manter a baliza do Gil sem golos. No encontro com o V.Guimarães Adriano Facchini teve (outra vez!) nota máxima para o Maisfutebol. Totalista, é o guarda-redes mais pontuado esta época, no ranking geral da Liga fica apenas atrás do sportinguista William, o líder.

O guardião brasileiro voltou a ser decisivo para o amealhar de pontos por parte do clube de Barcelos. Desta vez, o ponto alto da prestação e Adriano aconteceu quando já passavam quatro minutos para lá dos noventa. A bola tabelou num companheiro e quase fazia um chapéu a Facchini. Quase! O guarda-redes arranjou forças para se elevar e elevar a bola para evitar que entrasse.
 
«Já vi na televisão, normalmente gosto de rever as defesas para poder aprender. Já vi essa defesa algumas vezes, e acho que foi uma defesa que marca pelo grau de dificuldade daquele momento. Fiquei feliz por defender aquela bola porque não é todos os dias que se consegue fazer uma defesa daquelas» refere Adriano Facchini à MF TOTAL.
 
No final do encontro com o V.Guimarães, que terminou empatado sem golos, muito por culpa de Adriano, o companheiro Gabriel teceu um comentário curioso em jeito de desabafo: «O Facchini salvou-nos», disse o defesa-direito do Gil na zona mista do estádio vimaranense.
 
Adriano reagiu com sorrisos e com um enorme sentido de equipa: «Consegui ajudar o Gil Vicente, tive a felicidade de aparecer nos momentos em que a equipa mais precisava, mas sozinho não conseguia nada. Não penso dessa forma. O mais importante para mim é a equipa e o que todos conseguimos. Tenho sido feliz e tenho feito a diferença quando a equipa precisa».
 
Procurávamos explicações e não as encontrávamos
 
O guarda-redes volta a aparecer em cena conjuntamente com o Gil Vicente, depois de dezasseis jogos sem vencer. Adriano diz que nem é bom recordar esse momento, e que até é complicado falar.

«Já passou», diz Adriano Facchini com um tom de alívio enquanto diz que não há explicações para uma série tão negra: «É algo que acontece no futebol e não há explicação lógica para isso. É até complicado voltar a falar nessa situação. Procurávamos explicações e não as encontrávamos, mas já passou.»
 
O arranque do Gil foi prometedor, o conjunto de João de Deus chegou a andar por lugares europeus. O guarda-redes recusa falar em mágoa pela queda abrupta que o Gil Vicente teve na tabela classificativa.
 
«Não ficamos com mágoa, essa palavra não se pode usar no futebol. É claro que podíamos estar numa situação melhor se não tivéssemos ficado tanto tempo sem vencer, mas o futebol é mesmo isto, e é por isso que é encantador. O mais importante é o momento e o facto de voltarmos a conseguir pontos».
 
O guarda-redes do Gil diz que é passado e que a cabeça está já nos seis jogos que faltam até acabar a época: «O importante é que todos aprendemos com aquilo. É passado, já só pensamos no futuro e nos seis jogos que faltam para terminar o campeonato».
 
«Trabalho para poder atingir patamares maiores»
 
Com 31 anos de idade completos no decorrer do presente mês de março e quando vai na terceira época consecutiva ao serviço do Gil Vicente, Adriano Facchini é uma das referências do clube e ao mesmo tempo peça chave na conquista de muitos pontos. Poderia ter atingido outro nível na carreira?
 
«Ainda há tempo, independentemente da idade. Completei 31 anos em março, para um guarda-redes é uma idade ainda boa. Vejo bons guarda-redes a jogar com 38, 39 e até mesmo 40 anos. Tenho muito tempo pela frente no futebol para poder atingir patamares maiores», responde Adriano, que tem ainda mais um ano de contrato com o Gil Vicente.

«Não estou desesperado por isso, mas também não estou acomodado no Gil Vicente. O Gil é um bom clube, agradeço a oportunidade de jogar cá e só quero trabalhar todos os dias para depois nos jogos demonstrar o meu futebol», completa.

Chegar a um grande do futebol português é um dos patamares que Facchini almeja atingir. «Claro que gostaria de jogar num grande. Tenho trabalhado para conseguir coisas melhores na carreira. O Gil Vicente é um bom clube e estou muito grato, mas todo o atleta almeja subir de patamar e eu não sou diferente. Sei que vai acontecer com naturalidade e quando tiver que ser. Estou muito tranquilo em relação a isso».