Depois do tri, o tetra do Benfica. Se na época passada a equipa de Rui Vitória teve o Sporting de Jorge Jesus como competidor direto até à última jornada, desta vez foi o FC Porto de Nuno Espírito Santo.

Apesar de os próprios protagonistas anteciparem um final quase em «photo finish» para decidir o campeão, a verdade é que, apesar da recuperação, os dragões resistiram na corrida apenas até à penúltima jornada.

Fora da disputa do título ficou bem cedo o Sporting, que no início da segunda volta já levava um atraso de dez pontos para a liderança (que chegou a ser de 12 à 24.ª e 25.ª jornada e de 14 pontos à 33.ª) e acabou a 12 pontos do campeão.

À margem dos três grandes, 2016/17 foi também a época do extraordinário Vitória de Guimarães de Pedro Martins, que garantiu o quarto lugar a três jornadas do final, e da excelente recuperação do Marítimo de Daniel Ramos, que chegou à equipa para lutar pela manutenção e acabou a garantir o sexto lugar e a pré-eliminatória da Liga Europa na derradeira jornada.

Abordando a manutenção, na última jornada decidiu-se ainda a equipa que desceu juntamente com o Nacional: o Arouca, que desceu de forma surpreendente, deixando Tondela e Moreirense na I Liga.

A Liga terminou e o Maisfutebol escolheu, em cada uma das rondas, um jogo marcante, de modo a fazer melhor perceber um campeonato, que por ser uma espécie de maratona muitas vezes não se decide ao sprint. O filme da corrida faz-se aqui, em 34 andamentos.

1.ª jornada: Tondela-Benfica, 0-2

Vitória tranquila? Apenas na aparência. O campeão em título sofreu para vencer o Tondela e só nos descontos, por André Horta, marcou o golo que valeu uma vitória fora, superando as dificuldades, uma espécie de mote para a época.

2.ª jornada: Benfica-V. Setúbal, 1-1 

A primeira grande surpresa da Liga. À segunda jornada, os sadinos gelam a Luz com um golo de Venâncio, aos 66’, e o resultado não foi pior porque Jiménez empatou de grande penalidade aos 83’. O Benfica perdia terreno para FC Porto e Sporting que se defrontariam na jornada seguinte.

3.ª jornada: Sporting-FC Porto, 2-1

Primeiro clássico da época em Alvalade decidido para o lado leonino. O FC Porto até se adiantou no marcador, mas o Sporting vira o resultado ainda na primeira parte com dois golos com alguma polémica. O Benfica vence na Madeira o Nacional (1-3) e ultrapassa os dragões.

Sporting venceu com polémica primeiro clássico da época

4.ª jornada: Sporting-Moreirense, 3-0

Minuto 58’, terceiro golo do Sporting ao Moreirense. Quem marca? Bas Dost. Na sua estreia pelos leões, o holandês fez um golo e mostrou o seu cartão-de-visita. Daí em diante, os tentos surgiram em catadupa. E Dost acabou a época com 34 golos e a disputar a Bota de Ouro com Lionel Messi, que acabaria por vencer o galardão.

5.ª jornada: Rio Ave-Sporting, 3-1 

Os leões vinham de uma excelente exibição em Madrid (perderam nos últimos minutos frente ao Real, por 2-1) para a Liga dos Campeões e quatro dias depois protagonizam o primeiro grande escândalo da Liga. O Rio Ave vencia ao intervalo por 3-0 e ameaçava a goleada. Não chegou a tanto, mas o Sporting caiu com estrondo em Vila do Conde e permitiu ao Benfica (que venceu o Sp. Braga por 3-1) passar para o comando da Liga, que não mais viria a largar. Numa jornada atípica, o FC Porto não foi além de um empate em Tondela.

6.ª jornada: Marítimo-Tondela, 2-0 

Numa jornada em que os três grandes venceram, destaque para um triunfo caseiro do Marítimo no primeiro jogo orientado por Daniel Ramos. O substituto de PC Gusmão chegou com o Marítimo em zona de despromoção (e com duas derrotas em casa) e a partir daqui guindou os insulares até à luta pelos lugares europeus, alcançados na derradeira jornada. Uma das mais incríveis recuperações da Liga começou aqui.

7.ª jornada: V. Guimarães-Sporting, 3-3 

Vinte minutos para jogar e o Sporting vencia por 3-0 em Guimarães. Vitória segura? Nem por isso… O que se passou de seguida foi uma das mais incríveis recuperações da Liga: o Vitória recuperou três golos e chegou ao empate. Um resultado-choque para os leões numa ronda em que FC Porto e Benfica aplicaram «chapa 4».

8.ª jornada: Sporting-Tondela, 1-1 

Depois do empate surpreendente em Guimarães, novo empate, em Alvalade, diante do Tondela. Não fosse um golo de Campbell, no último lance do jogo, e os leões podiam lamentar uma derrota. O resultado embaraçoso fez o Sporting atrasar-se para Benfica e FC Porto, que venceram nesta jornada.

9.ª jornada: V. Setúbal-FC Porto, 0-0 

Em vésperas de receber o Benfica no Dragão, um desaire inesperado. O FC Porto escorregou em Setúbal e não foi além de um nulo, um resultado igual ao do Sporting em casa do Nacional. O Benfica venceu o Paços na Luz (3-0) e aumentou a vantagem para os dragões para cinco pontos.

10.ª jornada: FC Porto-Benfica, 1-1 
Num jogo em que estava proibido de perder, o FC Porto fez uma exibição de gala, dominou o Benfica durante a maior parte do jogo, marcou e… num dos derradeiros lances do jogo, permitiu o empate, num cabeceamento de Lisandro López. Um balde de água fria no Dragão num clássico que marcou a época.

Lisandro López garantiu, nos últimos minutos, um precioso empate do Benfica no Dragão

11.ª jornada: Sp. Braga-Feirense, 6-2 
No encerramento da ronda 11, uma chuva de golos em Braga. A equipa de José Peseiro dava meia dúzia ao Feirense e segurava-se na luta pelo terceiro lugar. Porém, numa prova de que no futebol tudo muda num ápice, o técnico acabaria por sair pela porta pequena em menos de um mês.

12.ª jornada: FC Porto-Sp. Braga, 1-0 
Considerando todas as competições, o FC Porto não marcava há 520 minutos e o histórico jejum de golos teimava em persistir diante do Sp. Braga. Até que Rui Pedro, avançado da equipa de juniores, foi lançado em campo e no lance derradeiro da partida fez explodir de alegria o Dragão com um golo que desbloqueou um problema sério no ataque portista e embalou a equipa para uma boa sequência na Liga, aproveitando um desaire do Benfica na Madeira com o Marítimo (2-1).

13.ª jornada: Benfica-Sporting, 2-1 
O Sporting visitava a Luz com dois pontos de atraso e a possibilidade de passar para a frente. No entanto, o dérbi sorriu ao Benfica, que se chegou ao 2-0 por Salvio e Jiménez e conseguiu suster a resposta dos leões, que reduziram por Bas Dost e estiveram perto do empate. O jogo não ficou ainda assim isento de lances polémicos, sublinhados pela equipa de Alvalade ao longo do campeonato.

Sporting perdeu na Luz e acabou por afastar-se em definitivo da liderança

14.ª jornada: Sporting-Sp. Braga, 0-1 
Depois da derrota na Luz, nova derrota em Alvalade diante do Sp. Braga. Em duas jornadas o Sporting vê a distância para o líder aumentar de dois para oito pontos e o campeonato ficar seriamente comprometido. No primeiro jogo pós-Peseiro (com Abel no comando), Wilson Eduardo marcou o golo que fez os bracarenses ultrapassarem o Sporting no terceiro lugar.

15.ª jornada: Belenenses-Sporting, 0-1 
Após duas derrotas seguidas, o Sporting atravessava a pior fase da época e no Restelo, frente ao Belenenses, estava prestes a nova escorregadela. Até que Campbell surge na esquerda e cruza para a área onde aparece Dost a marcar o golo de uma vitória arrancada a ferros nos momentos finais da partida. Uma vitória muito celebrada até pelo presidente Bruno de Carvalho, que dar uma volta ao sintético para cumprimentar os adeptos leoninos.

16.ª jornada: V. Guimarães-Benfica, 0-2 
Guimarães era em teoria uma das deslocações mais difíceis dos encarnados, mas foi um teste passado com distinção. O Benfica venceu pela última vez fora por duas bolas de diferença nesta edição da Liga. Daqui em diante os triunfos como forasteiros dos encarnados foram pela margem mínima. Além do triunfo, a equipa de Rui Vitória aproveitou o nulo do FC Porto em Paços para recolocar a vantagem em seis pontos.

17.ª jornada: Benfica-Boavista, 3-3 
Com uma vantagem considerável na Liga e com a oportunidade de fechar a primeira volta com um jogo em casa com um adversário teoricamente acessível poucos esperariam que aos 25 minutos de jogo o Boavista já vencesse por 3-0. O Benfica recuperou e chegou ao empate, mas este resultado inesperado relançaria o campeonato.

18.ª jornada: Sp. Braga-V. Guimarães, 1-2 
O dérbi do Minho começou a marcar as diferenças para a luta pelo campeonato dos não-grandes. O V. Guimarães foi a Braga vencer o rival com justiça num jogo que marcou a despedida de Tiquinho Soares. O avançado brasileiro contratado pelo FC Porto assistiu e marcou, fazendo uma grande exibição. A partir daqui, os vitorianos ganharam fôlego na Liga e os bracarenses perderam-no.

19.ª jornada: V. Setúbal-Benfica, 1-0 
Um golo de Zé Manuel aos 21 minutos valeu um triunfo inesperado aos sadinos. O Benfica perdeu pela segunda vez na Liga (depois da derrota na Madeira com o Marítimo) e o campeonato foi relançado, com o FC Porto, que venceu no Estoril por 2-1, a encurtar para um ponto a distância para a liderança.

20.ª jornada: FC Porto-Sporting, 2-1 
Tiquinho Soares fez um bis na estreia pelo FC Porto, num clássico no Dragão diante do Sporting. Seria difícil sonhar com melhor arranque. O Sporting reagiu na segunda parte, reduziu por Alan Ruiz e só não empatou num dos últimos lances da partida porque Casillas fez uma das defesas da época.

Soares teve uma estreia de sonho pelo FC Porto, ao bisar no Dragão frente ao Sporting

21.ª jornada: V. Guimarães-FC Porto, 0-2 
O FC Porto parecia definitivamente embalado na perseguição ao Benfica à medida que ultrapassava cada obstáculo do ciclo terrível que lhe foi surgindo pela frente. Em Guimarães, Soares voltou a ser decisivo e marcou frente à antiga equipa antes de Jota, perto do final, sentenciar o resultado.

22.ª jornada: Sp. Braga-Benfica, 0-1 
Jogo de pressão máxima e grande equilíbrio. O Benfica não podia perder pontos em Braga, sob pena de ver o FC Porto fazer uma ultrapassagem, e cumpriu. Mitroglou foi o herói na Pedreira ao marcar um golo decisivo aos 79 minutos.

23.ª jornada: Boavista-FC Porto, 0-1 
No dérbi da Invicta, o FC Porto sofreu, mas venceu e Soares voltou a ser decisivo ao marcar logo aos 7 minutos. Os dragões poderiam ter ampliado a vantagem, mas acabaram por arrancar a vitória «a ferros». Ainda assim, não soçobraram, tal como o Benfica que venceu também com algumas dificuldades o Desp. Chaves (3-1) na Luz.

24.ª jornada: Feirense-Benfica, 0-1 
Mais um jogo de pressão máxima, mais uma vez o Benfica a corresponder com uma vitória tangencial. Em Santa Maria da Feira foi Pizzi a fazer a diferença com um golo solitário em cima do intervalo. Na mesma jornada, o FC Porto alcançou a goleada da época ao vencer por 7-0 o Nacional.

25.ª jornada: Arouca-FC Porto, 0-4 
Depois de uma goleada retumbante ao Nacional, outra ao Arouca. O FC Porto parecia ter descoberto em definitivo o caminho dos golos e em Arouca conseguiu uma das mais tranquilas vitórias fora (tal como também vencera por 4-0 o Nacional e o Feirense). Soares voltou a estar em evidência, ao bisar na partida.

26.ª jornada: FC Porto-V. Setúbal, 1-1 
A ultrapassagem falhada. Depois de o Benfica empatar na véspera em Paços de Ferreira, o FC Porto preparava-se para o assalto à liderança. Bastava vencer em casa o V. Setúbal. E a verdade é que o golo apareceu em cima do intervalo, por Corona. O «balde de água fria» surgiu na segunda parte, aos 56’, através de João Carvalho (emprestado pelo Benfica). Mesmo com mais de meia-hora para marcar, o FC Porto entrou em descontrolo emocional e, tal como na primeira volta, empatou com os sadinos e comprometeu a abordagem ao clássico frente ao Benfica, na jornada seguinte.

27.ª jornada: Benfica-FC Porto, 1-1 
Era o clássico do ano e a verdade é que com os dois candidatos separados por um ponto o duelo da Luz poderia ajudar a definir o maior candidato ao título. Jonas adiantou de grande penalidade o Benfica logo no início, o FC Porto tremeu, mas na segunda parte reagiu e Maxi Pereira empatou, marcando à sua ex-equipa. Quando os dragões estavam por cima, foi a vez de o Benfica voltar a pegar no jogo e tentar chegar à vitória. Aí, apareceu Casillas, para, pela segunda época consecutiva, salvar o FC Porto. No final, um empate, e a mesma distância de um ponto a separar o duo da frente.

Maxi Pereira marcou à sua antiga equipa e foi uma das figuras do clássico do ano

28.ª jornada: Moreirense-Benfica, 0-1 
Em Moreira de Cónegos, o Benfica enfrentou grandes dificuldades e esteve bem perto de perder pontos, num jogo marcado também por alguma polémica. A equipa encarnada chegou à vantagem por Mitroglou, aos 42 minutos, e conservou-a durante a segunda parte, apesar de o Moreirense ter desperdiçado várias oportunidades. No final, mais uma prova superada.

29.ª jornada: Sp. Braga-FC Porto, 1-1 
Num duelo decisivo, o FC Porto falhou em vésperas de ver o Benfica visitar Alvalade, e começou a comprometer seriamente o campeonato. Pedro Santos marcou logo no início da partida e desperdiçou uma grande penalidade em cima do intervalo. Na segunda parte, Soares apareceu para igualar e manter o FC Porto pelo menos a três pontos de distância.

30.ª jornada: Sporting-Benfica, 1-1 
Adrien marcou de grande penalidade logo nos primeiros minutos e adiantou o Sporting (tal como jornadas antes o Benfica se havia adiantado na receção ao FC Porto), que dominou até ao intervalo. Porém, na segunda parte, os encarnados empatariam um clássico, que também teve lances polémicos (tal como o da primeira volta), graças a um livre de Lindelöf. O FC Porto poderia aproveitar para encurtar distâncias, porém, no dia seguinte voltou a claudicar e não foi além de um nulo caseiro frente ao Feirense.

Lindelöf fez a festa em Alvalade e o Benfica empatou o clássico frente ao Sporting

31.ª jornada: Benfica-Estoril, 2-1 
A receção ao Estoril tornou-se inesperadamente num jogo de dificuldade elevada. Tal como na segunda mão da meia-final da Taça, a equipa de Pedro Emanuel surpreendeu pela exibição positiva na Luz e esteve bem perto de roubar pontos ao Benfica. Não o fez porque Jonas, inspiradíssimo, resolveu com um bis e manteve distâncias para o FC Porto, que venceu em Chaves (0-2).

32.ª jornada: Rio Ave-Benfica, 0-1 
Cinco meses depois, Raúl Jiménez voltou à titularidade no Benfica e foi decisivo num triunfo dificílimo do Benfica em Vila do Conde. O mexicano marcou num lance de transição aos 75’, tal como havia feito na época anterior também numa fase decisiva da época num triunfo tangencial em Vila do Conde (aos 73’, por 1-0). O Benfica venceu, o FC Porto… empatou na Madeira. A diferença aumentou para cinco pontos e o campeonato ficou praticamente encaminhado.

33.ª jornada: Benfica-V. Guimarães, 5-0 
Na penúltima jornada, a festa pelo inédito tetracampeonato e uma espécie de antecipação da final da Taça, que encerra a época no Jamor. Na Luz, perante 65 mil adeptos, o Benfica celebrou com uma goleada por 5-0 frente ao Vitória de Guimarães, em que Jonas, figura desta fase decisiva, voltou a bisar.

Benfica fez a festa do título após triunfo sobre o Vitória de Guimarães

34.ª jornada: Estoril-Arouca, 4-2 
Com o campeonato decidido e o Marítimo a garantir a Europa na véspera, a luta pela manutenção animou o último dia da derradeira jornada. E a grande surpresa surgiu do Estoril, onde o Arouca até começou por se adiantar bem cedo, mas acabou por perder por 4-2 e descer de divisão pela diferença de um golo. Salvou-se in extremis pela segunda época consecutiva o Tondela, que venceu em casa o Sp. Braga por 2-0… E também o Moreirense, que venceu o FC Porto por 3-1. Inesperado desfecho para o Arouca, que à jornada 29, quando fez 31 pontos após vencer o Feirense, deu praticamente como garantida a manutenção. De forma precipitada, como o desfecho do campeonato acabou por provar.