Bruno Pinheiro, treinador do Estoril, analisa a derrota com o Sporting, em Alvalade, para a 23.ª jornada da Liga (0-3):

[sobre a expulsão de Raul Silva] «Deixo para os especialistas na área. Não me meto mais nesses assuntos, não quero más interpretações. Penso que o momento tem influência no jogo. Vínhamos do intervalo convictos de que íamos dar a volta à situação, e num período em que estamos a tentar pressionar, a colocar mais agressividade na pressão defensiva, acaba por surgir a expulsão. Se onze contra onze já era muito difícil, assim tornou-se ainda mais.»

«O Sporting projeta muitos jogadores, e por vezes é difícil controlar a profundidade desses jogadores. O plano de jogo estava conseguido. Podíamos ter sido melhores nos corredores laterais, muitas tabelas que não foram bloqueadas. No melhor período do Sporting conseguiram desequilibrar no corredor lateral, pois não estávamos a travar as combinações. O jogo estava mais ou menos controlado. Na segunda parte tentámos ser um pouco mais agressivos, mas com a expulsão acabámos por não ter mais essa capacidade.»

[se o mercado de inverno explica a segunda volta diferente (para pior) que a equipa está a fazer] «Não, de todo. Os jogadores do Estoril têm qualidade. Claro que tivemos o problema da covid-19, e ficámos agora sem o Raul Silva, o Ferraresi e o Joãozinho. O Chiquinho tem características muito próprias, e tentámos compensar com o Jordi [Mboula], que é um jogador mais vertical. Penso que vamos fazer uma segunda volta diferente, os pontos estão mais difíceis, mas vamos ser competitivos até ao fim.»

[sobre o registo de expulsões de Raul Silva e aquilo que pode dar à equipa] «Pode acrescentar alguma experiência nesta juventude. Os nossos centrais aqui utilizados são muito jovens. Vou ser sincero quanto ao cartão: ainda não vi o lance na televisão. Fico com a sensação que corta a bola, e na sequência há contacto. Se pararmos as imagens no momento do impacto, claro que também não fico com dúvidas, mas o futebol não é uma fotografia, é movimento. Penso que não preciso ter nenhuma conversa com ele, a não ser que mude de opinião depois.»

[O que mudou no Estoril da segunda volta?] Temos feito jogos bem conseguidos. Há vários fatores, e temos de enquadrar as coisas. Nessa sequência de maus resultados o Estoril esteve a ganhar em quatro desses jogos. Com o Moreirense tínhamos cinco casos de covid-19. A equipa esteve a ganhar, mas depois notou-se fadiga, e quando vais ver quais os jogadores que tens, se calhar não têm as características necessárias. Depois o Arouca teve casos de covid-19 e adiámos o jogo, o que fez com o que Estoril jogasse de quatro em quatro dias. Isto depois do nosso ciclo de covid-19 e da saída de jogadores como o Chiquinho, por exemplo. Não é coincidência que o Estoril tenha vencido o último jogo. Foi a primeira vez que conseguimos dar duas folgas em muito tempo e ter uma semana mais normal. »

[sobre o 5x4x1 a defender] «O Sporting projeta muitos jogadores nos corredores laterais. Isso pode condicionar a altura do extremo ao lateral contrário, e com uma linha de cinco é mais fácil controlar isso. Não é regra ter essa linha de cinco. Depende das dinâmicas do adversário. Por vezes integramos um médio na linha defensiva. 0 golo surge num lance mais infeliz nosso, mas quanto mais a qualidade, mais eficazes são, e o Sporting tem excelentes intérpretes.»