Sérgio Conceição deu uma entrevista ao site da UEFA em que recordou uma palestra especial, num jogo com o Benfica, em que até lhe perguntaram se tinha tomado calmantes.

«Eu sou uma pessoa extremamente emotiva e aquilo que sou na minha vida passo-o para o futebol. Acho que não podemos nunca dissociar o homem do treinador», começou por dizer o treinador do FC Porto, recordando então esse «momento marcante» em que a emoção não transpareceu.

«Foi quando defrontámos fora o Benfica há dois anos e vencemos com um golo aos 90 minutos. Foi uma palestra diferente do que eu estava habituado a fazer. Lembro-me de passar a mensagem que queria passar aos jogadores, mas de uma forma muito mais calma do que o habitual. Os meus adjuntos até me perguntaram se eu tinha tomado algum calmante», disse Sérgio Conceição, que revelou que ele próprio estranhou: «Cheguei a pensar: ‘não é normal estares tão calmo numa palestra antes de um jogo’.»

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Questionado sobre o segredo para conseguir lidar com os diferentes egos, o técnico afirmou: «Aquilo que eu faço é tratar todos os jogadores de forma igual e eles sabem que têm diante de si um homem genuíno, que faz as coisas a pensar que é o mais justo e o mais correto para o grupo.»

«Não é fácil, até porque as coisas mudaram muito nos últimos anos. Os jogadores têm mais pessoas a acompanhá-los. Têm a sua família, os seus empresários e depois também há esta nova moda das redes sociais. Por vezes é complicado gerir esse tipo de situações. Já disse várias vezes que o mais difícil é manter 25 jogadores motivados e concentrados para que quando sejam chamados respondam à altura», disse ainda Sérgio Conceição, acrescentando: «Penso que temos feito um bom trabalho nesse sentido.»

O técnico disse que sempre teve «uma paixão enorme pelo jogo». «Enquanto jogador, sempre fui muito cumpridor daquilo que me era pedido dentro de campo. Lembro-me de encaixar como uma luva no futebol italiano precisamente por isso, por seguir à risca o que o treinador me pedia, apesar de por vezes eu não gostar muito.»

Sérgio Conceição falou ainda sobre a importância da experiência enquanto jogador quando mais se tarde se faz a transição para treinador. «Hoje em dia parece que está na moda ser treinador. É importante a experiência de balneário, a capacidade de olhar para os jogadores e captar alguns sinais mesmo quando eles não o exprimem por palavras», disse, mas apontou:

«Hoje em dia o papel de um treinador evoluiu de tal maneira que é impossível apenas agarrar-se nessa experiência enquanto jogador. É preciso estudar muito e perceber que ser treinador é muito mais do que meramente organizar uma unidade de treino», frisou.

Questionado sobre como é jogar em ambientes como o de Ibrox, onde o FC Porto joga esta quinta-feira frente ao Rangers, ou o estádio do Feyenoord, o técnico afirmou: «É fantástico. É o tipo de pressão que toda a gente gosta de ter.»

«Eu adoro quando entro em estádios que estão cheios de adeptos que vibram com os jogos e que sentem paixão por aquilo a que estão a assistir. Adoro esses ambientes e é algo a que sempre fui habituado enquanto jogador do FC Porto. Eu acho que quem não tiver capacidade para jogar nesse tipo de estádios e com essa pressão inerente não pode ser jogador profissional de alto nível», apontou Sérgio Conceição.