A FIGURA: António Silva

A capacidade goleadora não é o fator que define a qualidade de um defesa-central, mas ele tiver isso no ADN qualquer equipa atravessa. Neste domingo, António Silva tornou-se no primeiro central das águias a bisar num jogo desde Garay há nove anos. Assinou o 2-0 com uma execução primorosa de calcanhar e pouco depois fez o terceiro das águias na Amoreira. Pelo meio desses dois golos ainda deu o corpo ao manifesto negando o golo que recolocaria os estorilistas na luta pelo resultado. Aos 19 anos (acabadinhos de fazer) é cada vez mais uma certeza neste novo Benfica de Roger Schmidt. Esta foi mais uma declaração de intenções a escassos dias do anúncio dos convocados de Fernando Santos para o Mundial do Qatar.

 

O MOMENTO: Musa indica o caminho. MINUTO25

Depois de um arranque mais autoritário da parte do Benfica, o Estoril equilibrou o jogo e pôs em sentido o líder da Liga. Na fase em que o jogo estava mais equilibrado, as águias chegaram ao golo por Petar Musa, quem rendeu no onze o lesionado Gonçalo Ramos. A partir daí, voraz como é, a equipa de Roger Schmidt carregou ainda mais sobre o Estoril e arrancou para uma vitória natural.

 

OUTROS DESTAQUES

Erison: com um toque subtil, isolou Rodrigo Martins numa jogada que, não fosse Vlachodimos, permitiria ao Estoril inaugurar o marcador e já depois do 2-0 das águias esteve muito perto de marcar num desvio de cabeça ao segundo poste. Tem instinto goleador, capacidade física para tornar a vida dos centrais adversários num pesadelo e parece ser uma questão de tempo até atingir outros patamares competitivos.

Musa: rendeu o lesionado Gonçalo Ramos no onze e mostrou que Roger Schmidt e os benfiquistas podem ficar descansados. Marcou pelo terceiro jogo consecutivo – boa execução de cabeça – e contribuiu muito para ligar a equipa na frente. Defensivamente, ainda negou o golo a Erison, aliviando contra a barra… para não ceder canto?! Ponta de lança completíssimo – baixou várias vezes para ocupar o espaço entrelinhas que Rafa tanto procura – e com recursos técnicos assinaláveis, como foi possível ver (também mas não só) na jogada em que atirou ao poste esquerdo pouco antes da hora de jogo. Saiu aos 64 minutos e foi muito aplaudido.

João Mário: continuou a ser o João Mário de 2022/23. Clarividência, boa gestão do ritmo do jogo e visão de jogo exímia, como provaram os vários passes-chave que fez no último terço. Está atravessar indiscutivelmente uma das melhores fases da carreira, tendo descoberto, aos 29 anos, uma faceta goleadora que até agora lhe era desconhecida. Fez o 4-0 numa desmarcação à ponta de lança. E vão nove remates certeiros na presente temporada.

Grimaldo: com João Mário à direita, o jogo do Benfica não passou muito pelo corredor canhoto nos 45 minutos iniciais, mas o lateral esteve lá sempre pronto para desequilibrar e fê-lo ao servir de forma exemplar Musa para o 1-0. Mais um jogo muito consistente do espanhol.