O FC Porto empatou na Amoreira, em Alvalade e na Luz. Desta forma, prolongou um ciclo de oitos sem jogos sem vencer abaixo de Coimbra. A equipa de Julen Lopetegui promete lutar pelo título da Liga até final e, para isso, terá de acumular pontos longe da cidade Invicta.

Os dragões visitam Vitória de Setúbal e Belenenses nas derradeiras jornadas da competição. O Estádio do Restelo não traz boas recordações a alguns jogadores do plantel ( empate na última temporada) mas o Estádio do Bonfim, que surge no horizonte portista, tem sido um verdadeiro oásis no árido deserto de resultados positivos a Sul do Mondego.

Foi em Setúbal, por exemplo, que o FC Porto garantiu a última vitória para baixo de Coimbra. Estávamos em agosto de 2013, no arranque de uma época sob o comando técnico de Paulo Fonseca.

Esse triunfo (1-3) foi o 14º consecutivo no Bonfim para o campeonato. Um registo impressionante e sem paralelo nos outros recintos da Liga. Os adeptos do dragão habituaram-se a um Porto seguro em Setúbal, com vitórias atrás de vitórias desde 1998.

Como termo de comparação, bastaria salientar que o segundo melhor registo portista, fora de casa, são cinco triunfos consecutivos em Braga. Uma diferença considerável. Penafiel e Paços de Ferreira surgem mais atrás.

Eis os ciclos do FC Porto como visitante na Liga:

Estádio do Bonfim, V. Setúbal: 14 vitórias consecutivas
Estádio Municipal de Braga, Sp. Braga: 5
Estádio 25 de abril, FC Penafiel: 4
Estádio da Capital do Móvel, FC Paços de Ferreira: 3
Estádio do Rio Ave FC, Rio Ave: 2
Estádio Comendador Joaquim de Almeida Freitas, Moreirense: 2
Estádio Municipal de Arouca, FC Arouca: 2
Estádio Cidade de Barcelos, Gil Vicente: 2
Estádio do Bessa, Boavista: 1
Estádio Cidade de Coimbra, Académica: 1

A memória distante do último percalço em Setúbal

O FC Porto pode apoiar-se neste registo histórico para encarar a visita a Setúbal com confiança. São números arrasadores, com 14 vitórias e 40 golos marcados contra apenas 8 do V. Setúbal.

A história feliz para os dragões começou em 1998, um ano depois do último percalço no Estádio do Bonfim. Na 6ª jornada da Liga, a 6 de outubro de 1997, o Vitória travou o futuro tetracampeão com um empate a um golo.

Jorge Amaral bateu Rui Correia após bom trabalho de Carlos Manuel na meia esquerda, no reatamento da partida. Mário Jardel fixou o resultado final.

«Lembro-me bem desde jogo. Fiz a jogada, cruzei para a área e surgiu o Amaral do outro lado a marcar. Curiosamente, também me lembro de um empate nas Antas, no ano anterior, um 2-2 com bis de Chiquinho Conde», atira Carlos Manuel.

Eis os onzes das duas equipas:

V. Setúbal: Nuno Santos; Figueiredo, Quim, Mário Loja e Rui Carlos; Mamede e Hélio; Jorge Amaral (Ricardo Silva, 77m), Toñito e Carlos Manuel (Frechaut, 61m); Kasumov (Stosic, 77m).

FC Porto: Rui Correia; Neves, João Manuel Pinto, Aloísio e Kenedy (Drulovic, 51m); Sérgio Conceição, Barroso, Paulinho Santos e Folha (Capucho, 35m); Artur (Rui Barros, 51m) e Mário Jardel. 



O médio rumou ao clube portista na época seguinte e esteve na conquista do Pentacampeonato. Atualmente  trabalha na Câmara Municipal de Sesimbra.

Carlos Manuel formou-se no V. Setúbal e não encontra uma justificação lógica para o ciclo de vitórias do FC Porto no Bonfim.

«Sinceramente, creio que é apenas grande coincidência, um dado estatístico. Penso que esses números podem sempre pesar e mexer com os jogadores do Vitória, mas apenas isso», atira.

«No Bonfim o FC Porto tem mais apoio»

Os dragões têm um número considerável de adeptos em Setúbal e esse apoio pode exercer a sua influência. «Esse facto é curioso, no Bonfim o FC Porto tem mais apoio que nos outros estádios a sul, é verdade.»

«De resto, na cidade há quem diga que o Vitória facilita com o FC Porto, por ser um clube amigo, mas isso é conversa de café, não faz sentido.»

Carlos Manuel, um portista formado no Vitória, estará naturalmente dividido. «Fui criado em Setúbal, onde cresci como jogador e como homem. Queria uma vitória para cada um, mas após o empate na Luz acho que é muito difícil o FC Porto chegar ao título. Por isso, e como o Vitória precisa mais de pontos para se salvar, estarei a pender para eles», remata, em conversa com o Maisfutebol.